
São três as condições indispensáveis para dirigir na Índia: “good horn, good brakes and good luck” (boa buzina, bons freios e boa sorte).
Entre tudo que é surpreendente neste admirável país (Índia) de 1,2 bilhões de habitantes, com dezenas – quiçá centenas – de cidades superpopulosas, o mais incrível no viver urbano é o seu trânsito, ou melhor, a falta dele. Quer dizer, a aparente falta de regras, normas, equipamentos ou o que quer que seja que organize o caótico trânsito das cidades e estradas indianas.
Caótico? Alucinado! As palavras são poucas para testificar o que lá acontece… Não existem adjetivos suficientes para nos fazer compreender o muito louco trânsito da Índia.
Numa rua de uma metrópole qualquer da Índia, enquanto as vacas sagradas passeiam placidamente, uma profusão de tucktucks, velhos ônibus, caminhões, automóveis, elefantes, macacos, riquixás, bicicletas, carrinhos puxado a mão, carroças de camelo, burros etc, etc e etc… competem entre si e pedem passagem, isto é, buzinam, buzinam e buzinam.
A buzina é uma respeitada instituição indiana. O equipamento veicular mais importante. Impensável dirigir sem dela fazer uso, a cada segundo, a todo momento.
Os dizeres nos pára-choques dos velhos caminhões atestam: “Horn Please” ou “Blow Horn”, algo como: buzine, por favor, buzine forte! Condição obrigatória para ultrapassar e seguir em frente.
E são três as condições indispensáveis para dirigir na Índia: “good horn, good brakes and good luck” (boa buzina, bons freios e boa sorte).
Não existem semáforos, faixas de pedestres ou o que quer que seja. Aliás, a prioridade é sempre para o veículo, o pedestre é um incômodo nas ruas das cidades indianas. As sagradas vacas não. Ai daquele que atropelar uma vaca.
Para acabar de complicar, na Índia a mão é inglesa, o automóvel anda pela esquerda ao invés de trafegar pela direita. Até nos acostumarmos com este detalhe…
Há uma década a Índia vive um boom econômico que a está tirando, a passos lentos, da secular pobreza. Nota-se isso em obras de infra-estrutura. O país é um canteiro de obras. As estradas estão sendo duplicadas, no modelo privatista de estradas pedagiadas.
É aí que o caos aumenta. São construídas estradas largas, duas pistas em cada mão, divididas por guard rail (mureta). Não há retornos nem rotatórias, no máximo aberturas entre as muretas.
Daí que, a qualquer momento, você é surpreendido por um veículo – carro, moto ou o que quer que seja – trafegando por quilômetros na contramão. Saia da frente…
Imagem do ônibus de excursionistas brasileiros em busca de um restaurante de beira de estrada: uma fresta entre muretas divide a pista, o ônibus diminui a velocidade, abre o raio para fazer a curva e investe na mão contrária. Perigosamente fica atravessado entre as duas pistas. Momento de tensão para os brasileiros. Os indianos não estão nem aí… O trânsito rodoviário pára. Ele (o ônibus) retorna na contramão, por cerca de 500 metros driblando os veículos no sentido contrário, até encontrar o desejado restaurante para os desesperados turistas.
Com todo esse caos, aparentemente não existem leis ou polícia de trânsito. Ledo ivo engano. Policiais propineiros também lá existem, e tentaram extorquir o nosso ônibus turístico, ao pará-lo demoradamente nas ruas de Jaipur – só o nosso ônibus de turistas estrangeiros – e investigar detalhadamente o veículo, documentos do carro e do motorista.
É dito que uma imagem vale por mil palavras. Concordo. E convido-lhes a assistir este vídeo de uma cena urbana das ruas de Bangalore, metrópole do sul da Índia. É tudo verdade.
Vídeo apresenta trânsito de Bangalore, Índia