
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nota nesta sexta-feira (14/12/2018) apontando o município de Feira de Santana como o terceiro colocado na formação do Produto Interno do Bruto (PIB) do Estado da Bahia, situando a unidade federativa como um dos 10 municípios que contribui para formação dos 52,4% do PIB estadual. Os dados do IBGE são referentes ao ano de 2016.
A análise dos dados aponta a necessidade de se repensar a estratégia de desenvolvimento do Estado, objetivando a integração das três principais economias da Bahia: Salvador, R$ 61,1 bilhões; Camaçari, R$ 21,9 bilhões; e Feira de Santana, R$ 13,1 bilhões.
Em 2016, os três municípios foram responsáveis pela produção de 37,2% do PIB do estado. Uma das possibilidades de integração econômica, bastante utilizada na Europa, seria através do modal ferroviário, o que ampliaria a relação de trocas comerciais entre os municípios.
No contexto de desenvolvimentismo econômico e trocas comercias, é possível supor que um modal ferroviário de integração entre os municípios de Salvador, Feira de Santana e Camaçari impacte de forma mais significativa na dinâmica econômica da Bahia do que a construção da Ponte Salvador – Ilha de Itaparica. Observando que não ficou comprovado pelo Estado da Bahia que o controverso e custoso empreendimento não comprovou a eficácia do investimento financeiro planejado pelo Governo Rui Costa.
Concentração de produção de riqueza
Em 2016, com apenas 10 municípios (2,4% do total de 417) chegava-se a pouco mais de metade (52,4%) do PIB de toda a Bahia, estimado em R$ 258,6 bilhões naquele ano. No outro extremo, com os 50% de municípios baianos com os menores PIB (208 cidades), chegava-se a somente 7,3% de toda a renda gerada no estado.
Esses indicadores mostram a grande concentração da economia baiana, embora num patamar ainda abaixo da brasileira. No país como um todo, 66 municípios (1,2% dos 5.570) respondiam por metade do PIB (50,2%) em 2016, enquanto os 50% de municípios com os menores PIBs (2.785) detinham somente 3,7% da renda gerada no país.
Além de ser concentrado, não houve, ao longo do período de 2002 a 2016, muitas alterações nos extremos do ranking do PIB dos municípios baianos.
Desde 2004, as três cidades com maior PIB na Bahia são Salvador (R$ 61,1 bilhões em 2016), Camaçari (R$ 21,9 bilhões) e Feira de Santana (R$ 13,1 bilhões). Juntas, elas representavam, em 2016, 37,2% do PIB do estado, ou seja, respondiam por R$ 37 de cada R$ 100 gerados.
No outro extremo, quatro municípios se revezam entre os menores PIBs da Bahia desde 2012: Ibiquera (com o menor em 2016, R$ 26,4 milhões), Dom Macedo Costa (R$ 31,6 milhões em 2016), Contendas do Sincorá (R$ 34,5 milhões) e Lafaiete Coutinho (R$ 36,9 milhões).
Entre 2015 e 2016, vale destacar a entrada de Ilhéus no ranking dos dez municípios baianos com maior PIB. A cidade do Sul do estado estava em 11º lugar em 2015 e, com um PIB estimado R$ 3,874 bilhões em 2016, ficou com a 9ª posição, superando a vizinha Itabuna (que tinha PIB de R$ 3,859 bilhões naquele ano).
Por outro lado, Barreiras, no Oeste baiano, deixou a lista dos 10 maiores PIBs do estado em 2016. Em 2015, com um PIB de R$ 3,7 bilhões, o município tinha a 10ª maior economia da Bahia, mas, em 2016, o PIB de Barreiras caiu para cerca de R$ 3,4 bilhões, levando o município para a 13ª posição.
O quadro a seguir mostra os dez municípios baianos com maior PIB e os dez com menor PIB em 2016.
Em 2016, Salvador se manteve com o 9º maior PIB do país, 8º entre as capitais e maior do Nordeste e da Bahia, mas segue perdendo participação
Em 2016, o PIB de Salvador foi de R$ 61,1 bilhões, em valores correntes daquele ano. Manteve-se, assim, como o 9º maior entre todos os municípios brasileiros (posição que havia sido alcançada em 2015), o 8º entre as capitais e o maior tanto do Nordeste quanto da Bahia.
