
A edição de hoje (18/11/2012), do jornal Correio Braziliense, traz entrevista com o prefeito eleito de Salvador e deputado federal pelo Democratas, Antonio Carlos Magalhães Neto.
Com o título “O PT não é invencível”, a entrevista produzida por Paulo de Tarso Lyra aborda as eleições de 2012, a disputa de 2014, os reflexos da vitória do Democratas e as dificuldades em ser oposição. Quanto a um apoio futuro para presidente, ACM Neto deixa claro:
“Temos o nome do Aécio (Neves) colocado, um nome forte. No nosso partido, ele tem muitos amigos, muitos admiradores, dentre os quais eu me incluo.”
Confira a entrevista
Sobre a volta do carlismo
Não há como falar em retomada do carlismo. Estamos em 2012, século 21. É claro que tenho o maior orgulho do senador Antonio Carlos, do que ele representou e representa. Mas, desde o primeiro momento, eu procurei fazer uma costura política que ampliasse os horizontes do que eram tradicionalmente os votos cativos do meu grupo político em Salvador. Fiz uma aliança com o PSDB, inédita na capital. Fiz uma aliança com o PV, que era um aliado histórico do PT. No segundo turno, recebemos o apoio do PMDB, um partido que sempre fez oposição ao senador Antonio Carlos.
Administrar na oposição
Minha primeira sensação quando ganhei a eleição foi: eu agora sou prefeito de todos. Não sou prefeito apenas dos 54% dos eleitores que votaram em mim. Espero que o governador (Jaques Wagner) e a presidente (Dilma Rousseff) tenham essa mesma consciência.
Vice-presidente Michel Temer como interlocutor
Michel Temer é alguém com quem eu tenho uma relação antiga. Fui companheiro dele na Câmara, fui vice-presidente e corregedor quando ele foi presidente da Casa. Agora, de maneira nenhuma, eu imaginei desrespeitar o posto principal da presidente Dilma. Pelo contrário. Quero ter um canal direto, construir um diálogo direto com ela, sem intermediários.
Dificuldades do Democratas
Se eu tivesse perdido a eleição, as pessoas estariam dizendo que o Democratas na Bahia tinha sido dizimado. Eu acho que é preciso relativizar. Você não pode comparar o resultado de 2012 com o de 2008 porque, nesse meio tempo, houve o movimento do PSD, que tirou 40% do partido. Entramos sem nenhum prefeito de capital e saímos com dois, Salvador e Aracaju.
Ameaças ao ex-presidente Lula
Desde 2008 eu já tinha esclarecido esse episódio. Estava havendo uma investigação, eu estava sob pressão e reagi de maneira indevida, acima do tom, para alguém que estava no segundo ano do primeiro mandato. Hoje, estou no meu terceiro mandato, já tenho quase 10 anos e, evidentemente, como todo ser humano, tenho que aprender com meus erros. Não tenho nada contra ele (Lula), nada pessoal.
Derrotas do PT no Nordeste
O PT sempre se achou soberano no Nordeste brasileiro. O eleitor está procurando, cada vez mais, equilibrar as coisas. Agora, está claro que o PT não é invencível.
A opção Eduardo Campos, como presidenciável em 2014
Eduardo é um político de grande valor, um dos melhores quadros dessa nova geração de políticos. Mas ainda não é um nome nacional. E você não pode imaginar um nome competitivo ao Palácio do Planalto que não seja nacional.
Futuro político
Temos o nome do Aécio (Neves) colocado, um nome forte. No nosso partido, ele tem muitos amigos, muitos admiradores, dentre os quais eu me incluo.
Governo Dilma
Não tenho dúvidas em afirmar que o governo Dilma é melhor que o governo Lula. Ela tem menos flexibilidade com o erro. Deu algumas demonstrações disso quando mexeu na sua equipe, quando impediu que o toma lá, dá cá fosse a prática dominante na ocupação de cargos federais.
Possibilidades de reeleição da presidenta
Quem conhece política sabe que o instituto da reeleição é muito benéfico para quem está no poder. Imagino que ela seja candidata. Se vai ser imbatível, se vai ser candidata forte, se não vai ser forte, é cedo para dizer.
Deputados que fizeram parte da CPI dos Correios e foram eleitos: ACM Neto, Arthur Virgílio (PSDB-AM), Gustavo Fruet (PDT-PR) e Eduardo Paes (PMDB-RJ)
Não vou me incluir nessa, não vou me autoelogiar, mas são pessoas de muita qualidade, políticos muito eficientes. Tivemos na CPI o espaço para apresentar um trabalho público para o Brasil.
O julgamento do Mensalão e os reflexos no Brasil
Considero a posição do Supremo irretocável. O STF mostrou que a lei existe e será aplicada para todos, independentemente da sua origem, da sua posição política, social ou econômica. Tenho certeza de que, depois desse julgamento, as pessoas vão pensar duas vezes antes de montar um esquema de corrupção em qualquer esfera de governo envolvendo partidos, empresários e dirigentes de governo. Tem muito político que está de cabelo em pé.



