Fazendas experimentais: Um espaço essencial para a pesquisa, ensino e extensão na UFBA

Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia é a unidade que mais faz uso das fazendas, desenvolvendo ali atividades de pesquisa nas áreas de agricultura, pecuária, apicultura e atendimentos animais de grande porte.
Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia é a unidade que mais faz uso das fazendas, desenvolvendo ali atividades de pesquisa nas áreas de agricultura, pecuária, apicultura e atendimentos animais de grande porte.

Três fazendas localizadas em municípios próximos à capital baiana ampliam em 530 hectares – ou 5.300.000 metros quadrados, o equivalente a aproximadamente 640 campos de futebol – o espaço disponível para atividades experimentais de pesquisa, ensino e extensão da UFBA, sendo, portanto, essenciais às atividades desenvolvidas por diversas unidades, a exemplo das escolas de Medicina Veterinária e Zootecnia (EMVZ) e Politécnica e dos institutos de Saúde Coletiva (ISC), Geociências (Igeo), e Biologia (Ibio).

Nelas, funcionam laboratórios de diversas culturas animais, um hospital de animais de grande porte – que está entre os três mais que mais atendem no país – e sistemas de produção de leite e carne. Os 200 hectares de mata atlântica preservada são um importante espaço de exercício do reconhecimento de espécies vegetais e entendimento sobre ecologia. E o amplo terreno é também espaço de práticas agroecológicas e de técnicas de engenharia de agrimensura e cartografia.

Trata-se, portanto, de um espaço absolutamente essencial a dezenas de cursos e outras atividades, do qual a UFBA não tem qualquer intenção de abrir mão, total ou parcialmente, por entender ser esse um importante patrimônio de sua comunidade. As fazendas experimentais da UFBA serão visitadas na próxima terça-feira, 17 de maio, por uma comissão do Serviço de Patrimônio da União (SPU), que as encontrará em pleno funcionamento.

A Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, pela afinidade temática, é certamente a unidade que mais faz uso das fazendas, desenvolvendo ali atividades de pesquisa, ensino e extensão nas áreas de agricultura, pecuária, apicultura e atendimentos animais de grande porte. Além de promover o uso social da terra, agregando valor às práticas do campo, as fazendas contribuem para o atendimento das leis que regem as profissões de médico veterinário e zootecnista, respectivamente as leis Nº 5517/68 e 5550/68. As fazendas também permitem a validação das diretrizes curriculares nacionais dos cursos da EMVZ, contribuindo para uma formação acadêmica e profissional em diferentes sistemas de produção animal e vegetal.

“Todas as fazendas são unidades com forte atividade de cursos de capacitação regional, em que se realizam dias de campo e eventos diversos, beneficiando alunos, profissionais e produtores rurais”, comenta o diretor da EMVZ, Rodrigo Bittencourt. Recentemente, ele conta, foi assinado um termo de cooperação técnica com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), que promoverá incremento dos sistemas produtivos e das atividades voltadas à capacitação técnica e de produtores.

As fazendas

A Fazenda Experimental de Entre Rios é a maior das três, com 360 hectares. A seguir, em metragem, vêm a Fazenda Experimental de São Gonçalo dos Campos, com 120 hectares, e o Centro de Desenvolvimento da Pecuária (CDP), localizado em Oliveira dos Campinhos, distrito de Santo Amaro, com 50 hectares.

A Fazenda Experimental de Entre Rios (veja galeria de imagens) é espaço de aula de mais de 35 disciplinas da graduação e pós-graduações, com sistemas consolidados de produção nas diferentes culturas animais, e amplo laboratório para pesquisas, que envolvem diferentes sistemas produtivos. Trata-se, portanto, de um espaço essencial à formação de estudantes de diferentes cursos. O local também preserva cerca de 200 hectares de reserva de floresta da Mata Atlântica. São, segundo estudo, 192 espécies, distribuídas em 139 gêneros e 59 famílias.

O Centro de Desenvolvimento da Agropecuária dá suporte à pecuária regional e atua também como hospital de animais de grande porte, com atendimento 24h. “Está entre os três do Brasil em número de casos atendidos por ano”, informa Bittencourt.

A fazenda Experimental de São Gonçalo dos Campos (veja galeria de imagens) abriga sistemas de produção de leite (bovinos) e carne (ovina) e aulas de diferentes disciplinas. “É uma fazenda com grande aptidão para pesquisa. São centenas de teses defendidas e artigos publicados oriundos de trabalhos desenvolvidos lá”, declara. Em ambas as estruturas existem complexos laboratoriais. Atualmente, R$ 3 milhões estão sendo investidos na expansão desses laboratórios.

