
Parte significativa do acervo musical de Caetano Veloso tem como inspiração o sincretismo religioso que viceja no recôncavo Baiano, mais precisamente em Santo Amaro, terra natal do cantor. O caleidoscópio cultural baiano é formado pela mistura de raças, crenças e estilos musicais. Esta convergência esta presente em inúmeros versos das músicas escritas por Caetano. Em ‘Bahia, minha preta’, ele canta: “ê ô! Bahia, fonte mítica, encantada, ê ô! Expande o teu axé, não esconde nada, …Rainha do Atlântico, … Opô Afonjá, Eros, Dona Lina, Agostinho e Edgar, Te chamo Menininha do Gantois…”
Em boa medida, surpreendeu o fato dos dois filhos de Caetano e Paula Lavigne serem evangélicos frequentadores da Igreja Universal do Reino de Deus. Não que a Igreja Universal seja boa ou ruim, mas pelo fato dela negar esta raiz sincrética do povo, não apenas baiano, mas também brasileiro.
Segundo o cantor, os filhos Tom e Zeca fazem parte de uma nova geração que recupera a religiosidade perdida, e afirma: “a minha geração teve que romper com a religiosidade imposta, a deles teve que recuperar a religiosidade perdida.”.