

O banco britânico HSBC manteve 106 mil contas secretas em sua filial na Suíça, com dinheiro fruto de supostos esquemas de evasão de divisas e sonegação fiscal. As operações ilegais foram denunciadas no domingo (08/02/2015), pelo Consócio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ).
De acordo com documentos apresentados pela investigação, aparecem na lista 8,7 mil contas de 6,6 mil brasileiros, com valores que chegam a R$ R$ 19,4 bilhões, depositados ilegalmente no exterior.
Entre donatário das contas mantidas em segredo estão pessoas cujos nomes aparecem em listas de sanções internacionais, criminosos foragidos, traficantes de diamantes e armas, ditadores, famosos, políticos e empresários, de 203 países, que enviaram grandes remessas de dinheiro, nem sempre declarados em seus países de origem. Juntas, as contas possuem mais de U$ 100 bilhões em depósitos.
O Brasil aparece em quarto lugar entre os países com maior número de clientes com contas secretas no banco, registradas desde a década de 1970 até o ano de 2006. Entre os brasileiros identificados estão o banqueiro Edmond Safra, um dos donos do Grupo Safra, falecido em 1999.
Na lista internacional aparecem nomes como o piloto Fernando Alonso; cantor David Bowie; rei de Marrocos, Mohammed VI; rei da Jordânia, Abdullah II, designer de moda Valentino; modelo Elle McPherson; ator Christian Slater; banqueiro Edouard Stern e motociclista Valentino Rossi.
Os jornalistas da ICIJ, rede formada por 45 veículos de comunicação de todo o mundo, tiveram acesso a documentos roubados, em 2008, por um ex-funcionário do HSBC em Genebra, Hervé Falciani. Os documentos mostram também a existência de denúncias de que o banco tinha conhecimento de práticas ilícitas de alguns clientes.
A denúncia revela ainda a movimentação de alguns clientes, com saques de grandes quantias de dinheiro vivo.
O sistema bancário suíço é famoso por abrir contas de forma facilitada e receber quantias sem a devida comprovação de origem e quitações fiscais. O modo de operar contas em segredo é alvo constante de investigações e é fortemente criticado por governos de todo o mundo por abrigar paraísos fiscais.
Em nota enviada à agência de notícias France Presse, a filial suíça do HSBC reconheceu as ilegalidades nas operações bancárias, mas afirmou que os erros foram sanados. O banco declarou ainda ter feito, a partir de 2007, “reformas significativas” e expulsado “clientes que não atendiam aos padrões HSBC, inclusive aqueles sobre os quais nós tínhamos preocupações relacionadas a pagamento de tributos”.
Apesar da lista de clientes com contas em paraísos fiscais contar com nomes conhecidos pela Justiça internacional, o ICIJ ressalta que nem todas as pessoas, empresas ou entidades mencionadas “tenham violado a lei ou tenha tido outro tipo de conduta imprópria”.
Segundo o blog do jornalista Fernando Rodrigues, do Portal UOL, autoridades brasileiras questionadas sobre o caso, afirmaram estar analisando os documentos para determinar se houve ou não ilegalidade nessas operações bancárias, e se os valores foram devidamente declarados à Receita Federal do Brasil.
Com informações de Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias.
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