“Depois que recebemos as cessões de uso das fazendas experimentais, os nossos cursos tomaram outra dimensão, quando se trata de excelência na formação acadêmica/profissional nas diferentes áreas de ensino da medicina veterinária e zootecnia. Passamos a contemplar com amplitude e qualidade as diretrizes curriculares nacionais do MEC, que exigem uma formação generalista dos médicos-veterinários, atuando na clínica e cirurgia de pequenos animais, mas também de grandes animais, e, neste sentido, proporcionou-se o desenvolvimento de um hospital 24h voltado ao atendimento dos grandes animais, tornando-se referência nacional e internacional”, observa Bittencourt.

Em terra universitária se cultiva… pesquisa

Além de unidades de aula prática para graduação em diferentes cursos, as fazendas atendem demandas de três programas de pós-graduação da EMVZ: Ciência Animal nos Trópicos, Zootecnia e Residência em Medicina Veterinária. Nos locais, são desenvolvidas pesquisas com produção animal em seis culturas animais: criação de gado (bovinocultura), de búfalos (bubalinocultura), de aves (avicultura), de abelhas (apicultura), cabras (caprinocultura) e equinos (equideocultura).

Destacam-se também pesquisas relacionadas à produção de leite e carne em bovinos, caprinos e ovinos, culturas vegetais (milho, sorgo, milheto, forragens e outros), leite de jumentos para pessoas com intolerância, nutrição animal, clínica de ruminantes, clínica de equídeos, e pesquisas com biotecnologias reprodutivas como inseminação artificial: inseminação artificial em tempo fixo e criopreservação de sêmen, ambas em diferentes espécies animais. “Estas pesquisas proporcionaram que diversos pesquisadores da EMVZ se destaquem internacionalmente”, comenta o diretor Rodrigo Bittencourt.

Recentemente, a Superintendência de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sumai) fez a pintura e revisão da parte elétrica. “Na Fazenda de São Gonçalo, através de convênio com a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), estamos construindo novos laboratórios”, comenta Fabio Velame, superintende de Meio Ambiente e Infraestrutura.

Cartografia e Meio Ambiente

Mas não é apenas a Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia que utiliza as fazendas. Outras unidades da Universidade fazem uso das instalações, a exemplo do Instituto de Saúde Coletiva (ISC), Instituto de Geociência (IGEO), Instituto de Biologia (IBIO) e Escola Politécnica.

“Usamos os espaços das Fazendas da UFBA como ambiente de ensino, pesquisa e extensão na área da Engenharia de Agrimensura e Cartográfica”, explica o professor Artur Brandão, da Escola Politécnica.

O professor conta que, “pelo menos uma vez por semestre, são realizadas aulas práticas de campo de várias disciplinas do curso (topografia, geodésia, cadastro territorial, fotogrametria com drone, entre outras), normalmente na Fazenda UFBA de Entre Rios, com os estudantes executando coleta de dados usando equipamentos como teodolitos, estação total topográfica, nível topográfico, receptores GNSS/GPS, drone”. Em São Gonçalo dos Campos, há também um projeto para implantação de uma base de calibração para equipamentos eletrônicos de medida de distância, entre outras atividades.

O diretor do Instituto de Biologia, Franscico Kelmo, entende que as fazendas são um importante espaço para desenvolvimento de aulas práticas, essenciais à formação do biólogo. “Os professores que trabalham com a flora utilizam esses espaços para aulas de campo. Assim, os estudantes aprendem a reconhecer os diferentes tipos de vegetação, a identificar as diferentes plantas, além de entender a ecologia e como as plantas se desenvolvem nesse ambiente”, explica.

“Temos também o Projeto da Feira Agroecológica, em que são desenvolvidas disciplinas de Agroecologia. A ACCS (Ação Curricular em Comunidade e em Sociedade) da Feira se beneficia dessas áreas das fazendas” e, consequentemente, os estudantes, que aprendem “técnicas agroecológicas e de produção de alimentos livres de adubos químicos”, afirma o diretor.

Com a valorização do acesso à terra para produzir conhecimento, outras universidades também encontram no espaço da UFBA um importante polo do saber. Um levantamento florístico realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Feira de Santana, Universidade Estadual de Santa Cruz e UFBA encontrou, na área preservada da fazenda de Entre Rios, duas espécies novas de plantas, uma espécie rara, quatro espécies com distribuição restrita para essa região e duas citadas como vulneráveis. Descobertas que apenas reforçam a riqueza do local e a necessidade de sua preservação.

*Com informações da Edgardigital, da UFBA.

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