A desmoralização do Congresso e a pericia nas gravações | Por Luiz Holanda

Vista noturna da fachada do Congresso Nacional.
Vista noturna da fachada do Congresso Nacional.
Vista noturna da fachada do Congresso Nacional.
Vista noturna da fachada do Congresso Nacional.

Depois que o repórter Glenn Greenwald desafiou o Congresso e a própria Justiça recusando-se a disponibilizar as edições supostamente adulteradas para serem periciadas por especialistas no assunto, verifica-se que os vazamentos das supostas conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato sobre o envolvimento de alguns líderes do PT e de outros partidos nos processos de corrupção parece não ter mais fim.

Alguns jornais e revistas, atualmente em dificuldades financeiras ou em processos de mudança de controle acionário, resolveram focar suas reportagens na Lava Jato, criticando as prisões que consideram arbitrárias ou desnecessárias visando anular tudo o que já foi feito até agora.

Um desses periódicos foi vendido a um advogado por R$ 70 milhões, financiados por uma instituição financeira que tinha como sócio um banqueiro preso pela Lava Jato. Esse fato chamou a atenção para a brusca mudança de editorial da revista, que resolveu perseguir o ministro Sérgio Moro e os procuradores em todas as suas edições semanais.

No centro de tudo está a liberdade de Lula, que sempre se apresenta como “um homem do povo”. Daí a necessidade de se criar situações embaraçosas visando libertá-lo. Para tanto, a ética não existe. Recentemente, o jornal O Estado de São Paulo publicou uma reportagem dizendo que versões adulteradas de conversas entre Moro e os procuradores começaram a circular no WhatsApp.

Já o jornal inimigo, publicou que um dos procuradores ganhava explorando a Lava Jato. Na mesma reportagem em que isso é afirmado pode-se ver que o citado procurador, na verdade, doava o dinheiro recebido com as conferências feitas às instituições contrárias à corrupção. Outras adulterações foram publicadas no Facebook e teve milhares de compartilhamentos.

Mesmo com os ataques a Moro e às instituições, esse pessoal não conseguiu libertar Lula. Depois que Moro determinou o bloqueio do dinheiro do petista, ficou-se sabendo que ele é um homem rico. Em outras palavras, Lula surgiu da Lava Jato como uma pessoa de posses. Sua condenação deu-se por ser proprietário oculto de um apartamento no Guarujá e por ter recebido propinas no valor de R$ 12 milhões. Lula alega inocência e afirma que ninguém tem provas contra ele.

Segundo um especialista em economia e contabilidade, para acumular uma quantia como essa a pessoa, supondo um rendimento real de 5% ao ano, compatível com os ganhos da taxa Selic sobre a inflação, teria que juntar dinheiro por trinta anos, economizando um pouco mais de cinco mil reais por mês.

Os procuradores encontraram o dinheiro de Lula em duas contas: uma com R$ 1,8 milhão em seu nome e outra em nome de sua empresa de palestras, a LILS, com R$ 7,8 milhões. Não se pode nem se deve dizer que esse dinheiro tenha sido ganho de forma desonesta, mas ele deveria provar que tudo foi legal, inclusive declarado para o Imposto de Renda.

Independente da dúvida que cerca essa quantia, não é muito comum um “homem do povo” ganhar tanto dinheiro somente com palestras. Quanto aos hackers, o perito Ricardo Molina disse que as edições do Intercept podem ser adulteradas. Segundo Molina, “Se não tiver contexto, vai ficar complicado saber se aquilo não é composto, por exemplo, de pedaços de outras conversas, porque o nível de ruído de fundo é tão baixo, que a coisa mais fácil do mundo seria cortar pedaços de uma conversa e inserir na outra”.

Não é sem razão, pois, o medo dos Hackers em permitir a perícia de suas edições.

*Luiz Holanda, advogado e professor universitário.

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Sobre Luiz Holanda 474 artigos
Luiz Holanda é advogado e professor universitário, possui especialização em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (SP); Comércio Exterior pela Faculdades Metropolitanas Unidas de São Paulo; Direito Comercial pela Universidade Católica de São Paulo; Comunicações Verbais pelo Instituto Melantonio de São Paulo; é professor de Direito Constitucional, Ciências Políticas, Direitos Humanos e Ética na Faculdade de Direito da UCSAL na Bahia; e é Conselheiro do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/BA. Atuou como advogado dos Banco Safra E Econômico, presidiu a Transur, foi diretor comercial da Limpurb, superintendente da LBA na Bahia, superintendente parlamentar da Assembleia Legislativa da Bahia, e diretor administrativo da Sudic Bahia.