
Na tarde de quarta-feira (22/10/2008), no auditório que leva o nome do saudoso amigo e colega Jurandir Oliveira – Jura, meu xará – do Departamento de Educação da UNEB, participei de uma Banca de Mestrado da estudante Márcia Souza da Purificação, bem orientada pelo Prof. Dr. Eduardo José Fernandes Nunes, um exemplo de cientista social baiano.
O trabalho de dissertação da Márcia Purificação discorre sobre “Educação e Desenvolvimento Humano: as práticas sócio-educativas e culturais nas escolas do Beco da Cultura, Nordeste de Amaralina, Salvador – Bahia”, onde ela relata importante iniciativa tomada pelas escolas públicas locais, tendo como parceiros ONGs e comunidade no sentido de prover os estudantes adolescentes do bairro de atividades extra-escolares, que a pesquisadora designa como “educação não–formal”, em horários opostos aos horários escolares, quando a escola oferece atividades profissionalizantes, artísticas, esportivas e lúdicas aos meninos e meninas do bairro.
O principal objetivo é o desenvolvimento humano dos jovens moradores dessa comunidade, o Nordeste de Amaralina, e a experiência se aproxima daquela educação em tempo integral, desejada por muitos, que ocupariam os estudantes diuturnamente e os tirariam da ociosidade, da exposição à violência, da marginalidade e das drogas – maiores problemas desse bairro popular de Salvador.
A escola eleita para o “estudo de caso” da pesquisadora Marcia foi o Colégio Estadual Carlos Santana I, pois entre as quatro escolas do Beco da Cultura (Rua Bamboche) é a que oferece mais atividades extra-escolares: cursos e oficinas de informática, artesanato, capoeira, fanfarra, dança, pintura, teatro, “hip-hop”, horta, xadrez, karatê, violino, viola, contra-baixo, teclado, português lúdico, matemática lúdica, boxe, música e formação humana.
Os profissionais envolvidos com as práticas de educação não-formal são em número de dezessete, na forma de seis profissionais contratados, quatro professores da escola, seis voluntários da comunidade e uma liderança comunitária. Estes são chamados de “facilitadores” da aprendizagem.
Os trabalhadores neste projeto são pedagogos, artistas plásticos, músicos, educadores e um terapeuta ocupacional.
Um universo de 760 alunos é beneficiado diretamente, porém há um efeito multiplicador fabuloso quando os familiares dos estudantes são também envolvidos na forma de participantes e expectadores.
Esse exemplo do Beco da Cultura é algo a ser seguido por outras escolas públicas e comunidades carentes da Bahia, por possibilitar a dignificação humana dos jovens habitantes de bairros populares de Salvador – tão necessitada de iniciativas desse porte e de todo tipo de equipamentos comunitários.
Repito: um exemplo a ser seguido.