A gestão democrática na sociedade da informação | Por Décio Nascimento

Chama-me a atenção a forma como a Rede Globo de Televisão enfatiza, na novela “Caminho das Índias”, a crescente participação dos países em desenvolvimento do continente asiático (principalmente a Índia) no setor de equipamentos e serviços de TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação, em escala global.

Mais curioso ainda é a alegórica apologia que o elenco faz às TIC (não sei se por conveniência ou se por mera coincidência) com o intensivo uso da expressão “tic” (pelo menos em português é assim que deve se escrever), que no idioma híndi significa afirmação.

Neste início de século, com o advento da internet e a conseqüente universalização da comunicação, esboça-se um novo cenário global, caracterizado pela redefinição de modelos e paradigmas das vidas pública e privada do nosso mundo contemporâneo.

No novo modus vivendi do homem em sociedade, modernamente chamado de “sociedade da informação” ou “sociedade pós-industrial”, as transformações técnicas, organizacionais e administrativas têm como fundamento não mais e somente os fatores típicos da sociedade industrial, mas o fator informação, oriundo dos avanços tecnológicos, principalmente no campo das telecomunicações.

Certamente o célebre Albert Einstein tinha conhecimento de causa quando declarou, ainda nos anos 50, que as três grandes bombas a explodir durante o século XX haviam de ser: A bomba demográfica, a bomba atômica e a bomba das telecomunicações, esta ultima também chamada de segundo dilúvio, o das informações.

Segundo o notável Alvin Toffler, autor de “O choque do futuro”, o mundo que está emergindo rapidamente do choque de novos valores e tecnologias, novas relações geopolíticas, novos estilos de vida e novos modos de comunicação, exige novas idéias, novas analogias e novos conceitos[1], apontando os caminhos que a democracia terá de seguir para sobreviver no século XXI.

Em que pese as controvérsias existentes neste aspecto, acredita-se que as propriedades das novas tecnologias podem e devem se constituir em vetores potencialmente democráticos, sobretudo na perspectiva do Estado, no cumprimento do seu papel de fazer valer o direito do cidadão aos serviços essenciais, com vistas ao bem comum. Afinal, “Não é a ferramenta que é democrática, mas sim o uso que fazemos dela”.

No que respeita aos organismos governamentais e instituições políticas que compõem o Estado Democrático e de Direito Brasileiro, a informatização, além de potencializar os institutos da publicidade, transparência e fiscalização dos atos públicos, pode e deve ser utilizada como uma poderosa ferramenta de aferição da realidade sócio-econômico-cultural da sociedade, em seus diversos planos e setores (sobretudo mediante a disponibilização de espaços de discussões e exposições – que não apenas de informações e serviços – que reflitam os anseios e pensamentos da população acerca de assuntos de interesse e relevância publicas), possibilitando assim a desenvolução de políticas públicas acertadas.

Todavia, para a consecução e eficientização desta nova maneira de pensar as políticas públicas e as organizações políticas no contexto da sociedade da informação, imperativa e necessária se faz, antes, a implementação de uma política de democratização do acesso às Tecnologias da Informação e da Comunicação, ou seja a promoção da inclusão sócio-digital, com vistas ao exercício da cidadania e o conseqüente desenvolvimento da nação com sustentabilidade social.

REFERÊNCIAS

LEVY, Pierre. Cibercultura. Trad. de Carlos Irineu Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999.

TOFFLER, Alvin. A terceira onda. Trad. de João Távora. Rio de Janeiro: 26ª Ed: Record, 2001.

FLORES, Angelita Marçal. Informatização da Administração Pública. Palhoça: UnisulVirtual, 2008.

*Por José Décio S. Santos é graduado em Administração Legislativa pela Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL; Redator de Debates e Diretor do Deptº Legislativo da Câmara Municipal de Valente-BA.

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