Laudato Si: sobre o cuidado da casa comum; Proposta para renovação dos valores – Parte II | Por Ângelo Augusto

O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no dia 5 de junho, foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), e tem como objetivo principal chamar a atenção de todas as esferas da população para os problemas ambientais e para a importância da preservação dos recursos naturais, que até então eram considerados, por muitos, inesgotáveis.
O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no dia 5 de junho, foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), e tem como objetivo principal chamar a atenção de todas as esferas da população para os problemas ambientais e para a importância da preservação dos recursos naturais, que até então eram considerados, por muitos, inesgotáveis.

A primeira parte dessa produção textual destaca a conjugação do princípio da liberdade com o princípio da justiça, em um sistema econômico desumano que conduz a desigualdade e insegurança, relaciona a perda de identidade e ao não pertencimento (Bauman, 2001). Propõe como saída a mudanças de valores que permitirá o convívio melhor entre os seres humanos. Nessa visão comunal, agora, partindo do planeta terra como a habitação de todos os seres vivos, legando o sentimento de pertencimento, de identificação, no sentido do cuidado dessa casa comum de todos, o Laudato Si, traz para debate a sustentabilidade do planeta (ALVES, 2015; SUESS, 2019).

Vivemos em um planeta que habita diferentes organismos na sua biosfera, e que oferece todos os recursos necessários para sustentabilidade da “vida”. Na modernidade, seguindo o rito do humanismo, antropocentrismo, o domínio da técnica, cientificismo, engendrou o movimento humano no sentido de controlar a natureza. Como consequência disso, ocorreu a revolução industrial e das ciências médicas, as quais permitiram a explosão demográfica populacional, junto com as suas necessidades. O resultado de tudo isso, somado aos valores do sistema econômico hegemônico, é um movimento predatório dos recursos finitos do planeta, trazendo como consequência a destruição da fauna, flora e o aquecimento global (MENDONÇA, 2003). Além de todo o desastre ecológico que está sendo observado, percebe-se o aumento da desigualdade social, a qual conduz a própria espécie humana a condições de extrema dificuldade para sobrevivência como, por exemplo, a fome e a propagação de doenças por más condições sanitárias.

Nas últimas décadas, o planeta tem demonstrado diversos sinais e sintomas, aos quais na semiótica embaçada, turva, de etiologia consumista e individualista, não permite a visualização do grande mal que estão sendo causado para a sustentabilidade de todas as formas de vida existentes: Destruição das florestas para o consumo de madeiras e plantio agrícolas; degradação e poluição dos rios; emissão de monóxido de carbono e outros gases tóxicos; dejetos nucleares; riscos de guerra; pesca predatória; esse e entre outros diversos signos vêm demonstrando o futuro insustentável para todos, com riscos de esmagamento da biosfera e destruição de todo o planeta[1][2][3].

Portanto, as bases da insustentabilidade econômica vigente, consumismo e o individualismo, que conduz a destruição da vida e do planeta, devem ser, urgentemente, modificadas em atitudes éticas e morais que promovam a sustentabilidade e a justiça. Em uma posição que concilia a sustentabilidade e o princípio da justiça, a “Laudato Si” propõe uma saída, a qual integralize a todos, no sentido de contemplar o planeta e a vida, nas suas diferentes formas (ALVES, 2015; SUESS, 2019). Esse processo de transformação e construção cultural será o legado que poderá se deixar para as gerações vindouras, o qual terá urgência e deverá envolver a todos, tanto a esfera social e política, mirando o futuro sustentável, em uma ética ecológica integral.

*Ângelo Augusto Araújo, MD, MBA, PhD (angeloaugusto@me.com).


Referências

ALVES, José Eustáquio Diniz. A encíclica Laudato Si’: ecologia integral, gênero e ecologia profunda/The Encyclical jLaudato Si’: integral ecology, gender and deep ecology. Horizonte, v. 13, n. 39, p. 1315, 2015.

BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Zahar, 2003

MENDONÇA, Francisco. Aquecimento global e saúde: uma perspectiva geográfica–notas introdutórias. Terra Livre, n. 20, p. 205-221, 2003

SUESS, Paulo. A proposta do Papa Francisco para o Sínodo Pan-amazônico de 2019: sinodalidade, missão, ecologia integral. Perspectiva Teologica, v. 51, n. 1, p. 15-15, 2019.

[1] Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-54102384, acessado em: 31/05/2021

[2] Disponível em: https://fia.com.br/blog/aquecimento-global/, acessado em: 31/05/2021

[3] Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/13/album/1552476582_773089.html, acessado em: 31/05/2021

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Sobre Ângelo Augusto Araújo 54 artigos
Dr. Ângelo Augusto Araujo (e-mail de contato: angeloaugusto@me.com), médico, MBA, PhD, ex-professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), especialista em oftalmologia clínica e cirúrgica, retina e vítreo, Tese de Doutorado feita e não defendida na Lousiana State University, EUA, nos seguintes temas: angiography, fluorescent dyes, microspheres, lipossomes e epidemiologia. Doutor em Saúde Pública: Economia da Saúde (UCES); Doutorando em Bioética pela Universidade do Porto; Master Business Administration (MBA) pela Fundação Getúlio Vargas; graduado em Ciências Econômicas e Filosofia; membro do Research fellow do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Sergipe; membro da Academia Americana de Oftalmologia; da Sociedade Europeia de Retina e Vítreo e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia; e diretor-médico da Clínica de Retina e Vítreo de Sergipe (CLIREVIS), em Aracaju, Sergipe.