
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, criticou os países da América Latina que ”contribuem para os problemas, ao fazer e dizer coisas que minam os esforços” dos governos dos Estados Unidos e da Colômbia, em referência ao acordo militar estabelecido entre as duas nações.
Os comentários de Hillary foram feitos durante uma entrevista coletiva concedida no Departamento de Estado nesta terça-feira, ao lado do chanceler colombiano, Jaime Bermúdez, após um encontro da dupla.
A secretária de Estado e o chanceler aproveitaram a ocasião para defender o acordo, que dá aos americanos maior acesso às bases militares situadas em território colombiano.
O acordo tem sido alvo de críticas ásperas do governo da Venezuela e de comentários igualmente críticos, ainda que mais amenos, por parte do Brasil.
Cooperação
Hillary afirmou que gostaria que mais países ajudassem americanos e colombianos na luta contra o narcotráfico e no combate à guerrilha em atividade no país andino. Segundo ela e Bermúdez, esses seriam os principais objetivos do acordo.
O ministro das Relações Exteriores do país andino adotou um tom semelhante ao de Hillary, ao dizer que ”o que é preciso na Colômbia é uma forma mais eficaz de mecanismos de cooperação”.
Segundo ele, os colombianos buscam não apenas a colaboração com os americanos, ”mas com todos os países da região para lutar contra o narcotráfico e o terrorismo”.
Hillary procurou assegurar que ”os Estados Unidos não possuem e não buscam bases dentro da Colômbia” e Bermúdez enfatizou que o acordo respeita princípios de soberania, não-intervenção e integridade territorial.
Soberania
Em um comunicado divulgado nesta terça, o Departamento de Estado americano diz que o Acordo de Cooperação e Defesa (DCA, na sigla em inglês) não permite a criação de qualquer base militar americana na Colômbia, apenas permite o acesso a determinadas instalações colombianas e a execução de missões de comum acordo entre as duas nações.
Segundo um alto representante do Departamento de Estado americano, duas das três bases escolhidas, as de Apiay e Malambo, se encontram no cerne das atividades do grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que lutam contra o governo da Colômbia há quatro décadas.
A terceira base, a de Palanquero, necessitará de obras de melhoria que deverão custar aos cofres americanos cerca de US$ 46 milhões.
O representante americano frisou que os Estados Unidos possuem cerca de 120 acordos de colaboração, que abrangem desde parcerias militares similares às firmadas com a Colômbia até o intercâmbio regular de informações entre forças que combatem o narcotráfico, como o que existe entre a polícia brasileira e a agência de combate ao tráfico de drogas americana, a Drug Enforcement Agency (DEA).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a participar da reunião da Unasul, que será realizada no próximo dia 28, em Bariloche, na Argentina.
O convite se deve ao fato de que o acordo militar entre americanos e colombianos deverá ser um dos temas dominantes da reunião.
Mas o alto funcionário do Departamento de Estado afirmou ser improvável que os Estados Unidos compareçam ao encontro, visto que o país não pertence ao órgão multilateral. Ele não descartou, no entanto, que até a data da reunião, o governo americano opte por enviar um representante.
*Com informação da BBC Brasil.