FHC | Menor agressividade não quer dizer menos clareza na crítica

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Em entrevista ao portal IG, ex-presidente faz uma avaliação dos 100 dias do governo Dilma.

O ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, concedeu entrevista ao portal de internet IG, onde avaliou, em respostas por e-mail, os tradicionais 100 dias do governo Dilma Rousseff.

FHC observa que o país está mais distensionado sem a presença “tonitruente” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “É o contraste que mais se nota”, aponta. O presidente de honra do PSDB fala ainda, sobre a relação do partido com o governo e a presidente.

“Menor agressividade não quer dizer menos clareza na crítica, quando for o caso, mas talvez seja possível dizer com maior objetividade no que e por qual motivo discordamos”, avisa. Abaixo a entrevista.

Poder Online – Qual sua avaliação sobre estes primeiros cem dias do governo Dilma Rousseff?

Fernando Henrique Cardoso – É difícil julgar um governo pelos cem primeiros dias, pois a opinião pode ser mero preconceito ou, ao contrário, uma visão que se pensa que é objetiva mas pode ser precipitada. Talvez se possa falar mais apropriadamente do “estilo de governar” do que das políticas do governo. Neste sentido, o contraste entre o estilo “popular-tonitruante” de Lula e a fala tecnocrática-comedida de Dilma seja o que mais se nota.

Poder Online – E como o senhor classificaria o estilo Dilma?

Fernando Henrique Cardoso – Vê-se que a presidente entendeu que no mundo contemporâneo a imagem conta muito: apresenta-se elegante e sorridente, não se poupando de posar para os fotógrafos. E no lugar da carrancuda e autoritária Dilma aparece uma senhora quase bonachona, embora cortante quando necessário.

Poder Online – Esse estilo é melhor ou pior do que o do ex-presidente Lula?

Fernando Henrique Cardoso – Como o país, ou melhor as elites atentas à mídia pareciam cansadas do estilo anterior, a sensação é de “normalidade”, quase alívio: menos piruetas verbais, menos escorregões retóricos que levam a opiniões superficiais e mesmo absurdas, do que as que ouvíamos no passado recente. Mas atenção: estilo não quer dizer substância das políticas. O caso da Vale mostra que continua a tendência à ingerência do governo em matéria econômica que não lhe diz respeito. E a proclamada austeridade fiscal se choca com a continuidade de transferências de recursos do Tesouro (na verdade empréstimo tomados no mercado) para o BNDES subsidiar as “empresas vencedoras”, escolhidas pelo governo para serem as condutoras do crescimento econômico.

Poder Online – Como foi o seu encontro com ela durante aquele almoço com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama?

Fernando Henrique Cardoso – Meu encontro com a presidente no almoço do Obama, assim como o encontro anterior em uma homenagem ao jornal Folha de S.Paulo, foi simpático e atencioso. Pessoalmente só recebi gentilezas de alguém que durante o passado teve apenas encontros breves comigo e não amizade. Já o Lula …

Poder Online – E a oposição à Dilma? Deve ser diferente da oposição feita ao ex-presidente Lula?

Fernando Henrique Cardoso – Talvez ela requeira menos agressividade, posto que no governo anterior o PSDB foi definido como “inimigo”, e eu como a personificação do diabo. Menor agressividade não quer dizer menos clareza na crítica, quando for o caso, mas talvez seja possível dizer com maior objetividade no que e por qual motivo discordamos, o que ajudará a melhorar nossos costumes políticos e a permitir que as pessoas conheçam melhor a razão pela qual apóiam ou discordam de tal ou qual decisão do governo.

*Com informação: Agência Tucana

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