

“Como se sabe, as mulheres sabem lidar com o emocional muito mais que os homens; pois elas falam de suas agruras, enquanto os homens se fecham… Sem saberem as mulheres praticam a catarse, isto é, a cura pela palavra, base da psicanálise.
Mas como na conversa surgiu a cidade de Feira de Santana, lembrei-me de uma história real. O rico comerciante Oscar Cordeiro e seus amigos resolveram assumir a direção do Feira Tênis Clube para moralizar o mais requintado clube da cidade.
No primeiro baile de gala, ele e outros diretores ficaram no fim da passarela que dá acesso ao clube vigiando quem entrava. Aí ele perguntou ao porteiro: por que havia deixado essa moça entrar? Essa moça FODE. Mas seu Oscar ela é moça de família, filha de seu fulano. Mas ela FODE, repetiu em voz alta e foi aquele barraco. Uns ficaram a favor e outros contra, mas a moça não entrou no clube. Houve forte reação da família da moça, o seu Oscar disse que se retrataria se a moça fosse submetida ao exame de virgindade e ela se recusou a fazer e aí ele retrucou para o pai da moça. Está vendo? Isso prova que estou com a razão.
Em conseqüência dessa confusão com a moça, prezados leitores, resultou na renúncia de toda a diretoria do clube e eles decidiram fundar outro clube para derrubar o Feira Tênis Clube e conseguiram. Formaram um grupo de 100 amigos endinheirados e fundaram o espetacular Clube de Campo Cajueiro (CCC). Atualmente esse Clube possui aproximadamente 515 proprietários remidos (responsáveis pela fundação do clube) e quase 200 sócios proprietários contribuintes. Durante algum tempo fui sócio contribuinte desse clube.
Era assim a coisa na década de 60. Moça de família deveria ficar virgem até o casamento. Nas escolas estaduais de segundo grau não havia salas mistas. Rapazes e moças ficavam em salas separadas. No primeiro cinema que funcionou na construção de Brasília, as mulheres eram convidadas a saírem da sala quando havia cenas fortes de sexo e depois chamadas de volta. Isso parece incrível para fui verdade. Em Salvador onde morava, o Cine Jandaia na Baixa dos Sapateiros, ao passar ao exibir um filme pornográfico, proibiu a entrada de mulheres, mas foi descoberto que uma delas se passou por homem e entrou e isso se transformou em escândalo quando o jornal A Tarde publicou com destaque o episódio.
Também em Feira, houve outro episodia interessante. O médico Wilson Falcão era deputado federal e Assis Chateaubriand (Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, mais conhecido como Assis Chateaubriand ou Chatô, foi um dos homens públicos mais influentes do Brasil nas décadas de 1940 e 1960, destacando-se como jornalista, empresário, mecenas e político. Foi também advogado,professor de direito, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras.
Chateaubriand foi um magnata das comunicações no Brasil entre o final dos anos 1930 e início dos anos 1960, dono dos Diários Associados, que foi o maior conglomerado de mídia da America Latina, que em seu auge contou com mais de cem jornais, emissoras de rádio e TV (Rede Tupy), revistas e agência telegráfica).
foi a Feira de Santana para inaugurar o Museu do Vaqueiro que ele havia montado e dizem que depois das solenidades teria ido participar de uma festa orgástica e isso chegou ao conhecimento de Carlos Lacerda, seu inimigo e da tribuna da Câmara dos deputados, que ainda funcionava no Rio e falava horrores dessa estada de Assis Chateaubriand em Feira de Santana.
Estando presente a essa sessão, o dep. Wilson Falcão pede a palavra. Carlos Lacerda põe a mão aberta sobre os olhos e olha de um lado para o outro do plenário e pergunta: Quem pediu o aparte? Fui eu excelência, responde o dep. Wilson Falcão e aí o Lacerda diz: — Vocês viram, ele fala!!! Dr. Wilson era um péssimo orador e nunca tinha ocupado a tribuna da Câmara. “E aí deu um branco no Dr. Wilson que decidiu não mais revidar…”
*Texto do livro PEGADAS DA CAMINHADA de autoria de Theodiano Bastos ([email protected]).