“Contei até o número 150”. Em mais de três décadas como parteira, Maria Cruz dos Santos estima que ajudou a mais de duas centenas de crianças a chegar ao mundo.
Teve a profissão incorporada ao seu nome: virou Maria Parteira, respeitada e admirada pela comunidade da Lagoa Grande, localizada no distrito de Maria Quitéria, e do seu entorno, onde vive até hoje.
Como manda um dos costumes das pequenas cidades e da zona rural, a velha parteira ainda é chamada de mãe por muitos. São seus filhos de coração.
Diz não se lembrar quantas foram as vezes que pais ou parentes das parturientes bateram na porta da casa dela de madrugada. E “aperreados”.
Pegar a criança era outro nome da atividade desempenhada com carinho e dedicação pela parteira, que não mais faz partos. Hoje dá conselhos sobre procedimentos pré e pós-partos e orienta às grávidas.
“Sempre estou à disposição das mulheres inexperientes e das criancinhas, que ajudo a cuidar, com atenção principal na cura do umbigo”, afirma dona Maria Parteira.
Outra atividade é acompanhar as mulheres ao hospital, quando começam a sentir as dores. Lembra que o último parto que fez foi há três anos. Uma emergência.
“Quando cheguei para levar para o hospital, ela já estava parindo. Depois, levamos para que os médicos observassem mãe e filho”. Mais uma vez, tudo transcorreu bem.
Enfatizou que foi treinada em vários hospitais para fazer o procedimento obstétrico, que encarava como se fosse uma obrigação de sua vida. Nunca se negou a fazer um parto.