Ao longo do tempo, a capital baiana mostra uma perda de participação no PIB nacional. Em 2002, representava 1,01% da economia brasileira; chegou a 1,10% em 2009 (ponto máximo); desde então, veio recuando seguidamente até 2015, quando tinha uma participação de 0,97%, mesmo percentual de 2016 e o menor da série.
O movimento de perda progressiva de participação de Salvador também se verifica tanto em relação ao PIB nordestino quanto ao baiano.
Em 2002, a capital baiana representava 8,10% da economia do Nordeste. Chegou a 8,12% em 2009 e caiu para 6,80% em 2016, a menor participação da série, um pouco abaixo dos 6,83% de 2015.
No PIB da Bahia, a participação de Salvador partiu de 26,81% em 2002 (ponto máximo) e, 14 anos depois, chegou a 23,62%, também a menor da série, com um ligeiro recuo em relação a 2015 (23,64%). A capital foi o município que mais perdeu participação no PIB do estado, quando se considera todo o período (2002-2016).
O município de São Paulo tem o maior PIB do país, R$ 687,0 bilhões em 2016, representando 10,96% da economia nacional – e mais de 10 vezes o PIB soteropolitano. A tabela a seguir mostra os 10 municípios brasileiros com maior PIB em 2016.
São Francisco do Conde e Feira de Santana são os que mais ganham participação no PIB baiano, tanto entre 2015 e 2016 quanto frente a 2002
São Francisco do Conde, na Região Metropolitana de Salvador, e Feira de Santana, no Centro-Norte baiano, foram, nessa ordem, os municípios que mais ganharam participação no PIB da Bahia, tanto entre 2015 e 2016 quanto na comparação com 2002.
Com um PIB de R$ 11,8 bilhões em 2016, São Francisco do Conde respondia, naquele ano, por 4,56% da renda gerada no estado. Em 2015, essa participação era de 3,53% e, em 2002, de 2,60%. Apesar de ter liderado o ganho de participação, o município se manteve, nos três anos em questão, com o 4º lugar no ranking dos maiores PIBs baianos.
Entre 2015 e 2016, São Francisco do Conde também de destacou nacionalmente, com o 6º maior ganho de participação no PIB brasileiro, passando de 0,14% para 0,19% de toda a renda gerada no país, de um ano para o outro.
O PIB do município tem forte peso do setor industrial, responsável, em 2016, por 70,1% do valor gerado pelas atividades econômicas (o equivalente a R$ 7,1 bilhões). Como a transformação de petróleo é a principal atividade econômica, São Francisco do Conde se beneficiou, em 2016, dos baixos preços do combustível, que levaram a maiores ganhos por parte das refinarias.
Já Feira de Santana tinha em 2016 um PIB de R$ 13,1 bilhões, que representava 5,078% de toda a renda baiana. Em 2015, essa participação era de 4,88% e, em 2002, de 3,69%. Nos três anos, o município ocupou a 3ª posição no ranking do PIB baiano.
Feira é o município central de uma região metropolitana (RM Feira de Santana) e polo relevante no estado, categorizado como uma capital regional. Seu PIB tem peso forte do setor de serviços privados (que exclui a administração pública), o qual respondeu em 2016 por 63,6% do valor gerado pelas atividades econômicas no município (ou cerca de R$ 7,1 bilhões). Também tem um comércio relevante.
Os dez municípios que mais ganharam participação no PIB baiano, entre 2015 e 2016, estão no quadro a seguir.
Com seca, São Desidério tem maior perda de participação na economia baiana entre 2015 e 2016 e deixa ranking do PIB agropecuário do país
A seca de 2016, que teve como consequência quebras de safras de diversos produtos agrícolas importantes na Bahia, levou o município de São Desidério, no Oeste do estado, a ter a maior perda de participação no PIB baiano entre 2015 e 2016.
Além disso, São Desidério perdeu o posto de maior PIB agropecuário brasileiro, caindo para a 15ª posição nesse ranking, em 2016.
Em termos nominais (sem levar em conta o efeito dos preços), o valor adicionado pela agropecuária à economia de São Desidério caiu a menos da metade em apenas um ano, passando de R$ 1,773 bilhão em 2015 para R$ 814,5 milhões em 2016 (-54,1%).
Como a atividade é a mais representativa no PIB do município, ela o puxou para baixo, de R$ 2,7 bilhões em 2015 para cerca de R$ 1,5 bilhão em 2016. Assim, a participação de São Desidério no PIB baiano passou de 1,11% em 2015 para 0,57% em 2016, e o município caiu da 16ª para 24ª posição no estado.
