



O vereador Reinaldo Miranda Vieira Filho (Ronny, PSDB) propôs através de Lei Municipal a limitação para construção de edifícios em Feira de Santana em 10 andares, cerca de 30 metros. A ideia do vereador é uma das muitas ações do legislativo que contribuem para o crescimento desordenado do espaço urbano.
Em entrevista exclusiva ao Jornal Grande Bahia, Ronny defende o projeto de Lei que limita a construção dos prédios, argumentando que ouviu técnicos em planejamento urbano durante audiência pública. Ele reconhece que não existe, no meio técnico, consenso sobre o assunto, e criticou a categoria dos empresários afirmando: “nós entendemos que quando se trata dos empresários de Feira de Santana, nenhum empresário está preocupado com o crescimento e ordenamento da cidade. Estão preocupados com o crescimento da conta bancária.”.
O projeto do vereador, por pressões da classe empresarial, foi parar no limbo do esquecimento. É importante destacar um aspecto, o vereador não se encontra sozinho ao tentar ‘projetar Feira de Santana para o futuro’, além dele, a maioria dos colegas, em primeira votação, aprovou o projeto.
Desprovidos de uma formação intelectual mais densa e profunda, os vereadores feirenses, em sua maioria, agem com descaso e irresponsabilidade no tocante as mais relevantes questões sociais do município. Não é preciso competências ou credenciais especiais para perceber como o espaço urbano tem sido violentado, e o conceito de cidadania tem sido posto de lado. Ronny apenas acrescentou mais um elemento à incompetência com a qual a cidade de Feira de Santana tem sido legislada, gerida, planejada, e fiscalizada.
Conflito comunitário
Para acrescentar exemplo prático à questão dos problemas que a comunidade de Feira de Santana enfrenta, é observada a crise instalada junto aos moradores da Rua Santiago e o empreendimento Colégio Lírio dos Vales. A construção de um prédio de quatro pavimentos em uma rua sem saída, e conformada por residências tipo casa, não apenas causou desequilíbrio do espaço urbano, como traz intranquilidade para a comunidade.
Os moradores ingressaram com representação junto ao Ministério Público Estadual, questionado como a prefeitura de Feira de Santana instala um empreendimento comercial em uma rua residencial. Além disto, afirmam com justa razão, que o impacto de veículos na rua será significativo, trazendo incômodo para a vida privada da comunidade. O que se observa é que o direito histórico ao lugar é simplesmente suprimido pela Prefeitura de Feira de Santana, com objetivo de atender interesses comerciais imediatos.
Geógrafo critica
Quando se trata de ideias estapafúrdias a comunidade reage. Coube ao ex-vereador e geógrafo Marialvo Barreto comentar sobre a atuação dos ex-colegas, no tocante a criação de Leis que visam regular o espaço urbano:
“A Lei Municipal de Feira de Santana que autoriza o uso das calçadas é ilegal, fere a legislação federal e gera efeitos negativos para a qualidade de vida da população residente.”
A voz de Marialvo apenas constata uma obviedade, os vereadores feirenses se tornaram usurpadores do interesse da comunidade, deixando de lado o bem comum.
Cidade violentada
O resultado de promíscuos interesses, incompetência intelectual, e má gestão são visivelmente percebidos nas ruas de Feira de Santana. Local onde os conceitos de cidadania e comunidade são postos de lado, sempre com o objetivo de privilegiar escusos interesses imediatos. O resultado é uma cidade desorganizada, e uma sociedade violentada nos direitos fundamentais.
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Confira o áudio da entrevista