Salvador: Novo espetáculo do Grupo Teatro dos Novos é o espelho do Brasil estilhaçado

Cena do espetáculo 'Os Demônios'.
Cena do espetáculo 'Os Demônios'.
Cena do espetáculo 'Os Demônios'.
Cena do espetáculo ‘Os Demônios’.

A partir do romance homônimo de Fiódor Dostoiésvki, que se inspira no assassinato de um estudante russo, em 1869, o espetáculo ‘Os Demônios’ traça um percurso ritual trágico. Nele, um grupo de revolucionários cria uma atmosfera progressiva e sucessiva de caos, que se instala em meio ao contexto político decadente da Rússia do final do século XIX, o que detona uma grande crise social. Esse panorama encontra correspondência no Brasil de hoje, ao expor uma série de contradições, intolerâncias e polaridades. Com um elenco de 23 atores e atrizes em cena, o tempo inteiro essa história é contada com uma dinâmica impregnada de musicalidade, na qual o público está imerso.

A direção musical de Heitor Dantas explora as sonoridades e nuances vocais e corporais do elenco, com o desenvolvimento de improvisações e utilização materiais e objetos propostos de maneira colaborativa. O resultado é um ambiente de contrastes, que incorpora referências do universo urbano, das memórias de infância da ancestralidade, que de alguma forma organizam o caos.

“Eu apresentei o projeto ao diretor teatral Marcio Meirelles para fazer essa montagem com o grupo Teatro dos Novos. Escolhi ‘Os Demônios’, por ser um projeto que eu já tinha engavetado há um tempo, já tinha lido há uns quatro anos. Esse livro me apaixonou pela sua trama, pela sua intensidade. A gente vai manter essas referências da Rússia do século XIX, mas a nossa história é dos atores desse século, dessa pequena multidão que a gente conseguiu agregar”, conta Daniel Guerra.

O cenário móvel da arquiteta e artista plástica Amine Barbuda – também co-diretora – é formado por 40 biombos que se espalham, recriam e transformam o espaço cênico. Manipulados pelos atuantes, tecem os encontros subversivos entre os comparsas, suas relações dúbias, em que coexistem amor e ódio, verdade e mentira. No diálogo com a cenografia, a iluminação de Pedro Dultra Benevides se baseia no desenho dessa espacialidade e nos corpos dos atores.

“A gente quis tratar a Rússia como um espaço-tempo indefinido, com influências da pintura da época, com referências japonesas. E o cenário é todo móvel, para que essa movimentação seja sempre feita entre público e atores”, explica Amine Barbuda.

A nova montagem do Grupo Teatro dos Novos reúne atores convidados e selecionados através de oficina. O texto é uma adaptação da dramaturga e atriz Bárbara Pessoa.

O Teatro Vila Velha tem o apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.

Fundo de Cultura do Estado da Bahia 

Criado em 2005 para incentivar e estimular as produções artístico-culturais baianas, o Fundo de Cultura é gerido pelas Secretarias da Cultura e da Fazenda. O mecanismo custeia, total ou parcialmente, projetos estritamente culturais de iniciativa de pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado. Os projetos financiados pelo Fundo de Cultura são, preferencialmente, aqueles que apesar da importância do seu significado, sejam de baixo apelo mercadológico, o que dificulta a obtenção de patrocínio junto à iniciativa privada. O FCBA está estruturado em 4 (quatro) linhas de apoio, modelo de referência para outros estados da federação: Ações Continuadas de Instituições Culturais sem fins lucrativos; Eventos Culturais Calendarizados; Mobilidade Artística e Cultural e Editais Setoriais.

Agenda

O quê: espetáculo ‘Os Demônios’ – Grupo Teatro dos Novos

Quando: de 1º a 18 de novembro, de quinta-feira a domingo, às 19 horas

Onde: Teatro Vila Velha, em Salvador

Classificação etária: 14 anos

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