
Um dos mais importantes programas para o desenvolvimento da agropecuária baiana, o Projeto de Implantação de Entrepostos Frigoríficos já é realidade a partir de hoje (03/10/2011). Elaborado pela Secretaria da Agricultura (Seagri)/Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), tem como principais metas combater o abate clandestino no Estado, atender a demanda de municípios que não dispõem de frigoríficos, e oferecer carne com qualidade de matadouros inspecionados.
O diretor-geral da Adab, Paulo Emílio Torres destaca a importância estratégica da implantação de entrepostos frigoríficos dotados de infra-estrutura adequada à legislação sanitária e localizados em instalações anexas ao comércio varejista. “Nos últimos anos a Bahia tem promovido alterações significativas nas relações entre os elos do setor, gerando melhorias na qualidade da carne e subprodutos comercializados, e fomentando a saúde pública em todo o Estado”, argumenta Torres.
Segundo Torres, essa iniciativa fortalece o projeto de regionalização e descentralização do abate na Bahia. “O projeto dos entrepostos frigoríficos dá segmento à cadeia produtiva da carne, desde a produção, abate e comercialização. A carne vai para o entreposto, onde ocorre a desossa e daí para os açougueiros que a coloca nos balcões frigoríficos e vende aos consumidores. Isso consolida a cadeia da carne, dando qualidade e segurança sanitária ao consumidor”.
Segundo ele, o ideal é cada um dos 417 municípios baianos tenha o seu entreposto junto ao centro comercial de carnes, geralmente localizado no mercado municipal. Torres diz que isso contribuirá para diminuir o abate clandestino – que ainda responde por 40% de todo mercado no Estado -, e fortalecer o abate inspecionado.
Paulo Emílio Torres destaca que a perspectiva é de se aumentar a geração de empregos e da renda dos participantes da cadeia da carne. “Também contribuirá para o aumento da arrecadação de impostos e, principalmente, na redução dos gastos do setor público com o tratamento de doenças causadas pelo consumo de carne abatida e comercializada fora dos padrões sanitários adequados”.
Boa receptividade
A iniciativa foi saudada com entusiasmo por alguns dos principais representantes da agropecuária baiana. “O entreposto é um caminho para resolver os problemas de abate nos municípios, pois tem custo menor e é mais simples operacionalmente que uma planta frigorífica. É uma forma de consolidar o abate seguro em todo o estado, atendo à legislação e às normas. O Sincar apóia esta iniciativa e está disposto a contribuir para a sua viabilidade”, afirma Júlio Farias, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado da Bahia (Sincar).
João Martins, presidente da Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), também comemora o fato. “Trata-se de uma excelente iniciativa. Com a viabilização dos entrepostos frigoríficos, teremos um avanço espetacular na pecuária baiana. Será um passo decisivo para acabar com o abate clandestino e oferecer um produto de melhor qualidade à população”, diz
Objetivos dos entrepostos
Segundo Paulo Emílio Torres, apesar da agropecuária baiana estar em dinâmico processo de desenvolvimento, com o crescimento do volume de animais abatidos evidenciando uma evolução contínua da modernização da cadeia da carne, com um relevante aumento do parque frigorífico industrial, a atividade ainda está defasada na distribuição da carne e subprodutos, sendo necessário implantar estruturas que viabilizem a desossa, acondicionamento e distribuição destes produtos, de acordo com a demanda do Estado.
“É imprescindível a melhoria da organização da cadeia da carne através da implantação de entrepostos frigoríficos com infra-estrutura que se adéqüem à legislação sanitária, principalmente em regiões mais deficientes, ressaltando a necessidade de conscientização da população sobre a importância do consumo de carne inspecionada”, diz.
Segundo Torres, é importante a implantação de entrepostos frigoríficos junto às centrais de abastecimento municipais. “Além de promover o fortalecimento da cadeia produtiva da carne, o projeto tem o objetivo de preservar a saúde pública, assegurando ao consumidor o acesso a um alimento seguro, uma carne de qualidade. Também visa adequar a distribuição e comercialização da carne bovina no estado por meio da utilização de tecnologias modernas e controle higiênico-sanitário”, diz o diretor geral da Adab.
Projeto atende recomendação da FAO
O diretor geral da Adab diz que a implantação dos entrepostos frigoríficos, além de obedecer ao cumprimento da legislação sanitária, também atende as recomendações da FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação. Eles permitirão práticas adequadas de comercialização, o que resultará em maior competitividade. “A padronização dos cortes cárneos permitirá um melhor aproveitamento e uso da carne bovina”, diz.