Os verdadeiros homens públicos entram para história pela posição firme com a qual defende os valores nos quais construíram a própria trajetória de vida. Nesse sentido, o pedido de desfiliação do senador Walter Pinheiro (PT/BA), no momento em que o Partido dos Trabalhadores (PT) atravessa a mais grave crise da história, representa o que de mais reprovável pode existir em um homem público, o de perda dos ideais e da identidade política.
O silêncio de Walter Pinheiro em relação aos fatos que atingem o governo Rousseff, a tomada de postura em um momento em que a República é tomada de assalto por golpistas, são elementos indicativos de que lado o senador Walter Pinheiro está. Certamente, a melhor imagem que o emoldura esse enredo é uma cena em que ele esteja de braços estendidos para o anti-herói da República, deputado Eduardo Cunha. Eles se equivalem em princípio, Pinheiro e Cunha, cada um, a própria maneira, demonstram o caráter político que detém e os valores que defendem.
Memória
Vem à memória as eleições de 2010, oportunidade em que as lideranças petistas formadas pelo presidente da República Lula, pela candidata a presidente Dilma Rousseff e pelo candidato à reeleição governador Jaques Wagner escolheram o mediano deputado federal Walter Pinheiro para concorrer a uma vaga para o senado da República pelo PT da Bahia.
Sem a estrutura partidária, e sem o apoio das lideranças maiores do PT, Walter Pinheiro jamais teria se tornado senador. O gesto do político, de abandonar o Partido dos Trabalhadores, diz mais sobre a personalidade dele, do que milhares de palavras escritas e pronunciadas seriam capazes de expressar.
Atuação reprovável
Com formação de nível técnico, a atuação de Walter Pinheiro no senado da República foi demarcada, até o momento, por uma apatia intelectual sem precedentes. Discursos rasos, tibieza de propósitos, visão estreita de sociedade são aspectos percebidos nos poucos discursos que fez no plenário do Senado Federal, e nos discursos que poderia ter feito e não fez. Observando a partir da formação intelectual do senador, infere-se que a atuação do político é condizente com a própria formação educacional e moral.
Um lugar na história
A história reserva um lugar para cada personagem político nesse momento de crise, em que forças atuam com a finalidade usurpar a República, entregado o poder aos derrotadas nas eleições de 2014. Pinheiro acrescentou algumas linhas à própria biografia. É possível que o conceito de ‘traidor da Pátria’ seja analisado nas ações do político, quando a história for revista.
Assessoria confirma
O Jornal Grande Bahia ao manter contato com a assessoria do senador Walter Pinheiro confirmou a desfiliação. Quando questionado o que o levou a se desfilar, responderam que ele não apresentou motivo. Sobre para qual partido deve ingressar, também não souberam informar.
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