

Buscando uma vaga no mercado de trabalho, Rafael Cordeiro, 20 anos, tem a chance de participar da maior competição de educação profissional do mundo. É que ele está entre os 63 jovens selecionados para disputar uma vaga na equipe brasileira que irá competir na WorldSkills. A 45ª edição do desafio ocorrerá de 22 a 27 de agosto de 2019, no Centro Internacional de Exposições KAZAN EXPO em Kazan, na Rússia.
Rafael foi classificado na etapa regional, em 2017, e na nacional, em 2018, realizada no Piauí. Técnico em logística formado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), ele vai competir na nova modalidade de logística internacional.
O jovem conta que estava apreensivo durante as seletivas. “Eu fui sem a pretensão de ganhar. Fui lá pensando que ia levar bomba, achei que tinham muitas pessoas melhores que eu. Por sorte, a competição focou em uma área muito específica do curso técnico, então acho que isso fez com que eu tivesse mais vantagem”, afirma.
O técnico mora em Feira de Santana, com os pais e o irmão mais velho. Assim que terminou o ensino médio, em 2016, ingressou na faculdade de engenharia da computação, mas acabou descobrindo que aquela não era sua vocação. Percebeu que gostava mesmo era de se comunicar e de atuar na área administrativa, especificamente, com finanças.
Começou o curso técnico e passou a conciliar com a graduação em administração. Além disso, se dedicou aos treinamentos para a Olimpíada do Conhecimento, que o credenciou para a WorldSkills.
Ansioso para o mundial, Rafael diz saber que com todo esse reconhecimento, vem também a responsabilidade de trazer o título para o Brasil. “Espero honrar com a responsabilidade que me foi concedida pelo primeiro lugar. Sei que outras pessoas tão boas ou até com habilidades mais desenvolvidas que eu queriam estar no lugar que estou, então é honrar mesmo”, ressalta.
Desde o dia 14 de janeiro, Rafael está em Brasília, onde passará pela última fase de treinamentos para a WorldSkills. Ele e aproximadamente 50 jovens devem permanecer na capital federal até a competição. Representantes de algumas modalidades irão se preparar também nos centros de treinamento do SENAI localizados em Belém, Porto Alegre, Belo Horizonte e Joinville, em Santa Catarina.
Educação Profissional
Assim como para Rafael, a educação profissional impacta positivamente a vida de diversos jovens no Brasil. Em 2017, cerca de 80% dos estudantes que concluíram cursos técnicos foram inseridos no mercado de trabalho já no primeiro ano.
De acordo com levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o curso técnico é o caminho mais rápido para a inserção qualificada do jovem no mundo do trabalho e também uma opção para quem está desempregado e busca recolocação no mercado. O salário de um profissional técnico varia entre R$ 8,5 mil e R$ 12 mil.
Segundo o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, o país tem potencial em educação profissional. “O Brasil tem sido representado pelo SENAI e pelo Senac, que tem as ocupações mais da área do comércio e serviços, e o Brasil fica sempre entre os primeiros colocados”, afirma.
A competição
A WorldSkills é realizada a cada dois anos e reúne os melhores alunos de países das Américas, Europa, Ásia e África e Pacífico Sul para disputarem medalhas em modalidades que correspondem às profissões técnicas da indústria e do setor de serviço. Há mais de 65 anos, a competição reúne jovens qualificados de todo o mundo, selecionados em olimpíadas de educação profissional de seus países, realizadas em etapas regionais e nacionais.
Cada jovem competidor recebe um projeto e tem uma determinada quantidade de horas para desenvolver o desafio, da melhor forma possível. É colocada em xeque a habilidade técnica dos participantes, cada um dentro da sua modalidade. Geralmente, o projeto de construção desafiador é inspirado em algum ponto turístico do país/cidade sede da WorldSkills, com três módulos. São 56 modalidades técnicas que exigem adequação aos padrões mundiais.
Segundo o gestor do projeto Brasil Kazan 2019, José Luiz Gonçalves Leitão, os jovens devem ter conhecimentos sobre desenvolvimento e desenho técnicos, metodologia, medidas, interpretação de desenho, acabamento de produto e também sobre processos.
“É um jogo de tempo. Cada uma das habilidades é trabalhada exaustivamente dentro dos padrões e eles são submetidos a vários testes, exercícios, durante esse período”, explica.
A cada edição da WorldSkills, o Brasil participa com um número maior de competidores e melhora sua classificação no quadro de medalhas. Em 18 participações, o país já acumulou 136 medalhas. A melhor participação brasileira na história do campeonato foi em São Paulo, em 2015. Com 27 medalhas, o Brasil foi o primeiro do ranking de países.