O país comemora, nesta terça-feira (20/11/2012), o Dia Nacional da Consciência Negra. Diante de dados apresentados recentemente sobre o assunto, a deputada estadual Graça Pimenta (PR) busca chamar a atenção da população sobre a necessidade de maiores discussões a respeito deste tema.
“Somos todos iguais perante o Criador e as Leis. Nenhuma pessoa pode ser discriminada por conta da cor de sua pele. O que vale mesmo é o caráter do indivíduo. Desde que represente uma ameaça ao convívio social, é a conduta que deve ser julgada. Seria muito bom se todas as famílias tocassem nesse assunto com as novas gerações para que possamos ter uma sociedade em que haja a igualdade racial. As questões sociais chamam a atenção de muitos jovens, que se engajam em defesa dos temas que mais lhes interessam”, enfatiza a parlamentar.
Segundo Graça Pimenta, a celebração desta data comemorativa é uma forma de manter viva a memória de Zumbi dos Palmares, morto em 1695. Líder negro, ele lutou contra o sistema escravista que imperava no Brasil Colônia e defendeu a manutenção da cultura de sua raça. As barbaridades que vitimaram os negros tiveram uma maior força até 1888, quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, abolindo a escravidão do Brasil.
“É lamentável chegarmos ao século XXI e vermos que o preconceito racial ainda existe em nosso convívio. O que vemos é uma discriminação silenciosa, onde os negros continuam sendo alvo de uma sociedade incapaz de reconhecer o grande valor histórico que a população negra tem na construção de nosso país. A negritude tem marca forte em diversos aspectos da nossa cultura, a exemplo da culinária”, acrescenta Graça Pimenta.
Assim como Zumbi dos Palmares, muito negros lutaram contra todo tipo de opressão social e foram conquistando espaço na sociedade, tornando-se destaque nas áreas em que escolheram para dedicar suas vidas. Conforme pesquisa realizada em 2011 pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgada por um jornal de circulação estadual nesta terça-feira, as diferenças nas condições de trabalho vividas por negros e não negros ainda são grandes. O rendimento médio por hora dos trabalhadores de cor negra, que é de R$ 6,28, representa apenas 61% do valor dos não negros, que é R$ 10,30.
Dados apontam ainda que cerca de 50% da população do Brasil é negra e que Salvador tem 80% de habitantes negros. Das dez cidades com maior número de pessoas negras no país, oito estão na Bahia. De acordo com matéria publicada em outro jornal de circulação estadual, o município de Antônio Cardoso é o único no Brasil com mais da metade da população negra declarada, em torno de 50%.
Graça Pimenta afirma ainda que o preconceito contra a população negra deve ser encarado de frente e não relegado ao silêncio. “A parceria entre sociedade e os poderes públicos é essencial na construção de uma forma de pensar antidiscriminatória, que permita a todos as mesmas oportunidades na vida. Todo evento que aborde o preconceito racial é sempre muito bem vindo. O assunto precisa ser discutido por todos para que possamos diminuir as diferenças no dia a dia. Cada avanço, por menor que seja, é sempre muito válido”, finaliza.
Pela manhã, o Dia Nacional da Consciência Negra repercutiu na reunião da Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia Legislativa (AL), da qual a deputada Graça Pimenta é vice-presidente. Durante o encontro aconteceu uma audiência pública que discutiu a saúde dos negros e a anemia falciforme, doença genética predominante em negros.
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