Rota do Cacau promove desenvolvimento econômico e sustentável na Bahia e no Pará

Chocolate produzido na Bahia é destaque nacional.
Chocolate produzido na Bahia é destaque nacional.

Gera empregos, aquece a economia, promove a recuperação de áreas florestais e, ainda, é gostoso e saudável. O cacau é uma das grandes promessas de crescimento do setor agrícola no Brasil e, consequentemente, de promoção de desenvolvimento regional, o que motivou a criação da Rota do Cacau. Atualmente, 90% da produção nacional está concentrada nos estados da Bahia e do Pará. O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) identificaram o potencial dessas regiões e disponibilizam apoio técnico para estruturar a cadeia produtiva local por meio do Programa Rotas de Integração Nacional.

No Brasil, o cultivo concentra-se, principalmente, em dois polos: Litoral Sul da Bahia, que abrange 26 municípios na Mata Atlântica; e Transamazônica, englobando 11 cidades paraenses na região da Floresta Amazônica. O Pará vem surpreendendo e ultrapassou a Bahia, até então líder na produção. Em 2016, foram 117 mil toneladas de cacau produzido em aproximadamente 170 mil hectares no estado paraense. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o País é o 7º maior exportador do produto no mundo. A agregação de valor do cacau supera 2.000% desde a amêndoa até o chocolate e a cadeia produtiva movimenta R$ 20 bilhões no território nacional.

O objetivo do MDR é impulsionar a produção em sistemas agroflorestais (SAFs) e contribuir com a produção de riqueza – bens e serviços – e sustentabilidade das regiões. A atividade gera emprego, especialmente na agricultura familiar e extrativista em regiões de baixa renda.  A secretária nacional de Desenvolvimento Regional e Urbano, Adriana Melo, explica que as Rotas de Integração Nacional são estratégia fundamental da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) e contribuem com o desenvolvimento e inclusão socioeconômica de municípios menos desenvolvidos. “As Rotas atuam na estruturação produtiva e na integração econômica das regiões. Com isso, ampliamos nossa participação nos mercados nacionais e internacionais de produção, consumo e investimento”, destaca a secretária.

A Fazenda Panorama, localizada na cidade de Uruará – região do Xingu, Polo Transamazônica (PA) -, está na Rota do Cacau e conquistou, recentemente, o primeiro e segundo lugares na categoria Blend no I Concurso Nacional de Qualidade do Cacau Especial do Brasil. A avaliação considerou dezenas de detalhes e aspectos das amêndoas e o produto paraense se destacou pela qualidade e paladar. Para Helton Gutzeit, neto do pioneiro na produção de cacau na região, e que hoje está no comando da produção na Panorama, os prêmios servem de incentivo e inspiração aos outros produtores paraenses. “É como se reconquistássemos nossa autoestima e voltássemos a acreditar em nosso potencial. Com isso, pretendemos crescer e incentivar, cada vez mais, os produtores da região a divulgarem nosso cacau, brasileiro e paraense”, destaca.

Tecnologia e sustentabilidade no campo

O consumo do cacau no mundo cresce mais rápido que a capacidade de produção da matéria-prima. O produto tem, portanto, grande potencial de importação e exportação. E a boa notícia é que o Brasil possui todos os elos da cadeia produtiva cacaueira e do chocolate, desde a produção de amêndoas, passando pelo processamento, até chegar à produção do chocolate.

Segundo Vitarque Coelho, coordenador de Sistemas Produtivos e Inovativos do MDR, as Rotas de Integração disponibilizam apoio técnico para que produtos de grande potencialidade em determinadas regiões possam ter a produção ampliada ainda mais e com qualidade. “As Rotas promovem capacitações; possibilitam acordos de cooperação com universidades para difusão de conhecimento e tecnologias; contribui com a organização dos agricultores familiares, empresários e órgãos públicos e privados de fomento ao desenvolvimento. É fundamental disponibilizarmos esse planejamento e mão de obra capacitada no campo, na indústria e serviços”, destaca.

A Fazenda Panorama, construída por uma família alemã que já está na quarta geração, se destaca pela produção de um cacau de qualidade, diferenciado pela fermentação e pela variedade de aromas. O fruto paraense possui, ainda, teor mais alto de manteiga, o que em termos de qualidade o iguala ao padrão do mercado internacional. Esse diferencial se dá, principalmente, pelo fato de o cacau amazônico estar em seu bioma de origem e na linha do equador.

Segundo Helton Gutzeit, a fazenda possui mais de 2 mil hectares de terras férteis, 12 funcionários fixos e 30 famílias que vivem e cultivam cacau na Agrovila. São produzidas em torno de 400 toneladas ao ano, sendo que o quilo é vendido por cerca de R$ 8 reais. “O cacau pode ser uma grande alavanca no desenvolvimento do Pará e uma alternativa para desenvolver a Amazônia de forma sustentável, já que seu cultivo pode recuperar áreas degradadas. É uma forma, também, de reduzir o êxodo rural, uma vez que é uma cultura perene e mantém as pessoas durante bastante tempo nesta tradição”, destaca Gutzeit.

A sustentabilidade no cultivo do fruto é graças ao sistema de plantio denominado Cabruca – 65% sol e 35% sombra das plantas, o que garante a utilização de árvores e replantio.  Dessa forma, não é necessário fazer nenhum tipo de desmatamento e, ainda, promove a recuperação e reflorestamento de áreas degradadas.

Rotas de Integração Nacional

As Rotas de Integração Nacional são redes interligadas de Arranjos Produtivos Locais (APLs) que promovem inovação, diferenciação, competitividade e lucratividade de empreendimentos associados, a partir da coordenação de ações coletivas e iniciativas de agências de fomento. Atuam de acordo com diretrizes da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) e são parte das estratégias do MDR para inclusão produtiva e o desenvolvimento de regiões de regiões.

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