O Grupo de Lima, que reúne países latino-americanos incluindo o Brasil, condenou qualquer ação ou declaração que “implique uma intervenção militar ou o exercício da violência, a ameaça ou o uso da força na Venezuela”. A declaração do bloco foi divulgada após o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, ter afirmado que não se pode descartar uma ação militar para tirar Nicolás Maduro do poder.
Além do Brasil, apoiaram a manifestação os governos da Argentina, do Chile, da Costa Rica, Guatemala, de Honduras, do México, Panamá, Paraguai, Peru e de Santa Lúcia. O Grupo de Lima foi criado em agosto do ano passado para buscar uma saída pacífica à crise da Venezuela.
Na nota, disponível no portal do Itamaraty, os países reafirmam “o compromisso de contribuir para a restauração da democracia na Venezuela e para superar a grave crise política, econômica, social e humanitária que esse país atravessa, por meio de uma saída pacífica e negociada”. Para isso, comprometem-se a adotar ações baseadas no Direito Internacional.
O Grupo de Lima cobra do regime venezuelano o fim das violações dos direitos humanos, a libertação dos presos políticos, o respeito à autonomia dos poderes do Estado. Afirma ainda que o governo Maduro tem de assumir “a responsabilidade pela grave crise que a Venezuela vive hoje”.
O governo venezuelano anunciou que denunciará Almagro, nas Nações Unidas, por estimular a intervenção militar no país.
“A Venezuela denunciará na ONU e em outras instâncias internacionais Almagro que, de forma vulgar e grotesca, tem usado a Secretaria-Geral da OEA para promover a intervenção militar em nossa Pátria e atentar contra a paz na América Latina e Caribe”, disse, em sua conta no Twitter, a vice-presidente Delcy Rodríguez. Para ela Almagro pretende reviver “os piores expedientes de intervenção militar imperialistas” no continente.
OEA: secretário diz nada o deterá até que a ditadura caia na Venezuela; Mensagem foi postada nas redes sociais
Após visitar Cúcuta (na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela), o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o uruguaio Luis Almagro afirmou que não ficará em silêncio nem deixará a entidade internacional “até que a ditadura caia” na Venezuela.
A afirmação ocorreu dois dias depois de Almagro afirmar que não descarta a hipótese de intervenção militar na Venezuela. O Brasil e demais países que formam o Grupo de Lima condenaram a alternativa.
“Eu não me calo nem saio, os líderes dos governos que queriam que eu ficasse quieto são cúmplices [do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro] e queriam que eu fosse embora, mas não farei isso até que a ditadura caia”, afirmou ontem (16/09/2018) Almagro em sua conta no Twitter .
Crise
Em uma mensagem de mais de seis minutos, Almagro discorre sobre a crise humanitária que dominou a Venezuela e o êxodo migratório na região. “São vítimas do horror da ditadura”, disse o uruguaio. “Nossa mensagem não é de violência, mas é precisamente para deter a violência, para impedir a agressão e a repressão.”
Almagro destacou que há “falta de ação do regime Maduro”, provocando uma reação coletiva da comunidade internacional para trabalhar em proteção dos venezuelanos. Segundo ele, suas palavras sobre a hipótese de intervenção militar na Venezuela foram mal interpretadas.
“Devemos agir de acordo com o direito internacional e o sistema interamericano, é o que fazemos quando denunciamos os crimes de violação dos direitos humanos, a corrupção e a vinculação do governo ao narcotráfico perante o Tribunal Penal Internacional”, disse o secretário-geral da OEA.
Almagro agradeceu a Colômbia e a todos os países que apoiam os imigrantes venezuelanos.
*com informações da Agência Brasil e EFE.