
De olhos na economia e na escolha de um possível novo líder, o Partido Comunista da China (PCC) abriu nesta sexta-feira a sua reunião plenária anual que discutirá os rumos do país nos próximos cinco anos.
Autoridades chinesas têm deixado transparecer sua intenção de fazer com que o crescimento do país esteja menos atrelado às exportações e mais ao consumo interno.
A estratégia, de estimular a economia a partir do mercado doméstico, teria o benefício adicional de reduzir a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres – que cresceu nos últimos anos –, repartindo assim os proveitos da segunda maior economia global para uma fatia maior de pessoas.
Depois de anos de crescimento acelerado, analistas avaliam que o governo chinês estaria neste momento dando mais atenção à distribuição dos frutos dessa expansão.
Nova liderança
A reunião plenária do PCC também deverá dar indícios de quem será o próximo sucessor do presidente Hu Jintao, que encerrará seu segundo e último mandato em 2012.
Muitas fichas estão no nome do vice-presidente, Xi Jinping, 56, que poderia nos próximos dias ser eleito vice-presidente do comitê militar central do partido – uma espécie de “antessala” para o cargo de presidente.
Xi Jinping é apontado como possível presidente chinês a partir de 2012
Pouco se sabe das posições políticas de Xi, considerado um dos “príncipes” do regime, filho de um conhecido líder veterano chinês. Considerado pouco carismático, Xi é mais conhecido por sua esposa, Peng Lijuan, uma cantora popular na China nos anos 1980.
Ele é visto por analistas como favorável às reformas de mercado, mas cauteloso em termos de abertura política.
É tido como defensor da continuidade da hegemonia do partido comunista único na China, mas preocupado com possíveis distúrbios sociais que possam advir de insatisfações com a sua preponderância.
Para observadores da realidade chinesa, o encontro do PCC também é importante para se avaliar como está sendo tratado o tema da reforma política.
A concessão do prêmio Nobel da Paz para o dissidente Liu Xiaobo, que cumpre pena de prisão por pedir reformas democráticas, recolocou o debate no centro das preocupações internacionais.
Sobre isso, há divergências mesmo dentro do partido. Muitos delegados do PCC creem que a falta de democracia poderia acabar minando a credibilidade do partido e, assim, sua legitimidade.