

Depois de cair por três anos seguidos (2015, 2016 e 2017), os investimentos públicos estaduais em cultura na Bahia voltaram a crescer em 2018, chegando a R$ 173,872 milhões, 4,0% a mais que no ano anterior (R$ 167,235 milhões).
Ainda assim, no ano passado, o estado deixou de ser o segundo que mais gasta com cultura no país (posto que ocupava desde pelo menos 2011), perdendo uma posição para o Distrito Federal e ficando com o terceiro lugar.
Além disso, o valor investido em 2018 (R$ 173,872 milhões) pelo governo na Bahia foi 25,1% menor que em 2014 (R$ 232,272 milhões), quando os investimentos estaduais em cultura haviam atingido seu mais alto patamar, e 11,2% menor que o de 2011 (R$ 195,838 milhões), início da série histórica analisada pelo Sistema de Informações e Indicadores Culturais, do IBGE.
Tanto na comparação com 2014 quanto frente a 2011, a Bahia esteve entre os três estados que mais reduziram, em valores absolutos, os seus gastos no setor cultural. O Rio de Janeiro teve a maior queda absoluta em ambos os confrontos. A Bahia ficou com o segundo maior recuo frente a 2014 e o terceiro frente a 2011, alterando com São Paulo, que, apesar da queda, é o estado com maior gasto em cultura no país em todos os anos.
Em contrapartida, Ceará e Maranhão apresentaram os incrementos mais expressivos nos seus respectivos dispêndios com cultura, em valores absolutos, tanto frente a 2014 quanto a 2011.
Todos os dados são da Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Economia.
Em 2018, também voltaram a crescer na Bahia, de forma ainda tímida, o número de projetos culturais aprovados no programa nacional de incentivo à cultura e o valor nominal captado por eles. Ambos, porém, ainda estão bem abaixo do verificado em 2011.
Segundo informações do Ministério da Cultura, entre 2017 e 2018, o número de projetos culturais baianos aprovados no programa de incentivo à cultura passou de 35 para 37, mas ainda era quase a metade de 2011, quando haviam sido aprovados 68 projetos.
No ano passado, o valor captado pelos projetos baianos foi da ordem de R$ 14,269 milhões, 28,9% acima de 2017 (R$ 11,066 milhões), mas 15,7% abaixo de 2011 (R$ 16,937 milhões)
Os gastos municipais com cultura são os mais expressivos em todo o país. Na Bahia, eles cresceram pelo segundo ano consecutivo em 2018, chegando a seu valor recorde: R$ 361,384 milhões, 12,4% acima do gasto de 2017 (R$ 321,449 milhões) e 72,4% acima do valor de 2011 (R$ 209,668 milhões).
A Bahia tem o quarto maior dispêndio municipal em cultura dentre os estados, abaixo de São Paulo (R$ 1,389 bilhão), Minas Gerais (R$ 531,570 milhões) e Pernambuco (R$ 369,514 milhões).
Cerca de 4 em cada 10 baianos moram em cidades sem museu e teatro; 6 em cada 10 vivem onde não há cinema
Apesar de, no panorama nacional, a Bahia ter volumes significativos de gastos públicos com cultura, tanto em nível estadual quanto municipal, o estado não fica tão bem colocado quando se trata de acesso potencial a equipamentos culturais.
Em 2018, segundo a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC), do IBGE, cerca de 4 em cada 10 baianos moravam em cidades onde não havia nenhum museu (44,0%), quase a mesma proporção dos que viviam em cidades onde não havia nenhum teatro nem casa de espetáculo (43,0%).
O cinema era o equipamento menos presente nos municípios do estado, e quase 6 em cada 10 pessoas moravam em locais onde não havia uma sala de projeção sequer (57,0%).
Por outro lado, as rádios locais AM ou FM e os provedores de Internet eram os equipamentos mais presentes nas cidades do estado, atendendo, respectivamente, quase 8 em cada 10 pessoas (77,1%) e quase 9 em cada 10 baianos (88,4%) – única proporção em que o estado ficava acima da média nacional.
Famílias baianas gastam em média, por mês, R$ 202,95 com cultura, 60% do desse valor pagam TV por assinatura e Internet
Em 2018, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), as famílias baianas gastaram em média por mês R$ 202,95 com produtos e serviços ligados à cultura, o que correspondia a 7,0% da despesa mensal total de consumo (estimada em R$ 2.906,56).
Isso colocava a cultura como o quinto grupo de gastos de consumo mais importante no estado, de um total de 11, ficando atrás de habitação (28,2% das despesas de consumo), alimentação (21,6%), transporte (15,9%) e assistência à saúde (8,7%).
O peso da cultura nos gastos familiares era bem semelhante no país como um todo. Em 2018, o gasto médio mensal das famílias brasileiras com cultura representava 7,5% das despesas de consumo, o que significava uma despesa mensal de R$ 282,86 num total de R$ 3.764,51. Era também o quinto grupo mais importante.
Na comparação com os demais estados, a Bahia tinha a 15ª maior despesa média mensal de consumo, mas apenas a 17ª maior despesa com cultura. Em valores gastos mensalmente com cultura, ficava atrás de todos os estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul, Amapá, Rio Grande do Norte e Sergipe. Perdia ainda para Amazonas e Acre, que, apesar de terem despesas de consumo totais menores do que a baiana, gastavam mais com cultura.
Em percentual da despesa de consumo destinado à cultura (7,0%), a Bahia também ficava na 15ª posição. Dentre os estados nordestinos, estava abaixo da Paraíba (onde a cultura representava 7,8% das despesas de consumo), Rio Grande do Norte (7,2%) e Maranhão (que, no indicador arredondado dedicava também 7,0% à cultura).
As famílias do Distrito Federal eram as que gastavam mais com cultura, tanto em termos absolutos (R$ 608,91) quanto em proporção do total das despesas de consumo (8,7%). Alagoas tinha o menor valor gasto (R$ 119,66), enquanto Piauí tinha o menor percentual das despesas de consumo dedicado à cultura (5,1%).
Dentre os gastos das famílias com cultura, o mais importante (com maior valor e participação no total) eram aqueles com serviço de TV por assinatura e Internet. Eles consumiam mensalmente, em média R$ 115,05 na Bahia, o que representava quase 60% das despesas com cultura no estado (56,7%).
Em seguida vinham os gastos com atividades de cultura, lazer e festas: R$ 27,6 por mês, em média, o que equivalia a 13,6% das despesas culturais realizada pelas famílias baianas. Bem próximo, em terceiro lugar, vinham os gastos com aquisição de eletrodomésticos (R$ 26,43 mensais, 13,0% das despesas com cultura).
No outro extremo, os gastos culturais menos relevantes para as famílias baianas era aqueles com reprodução de material gravado (R$ 0,62 por mês, 0,3% da despesa cultural), com instrumentos e atividade musical (R$ 1,78 ou 0,9% a despesa com cultura) e educação profissional e atividades de ensino (R$ 3,15 ou 1,6%).
A ordem de importância era a mesma no Brasil como um todo.