
Pesquisa do grupo alemão GFK revela que apenas 11% dos brasileiros confiam nos políticos. O estudo realizado em março mediu o grau de confiança da população em profissionais em vários países do mundo. Os políticos obtiveram melhor desempenho na Índia, com 29% de aprovação.
Entre todas as profissões, os bombeiros são os campeões, com índices de aprovação acima de 90% em todos os países. No Brasil, além dos bombeiros, os profissionais mais confiáveis são os carteiros, os médicos e os professores do ensino fundamental.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT/SP), atribui em parte a baixa credibilidade ao tratamento dado pela imprensa aos erros cometidos por alguns políticos. “Teve um debate injusto que é posto muitas vezes na imprensa sobre erros que um cometeu e é atribuído à casa legislativa. Isso é comum aqui no Brasil. Então, se você tem um que dá um problema, isso é transferido para os outros. Mas isso, a baixa representatividade do Parlamento, é comum em todas as democracias.”
Líder da oposição, Gustavo Fruet (PSDB/PR)observou que a política sempre vai estar associada à permanente contestação e o caminho para melhorar sua imagem é a adoção de uma agenda positiva. “Nós temos que lembrar que, nos últimos anos, no Brasil, a política também vem sendo associada não a essa disputa de conflito de posições, mas a uma agenda policial, com denúncias, falta de transparência, associada à corrupção, a uma disputa sem critério, sem método, sem princípios para se chegar ao poder. O poder virou um fim. Tudo justifica a conquista do poder. Enquanto a gente não enfrentar essa forma cínica ou fanática de ver a política, é evidente que ela vai continuar sendo associada com essa imagem negativa.”
Professor da PUC-São Paulo e mestre em Direito de Estado Luiz Tarcísio Ferreira acredita que este cenário de descrédito é consequência de um defeito da democracia representativa em todo o mundo, aquela feita por meio dos partidos políticos.
Esses partidos cometem uma série de equívocos para angariar votos. O principal deles, segundo o professor, são os programas partidários, muito extensos e complexos, abrangendo os mais diversos temas e que, no fundo, não diferenciam muito uns dos outros.
O troca-troca de partidos e a falta de compromisso dos candidatos também contribuem para a desconfiança, conforme avalia o professor Luiz Tarcísio. “O sistema nosso de eleição, pelo menos no que diz respeito ao voto proporcional, é extremamente deficiente porque o candidato não tem, como em vários países da Europa, compromisso com uma base X. Ele sai candidato pelo estado e não por uma região e depois ele não tem compromisso aqui, ali ou acolá. Ele fixa compromissos segundo seus próprios interesses. Então, a gente tem a questão da reforma política, que o Brasil precisa enfrentar. Temos enfrentado de alguma maneira, por exemplo, agora passou a lei do Ficha Limpa.”
O professor Luiz Tarcísio Ferreira estima que o índice de renovação nas casas legislativas será grande nas eleições deste ano porque uma mudança de mentalidade do eleitor já pode ser observada.