Todo o amor do Carteiro de Deus, Chico Xavier | Por Juarez Duarte Bomfim

Juarez Duarte Bomfim.
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O escritor Marcel Souto Maior fala de As Mães de Chico Xavier, que encerra comemoração do centenário do médium. Artigo de Luiz Carlos Merten

Como biógrafo de Chico Xavier, Marcel Souto Maior virou especialista nas relações entre vivos e mortos e na figura do médium de Uberaba, que se autodefinia como “carteiro do além”. O “especialista” confessa – “Numa pré-estreia do filme em São Paulo, defini o espiritismo como um tripé formado por religião, ciência e filosofia e fui corrigido por dois estudiosos. É religião no Brasil, em todo o mundo é ciência e filosofia.” Souto Maior é autor do livro Por Trás do Véu de Isis, em que se baseia As Mães de Chico Xavier. O filme de Glauber Filho e Halder Gomes estreou ontem com 403 cópias em salas de todo o Brasil.

Só para comparar – Chico Xavier estreou com 350 cópias e Nosso Lar com 400. O primeiro fechou em 3,5 milhões de espectadores e o segundo, em 4 milhões. Quanto fará o Mães? “Prefiro não arriscar para não me decepcionar”, diz Souto Maior. Mas ele acredita no sucesso. Por lidar com a dor da perda das mães – e com a esperança de reencontro com os filhos, proporcionada pelas cartas psicografadas pelo médium -, o filme é, abertamente, o mais emocionante dos três. As Mães chega para encerrar as comemorações do centenário de nascimento de Chico Xavier.

Cinéfilo de carteirinha, admirador de Quentin Tarantino e Stanley Kubrick, como Marcel Souto Maior se relaciona com a trilogia? “O tipo de cinema que prefiro é outro e estou muito envolvido com esses filmes, mesmo com Nosso Lar, que não se baseia em original meu, mas é o maior sucesso editorial do Chico. Independentemente de gostar, não posso deixar de ressaltar certas qualidades e a maior delas é a interpretação de Nelson Xavier. O Chico dele é verdadeiro.”

Souto Maior é jornalista. Há 15 anos, no Jornal do Brasil, fez uma matéria tentando saber por que a peça Além da Vida, baseada na doutrina de Chico Xavier, havia feito 2 milhões de espectadores. Isso o levou a Uberaba e ao médium. Marcel surpreendeu-se porque Chico escreveu cerca de 400 livros que venderam mais de 20 milhões de exemplares. Os direitos não lhe pertenciam. Ele não se sentia o autor desses livros, portanto, não tinha por que se beneficiar dos direitos, que revertia para instituições. Chico viveu e morreu modestamente. Marcel descobriu que ele tinha a alma de um missionário.

Seu trabalho de psicógrafo salvou famílias da destruição a que o sofrimento proporcionado pela perda de entes queridos as condenava. O próprio Souto Maior se reconciliou com o personagem. “Quando criança, passava férias em Araxá e Chico foi o fantasma da minha infância. Tinha medo dele, o homem que falava com os mortos.” O Chico que conheceu e cuja confiança ganhou – o médium desconfiava de jornalistas – era um homem doce. Para quem lida de forma tão íntima com o assunto, uma confissão do escritor pode causar surpresa. Ele confessa que não é espírita – como? -, mas volta e meia sua falta de fé sofre um abalo.

Na pré-estreia paulistana do filme, espontaneamente, um pai e uma mãe pediram a palavra no fim da sessão e falaram de forma sincera sobre o consolo que as cartas – e o filme – lhes haviam proporcionaram. São coisas que calam fundo em Souto Maior. Estabelecem, para ele, a grandeza de Chico Xavier. As Mães foi um filme que o emocionou bastante. Ele se diverte quando o repórter confessa que a primeira parte é sóbria e a segunda, apelativa, mas que, até por isso, foi difícil refrear as lágrimas. “Que bacana, ter coragem de dizer isso.” Pode ser arriscado tentar prever o público de As Mães de Chico Xavier, mas, com certeza, o filme vai provocar um rio de lágrimas nos cinemas do País.

Artigo de Luiz Carlos Merten para O Estado de São Paulo, em 02/04/2011.

*Com informação da Agência estadão

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Baiano de Salvador, Juarez Duarte Bomfim é sociólogo e mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutor em Geografia Humana pela Universidade de Salamanca, Espanha; e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Tem trabalhos publicados no campo da Sociologia, Ciência Política, Teoria das Organizações e Geografia Humana. Diversas outras publicações também sobre religiosidade e espiritualidade. Suas aventuras poético-literárias são divulgadas no Blog abrigado no Jornal Grande Bahia. E-mail para contato: juarezbomfim@uol.com.br.

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