A relação entre o Instituto Paraná Pesquisa e os membros do conservadorismo, com destaque para políticos do PSDB e Democratas, coloca em dúvida a qualidade técnica dos dados apresentados pelo instituto. Uma matéria do site O Cafezinho, redigida por Miguel do Rosário, revela que o diretor do Instituto Paraná, Murilo Hidalgo, foi convidado a fazer parte do governo de Carlos Alberto Richa (Beto Richa, PSDB, Paraná).
Outro assunto controverso envolvendo o diretor do Instituto Paraná Pesquisa, Murilo Hidalgo, é sobre a pesquisa eleitoral realizada pela empresa, no segundo turno das eleições de 2014, em que apontou Aécio Neves (PSDB/MG) como eleito, obtendo 54% das intenções de voto. Enquanto Dilma Rousseff perderia a eleição, apresentando 46% das intenções de voto.
A grave “falha” estatística foi severamente criticada pela imprensa nacional, que observou uma tentativa de influenciar o pleito, apresentando dados estatísticos com “grave desvio”. Observa-se que, em 2014, Dilma Rousseff (PT) foi eleita com 51.65%, enquanto Aécio Neves obteve 48.35% das intenções de voto.
Sem credibilidade
Em entrevista à Revista Ideias, ao explicar a falha na pesquisa, Murilo Hidalgo sintetiza em três frases o pensamento sobre o que é pesquisa e para que ela serve:
— O eleitorado não dá mais credibilidade pro Ibope e pro Datafolha, isso está provado, ele dá credibilidade ao órgão que divulga. A credibilidade não é do Ibope nem do Datafolha, é do meio de comunicação. O instituto não é forte, forte é quem dá a notícia. — Afirmou Murilo Hidalgo.
— O Eduardo Campos me falou antes de morrer, ‘Murilo, com essas pesquisas eu não consigo dinheiro pra nada’. — Citou Murilo Hidalgo.
— O maior problema dos políticos quando aparecem mal nas pesquisas não é nem o resultado da eleição, é financeiro, se cair nas pesquisas a fonte começa a secar. — declarou Murilo Hidalgo.
Pesquisa na Bahia
A trajetória do empresário Murilo Hidalgo e as falhas do Instituto Paraná Pesquisa colocam em dúvida a credibilidade da pesquisa apresentada, em que o prefeito de Salvador, ACM Neto, aparece liderando a intenção de voto para o governo do estado.
Segundo o Instituto Paraná, ACM Neto (DEM) lidera a intenção de votos com os mágicos 54,5%. Em seguida, aparece o governador Rui Costa (PT), com 24,1%; senador Otto Alencar (PSD), com 4,7%, e Fábio Nogueira (Psol), com 2,9%. Os indecisos somam 4,3%, e 9,5% não escolheram nenhum dos candidatos.
Aplicado o pensamento do empresário Murilo Hidalgo ao resultado da pesquisa, pode-se inferir que ela não tem credibilidade e objetiva manter as poucas lideranças que apoiam ACM Neto coesas, até o pleito de 2018.
Observa-se que o trabalho desenvolvido pelo governador Rui Costa, na capital do estado, alcança significativo reconhecimento da população da Região Metropolitana de Salvador.
Observa-se, também, que parlamentares da oposição, em viagem ao interior do estado, percebem intensa identificação popular com o trabalho de Rui Costa. Fato revelado por fontes ao Jornal Grande Bahia.
Neste cenário, é crescente a dificuldade que o neto do deputado do Golpe Civil/Militar de 1964 apresenta, para uma possível candidatura em 2018.
Caso Lava Jato
As dificuldades de ACM Neto não se restringem a manutenção de uma base política coesa. ACM Neto foi citado em delação de ex-executivos da Odebrecht, como beneficiário em esquema de corrupção, cuja contrapartida foi a obra executada pela empresa, na orla da Barra, em Salvador.
Além do inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República e encaminhado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), à Justiça Federal da Bahia, para apurar a participação de ACM Neto no Caso Lava Jato, o prefeito observou destacados aliados perderem postos na República.
Aécio Neves foi afastado do mandato de senador e encontra-se com pedido de prisão em análise pela 1ª Turma do STF.
Geddel Vieira Lima (PMDB/BA), em decorrência do Caso La Vue, renunciou ao cargo de ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República. Além deste fato, investigações federais relacionam a atuação do político no Caso Cui Bono, e delatores da Odebrecht citam esquema de corrupção ocorrido entre 2007 e 2010, em que foram pagos R$ 3,6 milhões à Geddel Vieira Lima.
Completando o ciclo de políticos conservadores inter-relacionados com o Caso Lava Jato, e o prefeito ACM Neto, aparece o governador do Paraná, Beto Richa, cujo inquérito em que apura envolvimento do político no caso corrupção, tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ), sendo relatora a ministra Nancy Andrighi.