Reportagem de Ana Krüger e Daniel Rittner publicada nesta segunda-feira (13/05/2019) no Jornal Valor Econômico destaca a visita de governadores à China, com a finalidade de captar investimentos para os estados. Dentre os governadores citados está Rui Costa
Durante missão à Pequim, capital da China, o governador Rui Costa assinou nesta segunda-feira (13) protocolo de intenção com o conglomerado empresarial Easteel, objetivando investimento de U$ 7 bilhões, na região do Porto de Aratu, em Salvador, com a finalidade de implantar projeto de desenvolvimento integrado composto por siderúrgica, usina de energia e diversas unidades fabris, a exemplo de uma fábrica de cimento capaz de produzir anualmente 5 milhões de toneladas, que devem gerar mais de 30 mil empregos diretos..
Confira trecho da reportagem do Jornal Valor Econômico: ‘Governadores vão à China para conquistar recursos’
Em situação de penúria, os governos estaduais estão fazendo peregrinações à China em busca de investidores para movimentar suas economias, principalmente com o financiamento para obras de infraestrutura. Projetos industriais e na área de mineração também têm sido apresentados aos asiáticos na tentativa de alavancar os investimentos nos Estados.
A ofensiva ocorre de forma independente das relações entre Pequim e o governo federal, que ficaram mais incertas após a chegada do presidente Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto. Para atenuar o estranhamento inicial, depois de suas declarações de que “a China não está comprando no Brasil, está comprando o Brasil”, Bolsonaro prepara uma visita oficial ao país em agosto.
Muitos governadores resolveram não esperar tanto tempo e colocaram a China no topo de suas prioridades. Ratinho Jr. (PSD) esteve em Xangai há duas semanas e iniciou conversas com os chineses para viabilizar a construção de um corredor ferroviário entre o Paraná e o porto chileno de Antofagasta. Rui Costa (PT), da Bahia, começa hoje uma agenda no país que tem a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul de Ilhéus como grandes pontos de interesse.
Em fevereiro, Costa assinou contrato com um consórcio liderado pela chinesa BYD para o VLT metropolitano, que prevê investimento de R$ 1,5 bilhão. A linha, na verdade um monotrilho com 22 estações e previsão de transportar 150 mil usuários por dia, será construída e operada por meio de uma parceria público-privada (PPP). O governo estadual vai aportar R$ 153 milhões por ano como contraprestação.
Um dos principais facilitadores da aproximação com os governadores tem sido o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC), Charles Tang, um chinês que iniciou sua carreira em um banco de investimentos em Wall Street e dedica-se à ponte entre os dois países desde o fim da década de 1970.
“Logicamente não se pode divorciar os Estados do país, mas muitos governos estaduais estão buscando uma agenda própria com a China”, afirma. Um exemplo é o escritório comercial de São Paulo em Xangai, que o governador João Doria (PSDB) deseja inaugurar em agosto e deverá ser chefiado pelo diplomata aposentado Marcos Caramuru, ex-embaixador do Brasil na China.
Tang comenta que geração de energia a partir de biomassa do lixo, iluminação pública, sistemas de vigilância e reconhecimento facial estão no radar dos governadores – e também de vários prefeitos. Tang menciona, no entanto, uma preocupação bastante comum dos investidores chineses: a existência de garantias financeiras para os projetos.
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