

Há pouco mais de uma semana estão sendo veiculadas notícias no Estado sobre pessoas encontradas em condições de trabalho comparáveis ao escravismo. Por conta desse problema, o novo Ministro do Trabalho, Manoel Dias, poderá vir à Bahia em breve para conhecer de perto a situação ocasionada pela seca e ajudar a combatê-la. Atenta aos fatos e preocupada com a situação, a deputada estadual Graça Pimenta (PR) discursou sobre o assunto na tribuna da Assembleia Legislativa (AL) nesta terça-feira (26/03/2013).
“Por estarmos no século XXI, imaginamos que a população está mais esclarecida e não se submete e nem faz outras pessoas se submeterem a esse tipo de mazela. Mas não, o problema existe e está sendo recorrente. Sem dúvidas a visita do titular da pasta trabalhista é louvável e também temos mais questões que podem ser analisadas por ele. Na última quarta-feira em Feira de Santana, por exemplo, uma construtora foi autuada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por manter 25 trabalhadores de um canteiro de obras em condição análoga à de escravos”, contou a parlamentar.
Em relação ao caso citado por Graça Pimenta em sua fala, o órgão divulgou uma nota onde consta o que os auditores-fiscais do Trabalho da Gerência Regional do Trabalho e Emprego de Feira de Santana (GRTE/Feira de Santana) encontraram no local durante a fiscalização. Segundo as informações divulgadas na imprensa, os dois alojamentos, onde há mais de um mês se encontravam os trabalhadores, estavam infestados por escorpiões, moscas, carrapatos e muriçocas.
No último dia 15, em Salvador, uma operação do Ministério Público do Trabalho (MPT), da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) e da Polícia Federal (PF) encontrou 17 trabalhadores em situação também comparável ao do trabalho escravo. A empresa autuada contratou os funcionários no Rio de Janeiro e os trouxe até a Bahia para distribuírem listas telefônicas sem salários definidos.
“O relato de uma das trabalhadoras resgatadas, uma senhora de 58 anos de idade, expõe que ela receberia cerca de R$50,00 pelo trabalho. É triste ver uma pessoa chegar a essa idade e ter se submeter a condições degradantes para ganhar algo que pode ser chamado de gorjeta. Todos deixaram suas famílias no Rio de Janeiro e vieram ser humilhados aqui na Bahia. Desejo que a visita do ministro do Trabalho contemple também essa questão. Acredito que o governo estadual, de alguma forma, pode contribuir para que a Bahia não seja mais cenário de situações como as que relatei aqui hoje”, finalizou Graça Pimenta.
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