Mutirão de Biópsia Hepática acaba com fila de espera

“A Bahia foi o primeiro estado brasileiro a montar uma estratégia voltada para diminuir a extensa fila de espera para a realização de biópsia hepática na rede de hospitais públicos”. A afirmação é do médico Raymundo Paraná, chefe do Serviço de Gastro-Hepatologia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes) e coordenador do Mutirão de Biopsias Hepáticas da Bahia que, em um ano e meio, avaliou mais de 1,2 mil pacientes, dos quais, 700 passaram pelo procedimento.

Hoje, a fila de espera para a realização de biópsia é de apenas uma semana, muito diferente do que ocorria antes da realização do mutirão, quando o tempo de espera passava de um ano para outro. De acordo com Paraná, o número de pacientes se mantém estável. “Isso significa que temos um fator multiplicador na oferta de acesso dos pacientes da rede SUS nos raros Serviços de Hepatologia do estado, permitindo maior rapidez e agilidade no manejo das doenças hepáticas na Bahia”, afirmou o médico.

O Mutirão de Biópsia Hepática da Bahia é hoje considerado pela Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) uma opção a ser implantada em outros estados da federação. “É sem dúvida um exemplo de engenhosa articulação entre todos aqueles que buscam a melhoria do Sistema Único de Saúde”, complementou o médico que também é presidente da SBH.

Pacientes aguardavam até um ano e meio

Até 2007, a Bahia tinha em lista de espera de biopsia hepática um período médio de 1,5 anos. Praticamente só o Hupes atendia a esta demanda, com pequena participação de outros centros públicos de saúde. A partir de 2007, criou-se na Bahia um inédito programa de Mutirão de Biopsias Hepáticas, com o objetivo de atender rapidamente a longa lista de espera do procedimento no SUS, inicialmente em um período de seis meses, mas, o sucesso obtido foi tão grande que o programa foi prorrogado.

Para a realização do mutirão foi montado um projeto tripartite, reunindo o Ministério da Saúde, Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) e o Hospital Universitário Edgard Santos. Na divisão desse trabalho, o Ministério da Saúde, por intermédio do Programa Nacional de Hepatites Virais, cedeu as agulhas para a realização dos procedimentos, e disponibilizou o Centro de Pesquisa Gonçalo Muniz (Fiocruz-Ba) para a leitura das laminas.

A Sesab disponibilizou pessoal treinado para realizar os procedimentos durante os finais de semana. O Hupes, por sua vez, disponibilizou os seus leitos de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Ginecologia, que estão habitualmente ociosos no final de semana, para que os pacientes fossem internados aos sábados e realizassem as suas biopsias.

Biópsia hepática – A biopsia hepática é um procedimento realizado com uma agulha que atravessa o arco costal direito, para a retirada de um pequeno fragmento do fígado. Este procedimento é relativamente simples, mas exige experiência e treinamento por parte do profissional que o realiza. Uma vez colhido o fragmento, o mesmo é processado, cortado, colocado sobre lâminas e corado para a avaliação do patologista. Esta avaliação permitirá saber a causa da doença do fígado, a sua intensidade e o seu prognóstico.

Raimundo Paraná explica que, apesar dos recentes avanços da medicina na área da hepatologia, a biopsia hepática ainda é considerada o padrão ouro para definir a maioria das doenças hepáticas, não só no seu diagnóstico como no prognóstico. “O procedimento é de fundamental importância para definir a indicação terapêutica em doenças como hepatites B, C, D, auto-imune e outras doenças do fígado”, alerta o especialista.

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