Série documental ‘ELAS.LAB’ incentiva jovens garotas a descobrirem a ciência como profissão

Cartaz anuncia série documental 'ELAS.LAB'.
Cartaz anuncia série documental 'ELAS.LAB'.

“Eu sei que sou cientista desde pequena. Eu queria microscópio, kit de química. […] Eu não queria ser assistencial, queria desvendar o que está no meu entorno, na célula. Resolvi fazer biologia, e me encontrei. Sou bióloga por vocação!”, conta Luciana Maria Silva, chefe do serviço de biologia celular da Funed e responsável por um exame genético para prognóstico precoce de câncer de ovário, no primeiro episódio da série documental ELAS.LAB, cuja primeira temporada estará disponível para acesso gratuito no Youtube a partir de 23 de fevereiro de 2022, com novos episódios nas quartas-feiras seguintes.

Nada poderia ser mais revelador do que o depoimento de Luciana, que ao lado da farmacêutica e diretora da Fiocruz da Bahia, referência no estudo da doença falciforme no país, Marilda de Souza Gonçalves, e da engenheira Fernanda Palhano, responsável pelo primeiro estudo sobre ayahuasca de depressão do mundo, protagonizam três episódios da primeira temporada da série, que conta com a direção de Helena Bertho e Pétala Lopes.

“Queríamos mostrar toda a potência destas cientistas, como suas pesquisas são inovadoras e relevantes. Não são documentários sobre os desafios de ser mulher na ciência, mas sim sobre a potência das cientistas mulheres, apesar de todos os desafios”, explica Helena.

Ao destacar as trajetórias, os trabalhos e a importância de cada uma dessas mulheres, o ELAS.LAB tem a intenção de mostrar jovens meninas como a ciência é um caminho profissional possível. “Os documentários foram pensados não para focar os desafios de ser mulher na ciência ou os preconceitos enfrentados, mas sim para mostrar os trabalhos que têm sido feitos, apesar disso tudo. A primeira temporada foi feita com foco na área da saúde e queremos ainda tratar de outros campos científicos em futuras temporadas”.

Os filmes estarão disponíveis gratuitamente online e a Revista AzMina incentiva que professores e escolas organizem sessões para apresentar o trabalho aos alunos e puxar o debate sobre a ciência como carreira com as meninas.

Acompanhamos cada uma dessas cientistas em seu ambiente de trabalho, e em seus depoimentos ressaltam a importância de suas pesquisas para a sociedade. Marilda, por exemplo, é a primeira mulher diretora do instituto e não médica e também a primeira negra. “A pessoa em que me transformei é reflexo do trabalho que desenvolvi ao longo dos anos. Eu tenho um cuidado muito especial com a pessoa, o ser humano. E isso me ajudou: o que desenvolvo no laboratório, com os pacientes, com as famílias, e eu levei para a gestão do Instituto. Eu acho que as pessoas hoje que estão no poder têm que ser humanas. Por que estar no poder afeta a vida das pessoas diretamente”, explica num depoimento emocionado no episódio final de ELAS.LAB.

Mostrando as cientistas em seu ambiente de trabalho, os documentários destacam também como elas são importantes para a sociedade, e como seus trabalhos são fruto de esforço e dedicação, num país onde a ciência tem sido desvalorizada nos últimos anos. Segundo Helena, “ao falar especificamente da questão de gênero, mulheres não são incentivadas a seguir carreiras na ciência e, quando o fazem, sofrem machismo, racismo e apagamento do seu trabalho.”

Assim, o ELAS.LAB é não apenas um registro do trabalho desse trio de cientistas, mas, também, um convite às jovens das mais diversas faixas etárias e sociais a pensar na possibilidade de se tornar uma cientista. A primeira temporada tem como foco a área de saúde, com mulheres com trabalhos relevantes e inovadores na área, e que são referência no que fazem. Além disso, os filmes também mostram a diversidade do Brasil, ao sair do eixo Rio-São Paulo.

No primeiro deles, o foco está no trabalho da bióloga Luciana, de Belo Horizonte, cuja pesquisa está centrada no câncer de ovário. Para ela, é preciso olhar para o humano, mesmo trabalhando com a pesquisa, ou “na bancada”, como ela ressalta, é preciso lembrar que aquela parte, aquele material veio de alguém, resultando num tratamento mais personalizado a partir de um perfil particularizado.

Fernanda é de Natal, e é pesquisadora do Instituto do Cérebro da UFRN. No terceiro episódio, ela fala sobre seu trabalho na pesquisa do uso da Ayahuasca no tratamento da depressão. Ela também ressalta a importância dessa investigação, que foi a primeira no mundo a usar drogas psicodélicas.

Helena e Pétala sabiam, ao fazer os filmes, que era preciso encontrar uma forma acessível de abordar a ciência, que, afinal perpassa a vida de todos nós, mas a linguagem científica costuma ser mais complexa. “Durante as entrevistas, foi um cuidado que tivemos de sempre pedir para as entrevistadas que explicassem seus trabalhos da maneira mais simples e clara possível. Além disso, usamos o recurso das animações para ajudar a explicar as pesquisas de maneira didática”, explica a diretora.

As diretoras ainda deixam a promessa de que trarão, nas próximas temporadas, de outros campos científicos, mostrando, assim, um leque de possibilidades e inspirações para jovens considerar o campo da ciência como algo viável para seus futuros profissionais.

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