Em discurso na 40ª Conferência das Américas, em Washington, Hillary disse que em muitos outros países da região a relação entre a arrecadação de impostos e o PIB (Produto Interno Bruto) está entre as mais baixas do mundo, o que é “insustentável”.
“Tenho conversado com meus colegas no continente e com chefes de Estado e de governo sobre a necessidade de aumentar a arrecadação dos governos. E isso é apenas outra maneira de dizer impostos”, afirmou a secretária, diante de ministros e diplomatas dos países latino-americanos, dos Estados Unidos e do Canadá.
“Se olharmos para a relação entre arrecadação e PIB no Brasil, é uma das mais altas do mundo. Não é por acaso que o Brasil está crescendo e que está começando a reduzir as desigualdades em sua sociedade. E é uma sociedade grande e complexa. Mas eles estão fazendo progressos”, acrescentou.
“É uma política que vem de várias décadas e que tem sido seguida com grande comprometimento e está dando certo”, concluiu Hillary.
Críticas
As declarações da secretária de Estado contrastam com as críticas comumente feitas à carga tributária no Brasil, que ficou acima de 35% do PIB em 2009 – a maior na América Latina e uma das mais altas do mundo.
Há anos se discute a necessidade de uma reforma fiscal e tributária no país, a fim de reduzir a carga tributária.
O próprio representante brasileiro no encontro em Washington, o secretário-geral de Relações Exteriores, Antonio Patriota, pareceu surpreso com a declaração da secretária.
“Foi interessante ouvir a secretária Clinton dizer que uma das vantagens do sistema brasileiro é uma taxa de arrecadação muito alta na comparação com outros países”, disse Patriota, em seu pronunciamento, após a secretária já ter deixado a reunião.
“Isso não é necessariamente visto como uma vantagem pelo público brasileiro. Muitos no Brasil pensam que devemos simplificar os impostos”, afirmou.
Segundo Patriota, esse será um dos desafios a serem enfrentados pelo novo presidente, “quem quer que seja eleito em outubro”.
*Com informações da BBC Brasil.
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