No país, São Desidério, que tinha em 2015 o maior PIB agropecuário, ficou em 2016 apenas com a 14ª posição. Todos os 10 municípios brasileiros com maior valor adicionado pela agropecuária à economia em 2016 eram do Centro-Oeste, liderados por Sapezal/ MT (com um PIB agropecuário de R$ 1,4 bilhão), Sorriso/ MT (R$ 1,36 bilhão) e Rio Verde/ GO (R$ 1,29 bilhão).
Os dez municípios que mais perderam participação no PIB baiano, entre 2015 e 2016, estão no quadro a seguir.
Com energias renováveis, Gentio do Ouro e Tabocas do Brejo Velho foram os municípios que mais subiram de posição no ranking do PIB brasileiro
Considerando-se as diferenças de posição no ranking nacional do PIB dos Municípios, os maiores avanços, entre 2015 e 2016, foram de duas cidades baianas: Gentio do Ouro e Tabocas do Brejo Velho.
Em ambos os casos, a escalada foi resultado de investimentos na geração de energias renováveis, eólica no primeiro caso e solar (fotovoltaica) no segundo.
Situado no Centro-Norte baiano, região da Chapada Diamantina, o município de Gentio do Ouro foi que mais subiu no ranking nacional, ganhando 2.005 posições entre 2015 e 2016, passando de 4.496º a 2.491º maior PIB do país.
Em 2016, o PIB do município foi estimado em R$ 197,6 milhões, representando 0,003% da economia nacional. Um ano antes, havia sido, em valores correntes, de R$ 57,6 milhões, representando 0,001% do PIB brasileiro.
Gentio também se destacou com o 10º maior ganho de participação no PIB baiano, de 0,02% em 2015 para 0,08% em 2016, subindo 216 posições em um ano, de 376º para 160º. O avanço foi resultado dos ganhos da indústria de máquinas e equipamentos demandados para a construção de complexo eólico.
Tabocas do Brejo Velho, no Oeste da Bahia, teve a segunda maior ascensão no ranking do PIB nacional. Subiu 1.554 posições, indo do 3.986ª para o 2.432ª colocação, principalmente, devido ao aumento da arrecadação de imposto de importação de equipamentos para geração solar.
Em 2016, São Francisco do Conde passa a ter o 3º maior PIB per capita do país, e Salvador deixa de ter o menor PIB per capita entre as capitais
Em 2016, o PIB per capita brasileiro (valor do PIB dividido pela população estimada no ano) foi de R$ 30.411, e o baiano ficou em R$ 16.931.
No estado, o maior destaque nesse indicador ficou com São Francisco do Conde. Com R$ 296.459 (quase 10 vezes o valor do país e quase 18 vezes o valor do estado), o município tinha o maior PIB per capita da Bahia e subiu no ranking nacional, da 8ª posição em 2015 para a 3ª em 2016.
Os municípios com os maiores PIBs per capita do país ao longo da série (2002-2016), caracterizam-se pela baixa densidade demográfica. Em 2016, os 10 maiores municípios nesse quesito somavam 1,2% do PIB brasileiro e apenas 0,1% da população. Paulínia (SP), com valor de R$ 314.637, e Selvíria (MS), com R$ 306.138 ficavam à frente de São Francisco do Conde no ranking nacional. Assim como o município baiano, Paulínia tem relevância nacional na indústria de refino de petróleo, enquanto Selvíria é forte na geração de energia hidrelétrica.
A Bahia tem ainda um segundo município entre os 100 maiores PIBs per capita do país: Camaçari, que, com R$ 75.104, tem o segundo maior PIB per capita do estado e o 99º do Brasil (era o 93º em 2015).
São Desidério, que havia ocupado a 71ª posição no ranking nacional do PIB per capita em 2015, deixou a lista dos 100 maiores em 2016. Com R$ 44.549, ocupa a 7ª colocação no ranking baiano.
O PIB per capita de Salvador em 2016 foi estimado em R$ 20.797, e o município subiu um pouco no ranking do estado, da 28a posição em 2015, para a 25ª no ano seguinte.
Também deixou de ser o PIB per capita mais baixo entre as capitais brasileiras, posto que havia ocupado em 2015. Em 2016, ficou acima de Belém (R$ 20.350) e Macapá (R$ 19.935). As capitais com maiores PIBs per capita naquele ano continuaram a ser Brasília (R$ 79.100), Vitória (R$ 60.428) e São Paulo (R$ 57.071).]
*Com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
