
Na publicação do Diário Oficial do Município de Feira de Santana deste sábado (07/04/2018) não há registro do pedido de exoneração do cargo de prefeito formulado por José Ronaldo de Carvalho (DEM). Uma das precondições para disputar o pleito eleitoral de 2018, determinada pela legislação eleitoral, é que servidores públicos que ocupam cargos no Poder Executivo deixem a função até a data de hoje (07), ou seja, como não pediu exoneração do cargo, José Ronaldo deve anunciar — durante entrevista coletiva convocada para este sábado, às 10 horas, no Teatro da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) — a desistência em concorrer ao cargo de senador da República.
Sinais
Reportagem do Jornal Grande Bahia (JGB), de 15 de fevereiro de 2018, relatava que o prefeito José Ronaldo deixava subentendido que a candidatura ao Senado estava condicionada à candidatura ao governo da Bahia protagonizada pelo prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Ocorre que na sexta-feira (06), ACM Neto anunciou a desistência da candidatura, optando pela permanência na prefeitura de Salvador.
Outro sinal emitido pelo prefeito José Ronaldo, de que a decisão de deixar o governo municipal não estava tomada, foi o fato de afirmar, reiteradamente, o amor a Feira de Santana e a dedicação ao desenvolvimento do município.
Observa-se que nos últimos eventos, José Ronaldo apresentava semblante angustiado, típico de pessoas que passam por difícil processo de decisão pessoal, ou seja, não era a expressão de uma pessoa que deixa um mandato popular, para disputar um cargo de maior projeção política, com satisfação pessoal e certeza de que encontrará respaldo popular.
Oposição fragilizada
Fator determinante para a desistência do pleito, também é o fato do prefeito ACM Neto liderar uma frágil base parlamentar, partidária e social. O demista foi incapaz de produzir movimento político que desestruturasse a excelente avaliação que o governador Rui Costa obtém junto às principais lideranças políticas do estado e junto à população. Observa-se que reiteradas tentativas de atrair o PSD, liderado pelo senador Otto Alencar; o PP, liderado pelo vice-governador João Leão e o PR, liderado pelo deputado federal José Carlos Araújo foram fracassadas.
Políticos com base eleitoral em diversos municípios, Otto Alencar, João Leão e José Carlos Araújo tem plena consciência que a imensa maioria da população baiana rechaçou o Golpe Jurídico-Político de 2016, que usurpou o mandato popular da presidente Dilma Rousseff (PT/MG), promovendo a assunção antidemocrática de Michel Temer (PMDB/SP). Usurpação democrática protagonizada por ACM Neto, Antonio Imbassahy (PSDB), deputado federal e por Geddel Vieira Lima (PMDB), ex-ministro que se encontra preso em decorrência de atos criminosos desvelados pelo Caso Lava Jato.
Neste contexto, eles sabiam que deixar o governo democrático e bem avaliado de Rui Costa (PT), governo no qual Otto Alencar, João Leão e José Carlos Araújo são atores, não apenas seria rechaçado pela população, como poderia levar a perda de poder político.
A questão sempre foi: por que deixar um governo popular democrático, que tem tirado a Bahia do secular atraso social, governo cujas políticas são bem avaliadas, para retornar à tutela dos Magalhães?
A resposta era óbvia demais para que todos não percebessem. Mas, na imprensa o cenário era outro, notas plantadas, desinformações, tentativas de supervalorização conformava um quadro cujo objetivo era desestabilizar a base político-partidária liderada por Rui Costa.
In tempus veritas revelat (o tempo revela a verdade)
Observa-se que a tentativa do Bloco de Oposição liderado por ACM Neto em romper a sólida base político-partidária liderada por Rui Costa foi sobejamente fracassada. Nem mesmo a conhecida articulação entre conservadores e a atuação do juiz federal Sérgio Moro, no Caso Lava Jato, resultou no rompimento das alianças estabelecidas.
A açodada decisão do juiz Sérgio Moro, considerada, inclusive como ilegal e ilegítima por especialistas, determinando a prisão do líder trabalhista e ex-presidente da República, despertou a ira das massas e ampliou o repúdio aos golpistas.
Neste cenário, não apenas o prefeito ACM Neto foi derrotado, como os liderados devem sofrer as consequências políticas do uso de setores do Poder Judiciário e do Ministério Público Federal (MPF) como instrumento para usurpar a República e destruir a mais importante liderança política do país.
Observa-se que, neste momento, o Brasil apresenta um quadro inicial de conflagração social, com insurreição popular, que poderá ser agravado com o possível surgimento de guerrilha urbana e rural, que poderá fazer fenecer o Estado Burguês, emergindo um Estado Popular. Quadro político precipitado pelas ações pelos conservadores e reacionários que, sem voto, tentam controlar os destinos da nação a partir da imposição do poder do dinheiro e das armas. Contribuição à instabilidade democrática que deve ser atribuída, em parte, ao protagonismo antipopular do prefeito ACM Neto.
Infere-se que quando se trata de poder tudo está conectado, todas as ações objetivam a manutenção do status quo, ou seja, a condição de poder. Neste contexto, conservadores e reacionários experimentam retrocessos e buscam alternativas, mas, diferentes de outros momentos, passam a descobrir que o povo é o mesmo, porém, mais consciente da condição proletária e das contradições e conflitos das relações estabelecidas entre o capital e o trabalho.
Baixe
Diário Oficial do Município de Feira de Santana, publicado em 7 de abril de 2014
Leia +