Rússia inicia transferência tecnológica para produzir vacina Sputnik V no Brasil; Processo deve ser acelerado devido à pandemia

Contra Covid-19, vacina Russa Sputnik V será produzida no Brasil.
Contra Covid-19, vacina Russa Sputnik V será produzida no Brasil.

Acordo entre o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF) e a farmacêutica União Química pode permitir que a empresa produza no Brasil, ainda este ano, a vacina contra Covid-19 desenvolvida na Rússia. Em entrevista coletiva de imprensa, o diretor executivo do fundo russo, Kirill Dmitriev, destacou que o processo de transferência de tecnologia já começou e, apesar de costumar durar até seis meses, deve ser acelerado devido à pandemia.

A produção da vacina russa também deve ocorrer na Coréia do Sul, na China e na Índia, país em que os lotes também devem começar a ficar prontos neste ano. Sobre a América Latina, Dmitriev afirmou que o Brasil é um parceiro confiável e com um mercado importante e antecipou que novos acordos devem ser anunciados com o Peru e a Argentina. O executivo afirmou que os países devem buscar construir um portfólio próprio com mais de uma opção de vacina e defendeu que a tecnologia utilizada pelos russos esteja entre elas.

A vacina russa contra a covid-19 é chamada de Sputnik V e está em desenvolvimento pelo Instituto de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya. A vacina utiliza a tecnologia de vetor viral, em que outro tipo de vírus é modificado e utilizado para transportar informações genéticas do novo coronavírus. Também funcionam dessa forma as vacinas da AstraZeneca/Oxford, da Johnson & Johnson e da Cansino.

A Sputnik V, entretanto, é a única entre elas a usar dois tipos diferentes de adenovírus humano como vetores virais, um em cada uma das duas doses previstas. As demais vacinas desse tipo utilizam apenas um tipo de adenovírus, humano ou de chimpanzé, para carregar informações genéticas do novo coronavírus e desencadear a resposta imunológica do organismo.

Durante a entrevista coletiva, o pesquisador Denis Logunov explicou que a estratégia de usar dois adenovírus diferentes busca produzir uma imunidade mais duradoura. Logunov também afirmou que os testes clínicos na Rússia não precisaram ser interrompidos até o momento por qualquer ocorrência de efeitos adversos graves, e foram registrados apenas sintomas leves, como febre ou dor no local da aplicação.

Convênio com os os governos da Bahia e Paraná

Segundo reportagem de Asis Moreira, publicada no Jornal Valor, o diretor-presidente do Fundo Soberano da Federação da Rússia, Kirill Dmitriev, disse nesta segunda-feira (19) que a Rússia começou a fazer a transferência de tecnologia para que o laboratório União Química produzir no Brasil a vacina russa contra a covid-19, conhecida como “Sputnik V”.

“Eles estão obtendo todo o material necessário, precisam de um pouco de tempo, mas esperamos (produção) o mais rápido possível”, disse o executivo ao ser indagado pelo Valor.

Segundo ele, o prazo para deflagrar esse tipo de produção pode ser de até seis meses, mas os russos e brasileiros querem ter condições de operar mais rapidamente. Ele exemplificou que em dezembro poderá ser possível manufatura da vacina na Índia.

Em briefing com jornalistas latino-americanos, o executivo disse que a Rússia pediu às autoridades regulatórias no Brasil a autorização para efetuar testes clínicos da vacina no Brasil.

A questão da produção, segundo ele, depende da rapidez com que as autoridades regulatórias respondem à demanda russa.

Dmitriev voltou a defender que os países apostem num portfólio de vacinas e não numa única vacina. Segundo ele, a vacina russa dará imunização de um ano, pelo menos, comparado a apenas três a seis meses por outras vacinas que estão numa fase mais adiantada.

O fundo soberano russo diz já ter recebido encomendas de mais de 1,2 bilhão de doses da vacina para 2020-2021. Os testes clínicos da fase 3 envolvem 16 mil pessoas na Rússia.

A primeira entrega de vacinas para a América Latina ocorrerá em dezembro, segundo o executivo. Em janeiro de 2021, a entrega deverá ser muito maior e mais rápida.

O fundo russo negocia a entrega da vacina também para Argentina, Peru e México. Dmitriev, em entrevistas recentes, assegurou que Moscou tinha condições de fornecer ao Brasil 100 milhões de vacinas para imunizar metade da população num prazo de seis meses.

O fundo russo fez acordos com a Bahia e o Paraná. Com a Bahia, o Fundo Soberano fez acordo para fornecer até 50 milhões de doses da primeira vacina registrada contra o vírus.

*Com informações da Agência Brasil e do Jornal Valor.

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