Documentos entregues à Comissão da Verdade mostram que Brasil criou e comandou Operação Condor

O ativisita de direitos humanos, Jair Krischke, entrega a Drª Rosa Maria Cardoso, integrante da Comissão Nacional da Verdade (CNV), documentos inéditos do acervo do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, que ele preside desde 1979.
O ativisita de direitos humanos, Jair Krischke, entrega a Drª Rosa Maria Cardoso, integrante da Comissão Nacional da Verdade (CNV), documentos inéditos do acervo do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, que ele preside desde 1979.
O ativisita de direitos humanos, Jair Krischke, entrega a Drª Rosa Maria Cardoso, integrante da Comissão Nacional da Verdade (CNV), documentos inéditos do acervo do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, que ele preside desde 1979.
O ativisita de direitos humanos, Jair Krischke, entrega a Drª Rosa Maria Cardoso, integrante da Comissão Nacional da Verdade (CNV), documentos inéditos do acervo do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, que ele preside desde 1979.

“O Brasil, definitivamente criou e comandou a Operação Condor. Os documentos que eu trouxe aqui provam”, disse o ativista em direitos humanos, Jair Krischke em depoimento prestado ontem (26/11/2012) à Comissão Nacional da Verdade (CNV), que apura as violações de direitos humanos, praticadas por agentes públicos no período da ditadura militar.

Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), Krischke entregou à representante da comissão, Rosa Maria Cardoso da Cunha uma série de documentos secretos  que relatam a perseguição e captura de dissidentes políticos além-fronteira, com a colaboração das ditaduras da Argentina, Bolívia, do Chile, Paraguai e Uruguai.

De acordo com Krischke, a Operação Condor  teve como objetivo reprimir e eliminar os opositores das ditaduras que vigoravam nesses países. “As ditaduras trocavam informações, prisioneiros e assassinatos, realizando operações conjuntas altamente clandestinas, sem  respeitar as normas internacionais e diplomáticas existentes”, disse.

Durante seu depoimento, Krischke também contestou a versão oficial das autoridades militares brasileiras sobre a queima de arquivos do período. Ele disse que muitos arquivos estão nas mãos de chefes militares à época. “Sabemos que existem [arquivos] nas mãos do Major Curió e de tantos outros que são mais discretos. É preciso continuar na luta para abrir os do Exército e demais arquivos”, disse .

Krischke disse à Comissão da Verdade que a primeira evidência da Operação Condor relata a prisão do ex-coronel do Exército Jefferson Cardin Osório na Argentina, em dezembro de 1970, o primeiro alvo da operação. Em outubro , a Agência Brasil revelou a existência da operação de sequestro de  Osório.

Em 1965, Osório comandou a Guerrilha de Três Passos, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a primeira contra o regime militar do Brasil e, por isso, era um militante visado. Um ano antes, ele teve os direitos políticos cassados pelo Ato Institucional 4, de 1964.

Outro documento apresentado mostra a colaboração do Exército argentino com o governo brasileiro na prisão do militante Edmur Péricles Camargo, em 1971. Ele foi detido quando fazia escala em Buenos Aires, em um voo que partiu de Montevidéu em direção ao Chile.

A representante da Comissão da Nacional da Verdade, Rosa Maria Cardoso, disse que os documentos vão contribuir para resgatar a história do período. “Nós vamos caracterizar a operação, levantando questões factuais e evidências também. Vamos anexar no nosso relatório final a comprovação do que estamos dizendo”, disse.

Parte do material apresentado por Krischke foi recebido de autoridades argentinas e trazem os nomes brasileiros ou descendentes desaparecidos na Argentina por ações combinadas da repressão dos dois países. A Operação Condor é objeto de uma investigação na Justiça Federal daquele país, denominada Causa Condor.

“Lamento que as autoridades brasileiras não tenham nenhuma atitude com relação a esses casos. Acho que ao final dos trabalhos da comissão eles têm que ser encaminhados ao Ministério Público”, disse Krischke.

Hoje (27), a Comissão Nacional da Verdade vai receber das mãos do governador do Rio Grande do Sul (RS), Tarso Genro, documentos que relevam detalhes sobre o episódio Riocentro (1981) e sobre o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva (1971). O material foi apreendido pela Polícia Civil gaúcha na residência do coronel do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, ex-comandante do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), assassinado no início do mês em Porto Alegre.

*Com informações da Agência Brasil.

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Sobre Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia 10676 artigos
Carlos Augusto é Mestre em Ciências Sociais, na área de concentração da cultura, desigualdades e desenvolvimento, através do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Ensino Superior da Cidade de Feira de Santana (FAESF/UNEF) e Ex-aluno Especial do Programa de Doutorado em Sociologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atua como jornalista e cientista social, é filiado à Federação Internacional de Jornalistas (FIJ, Reg. Nº 14.405), Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ, Reg. Nº 4.518) e a Associação Bahiana de Imprensa (ABI Bahia), dirige e edita o Jornal Grande Bahia (JGB), além de atuar como venerável mestre da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Maçônica ∴ Cavaleiros de York.

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