

Segundo reportagem de Rodrigo Rangel, publicada nesta segunda-feira (04/09/2017) na edição online da revista Veja, gravações de executivos do Grupo J&F, que fazem parte do acordo de delação premiada, revelam conversas que implicam quatro dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
A reportagem revela, também, que Marcelo Miller, ex-assessor do procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot, trabalhava para os executivos do Grupo J&F, enquanto integrava a força-tarefa do Lava Jato.
O ex-procurador da Lava Jato Marcelo Miller integrou o grupo de trabalho da Lava Jato na PGR entre 2014 e 2016, quando trabalhou como principal assessor de Rodrigo Janot.
Gravação
Segundo a reportagem, a gravação de quatro horas que poderá levar à anulação da delação premiada dos executivos do Grupo J&F traz menções comprometedoras a quatro ministros do Supremo Tribunal Federal.
A reportagem revela que uma dessas menções é considerada “gravíssima” pelos procuradores – embora as demais, nas palavras de quem as ouviu, também causem embaraços aos envolvidos.
Fontes com acesso ao áudio revelaram a VEJA que os ministros são citados pelos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud em situações que denotam “diferentes níveis de gravidade”.
Algumas são consideradas até banais, mas “ruins” para a imagem dos ministros. Mas uma delas, em especial, se destaca por enredar um dos onze ministros da corte em um episódio que parece “mais comprometedor”.
A expectativa é de que o STF torne a gravação pública nesta terça-feira (05).
Joesley Batista e Ricardo Saud se gravaram durante o processo de negociação da delação premiada com a Procuradoria. Aparentemente, estavam aprendendo a operar um dos gravadores que usariam para registrar conversas com autoridades.
O áudio, diz uma fonte, indica que ambos estavam sob efeito de álcool durante a conversa – o que, de acordo com autoridades que trabalham no caso, não elimina a necessidade de investigação sobre o teor do diálogo.
STF sob suspeição
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, ao comentar sobre os novos fatos da delação dos executivos do Grupo J&F, criticou o procurador-geral da República por não ter identificado quais ministros da Corte poderiam ser colocados sob suspeita com base no áudio omitido por delatores da JBS.
“O ruim é quando não se nomina esses possíveis mencionados, porque ficamos todos nós sob suspeita. O comum do povo vai imaginar que os 11 ministros estão envolvidos”, avaliou Marco Aurélio Mello, em entrevista ao jornal O Globo.
Rodrigo Janot revelou nesta segunda-feira a abertura de um processo para rever a delação e que um áudio com conversa entre dois colaboradores faria citações a procuradores e ministros do Supremo.