
Entrevista concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após cerimônia de anúncio de medidas de estímulo à economia Brasília-DF, Palácio Itamaraty, 29 de junho de 2009.
Jornalista: O Mangabeira já falou com o senhor?
Presidente: Já, já falou.
Jornalista: É? Ele não vai poder continuar no governo?
Presidente: Não, não vai. Não vai, porque ele tem que cumprir a função dele em Harvard.
Jornalista: …alguma situação? Como o Brasil está agindo, além de não reconhecer o novo governo de Honduras?
Presidente: Olha, o dado concreto é que nós não temos como permitir que em pleno século XXI, na América Latina, tenha um golpe militar. É inaceitável. Nós não podemos reconhecer o novo governo. Nós temos que exigir a volta do governo eleito democraticamente, porque senão daqui a pouco vira moda outra vez.
Jornalista: Abre precedente?
Presidente: É, o Presidente quer fazer uma coisa… O que que ele queria fazer? Um referendo. Agora, o que o referendo tem de criminoso? Qual é o medo de ouvir a vontade do povo? Por conta disso, o Presidente ser tirado da sua casa às cinco e meia da manhã, ser levado, e no mesmo dia o Congresso se reunir e escolher um outro presidente? Não importa que tenha divergência interna, divergência se resolve com debate democrático. O que não pode é golpe militar.
Jornalista: O senhor vai (incompreensível)
Presidente: Isso é inaceitável. Não, essas coisas, quem trata disso é o nosso companheiro, ministro Celso Amorim. Eu penso que todos os países da América do Sul, todos, da América Latina e mais os Estados Unidos, e mais o México, estão de acordo de que não é possível aceitar isso, a OEA não aceita. Portanto, eu acho que o isolamento de Honduras, enquanto não tiver um novo presidente eleito democraticamente, é uma decisão de todos os fóruns da América Latina.
Jornalista: E na Receita, a Lina, a Lina continua? E a Lina, continua na Receita?
Presidente: É o Guido que cuida disso.