
“Este é um governo neoliberal e neofascista. Essa visão incomoda o centrão, a direita mais civilizada, a centro-direita. Eles achavam que iriam tutelar o Bolsonaro, que iriam conseguir fazer com que se civilizasse um pouco. E não os constrangesse com as manifestações toscas, não civilizadas, grosseiras que ele faz sistematicamente.”
A avaliação é da ex-presidente Dilma Rousseff, na entrevista exclusiva que concedeu à equipe do UOL, na residência, situada na capital gaúcha. Para ela, como Bolsonaro é útil para a realização de “reformas neoliberais” nos próximos anos, conseguirá –em troca– manter “uma política de desprezo por direitos sociais, humanos e trabalhistas e pelo meio ambiente no país”.
Presidente da República entre 2011 e 2016, Dilma Rousseff teve seu mandato cassado pelo Congresso Nacional. Nascida em 1947, em Belo Horizonte, participou de organizações de resistência contra a ditadura militar, tendo sido torturada e presa. Foi secretária de finanças de Porto Alegre, secretária de Minas, Energia e Comunicações do Rio Grande do Sul, ministra das Minas e Energia e ministra-chefe da Casa Civil. Candidatou-se ao Senado Federal por Minas Gerais no ano passado, mas perdeu a eleição em meio à onda conservadora e antipetista.
Na entrevista, diz que, se tivesse continuado no poder, teria feito uma Reforma da Previdência –mas diferente daquela proposta por Jair Bolsonaro. Explica que não pretende se candidatar em 2020 ou 2022 e que tanto ela quanto Lula estão no processo de “passar o bastão”, evitando citar nomes de novas lideranças do PT que devem sucedê-lo. Afirma que o governo vai tentar “privatizar as universidades federais no Brasil” e que a Educação se tornou a pauta unificadora da ala progressista da sociedade, mais do que as aposentadorias e o mercado de trabalho. E avalia que um novo projeto de esquerda para enfrentar a extrema direita ainda está em construção
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