Deus é golpista | Por Luiz Holanda

Senadores Aécio Neves e Renan Calheiros, ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Artigo aborda envolvimento de personalidades da República no Caso Lava Jato.
Senadores Aécio Neves e Renan Calheiros, ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Artigo aborda envolvimento de personalidades da República no Caso Lava Jato.
Senadores Aécio Neves e Renan Calheiros, ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Artigo aborda envolvimento de personalidades da República no Caso Lava Jato.
Senadores Aécio Neves e Renan Calheiros, ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Artigo aborda envolvimento de personalidades da República no Caso Lava Jato.

O ex-sindicalista Lula da Silva e a cúpula do PT resolveram adotar a técnica de negar as evidências sobre as bandalheiras ocorridas nos governos lulista e dilmista. O método utilizado é o de incutir na cabeça dos eleitores da periferia que tanto ele como a companheira Dilma são vítimas de uma perseguição seletiva, destinada a acabar com a sua liderança e com o próprio partido.

A estratégia demagoga utilizada pelo ex-sindicalista e seus acólitos é que essa “perseguição” nada mais é do que uma vingança por seu mandato ter supostamente tirado da pobreza, em apenas oito anos, 36 milhões de pessoas, além de ter permitido aos mais pobres “viajar de avião”.

Muito embora isso seja um escárnio em meio a uma herança maldita deixada pelo seu desgoverno, o fato é que já chega a quase 200 o número de pessoas presas em decorrência desses dois mandatos, corruptos e corruptores. Até o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, perdeu o posto e o mandato por pertencer ao grupo da corrupção.

Agora chegou a vez de Renan Calheiros, presidente do Senado, ligado a Michel Temer e acusado de ter recebido dinheiro da Transpetro, juntamente com Jader Barbalho, José Sarney, Romero Jucá e Valdir Raupp, todos do PMDB.

Os grampos de Sérgio Machado, que na época comandava a Transpetro, evidenciaram que havia um projeto para estancar a Lava Jato, conforme declaração do senador Jucá, acusado de corrupção por tudo quanto é lado. O senador disse que a única maneira de estancar a “sangria” proporcionada pela Lava Jato seria o impeachment da gerentona, e que isso precisava ser agilizado o mais rápido possível.

“É um acordo botar o Michel num grande acordo nacional. Com o Supremo, com tudo, aí parava tudo”, disse Sergio Machado, o delator que revelou ser a pessoa que levava as propinas para os próceres do PMDB.

Para se abrir o processo de impeachment fazia-se necessário o apoio do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que, à época andava às voltas com inúmeras denúncias de corrupção por parte do procurador geral da República, Rodrigo Janot. Cunha sabia que o cerco contra a sua pessoa estava se fechando, e isso poderia diminuir sua força para desencadear o processo, pois somente ele, como presidente da Câmara, poderia fazê-lo.

A Lava Jato estava se aproximando do governo e do Congresso, e isso era insuportável. Somente um fato novo poderia deter essa aproximação. Cunha sabia que, cedo ou tarde, a vítima seria ele, principalmente pelo cerco imposto por Janot. Daí a tática adotada de alegar que as denúncias contra si nada mais eram do que uma perseguição orquestrada pelo Palácio do Planalto.

De posse de uma petição apresentada pelo advogado Miguel Reale e pela histriônica e nervosa advogada Janaína Paschoal, Cunha ordenou a abertura do processo de impeachment contra a presidente. E mais: comandou todos os atos procedimentais sentado na cadeira da presidência da Câmara, impassível, imperturbável e ditando para seus acólitos o modo como deviam proceder.

O resto, todos sabemos. Os procedimentos necessários para se atuar de acordo com a lei foram afastados. Contando com o apoio de Michel Temer, Romero Jucá e alguns próceres do PMDB, Cunha deu um golpe de Estado usando apenas a Constituição.

Segundo Ilana Casoy, autora do Serial Killers Made in Brazil, o direito, aqui entre nós, é na base do pedido. Daí o pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF), cujos ministros (alguns, é claro), passaram a emitir opiniões sobre a legalidade do processo, incentivando, assim, o seu prosseguimento.

Transportado para o Senado, que é quem dá a última palavra sobre o assunto, o julgamento teve cenas de cura e exorcismo. Ali a senhora Janaína Paschoal, a “advogada do impeachment”, portou-se com tanto histerismo que chegou a constranger até quem a apoiava.

Numa manifestação pública no Largo do São Francisco -aos berros e rodando a baiana-, essa senhora, possessa, disse que Deus era golpista.  Michel Temer, quando soube do fato, afirmou para alguns amigos que, diante dessa loucura, fica difícil dizer para o povo que as eleições que destruíram o PT não foram consequências do golpe. Foi obra de Deus.

*Luiz Holanda é advogado e professor universitário.

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Sobre Luiz Holanda 474 artigos
Luiz Holanda é advogado e professor universitário, possui especialização em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (SP); Comércio Exterior pela Faculdades Metropolitanas Unidas de São Paulo; Direito Comercial pela Universidade Católica de São Paulo; Comunicações Verbais pelo Instituto Melantonio de São Paulo; é professor de Direito Constitucional, Ciências Políticas, Direitos Humanos e Ética na Faculdade de Direito da UCSAL na Bahia; e é Conselheiro do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/BA. Atuou como advogado dos Banco Safra E Econômico, presidiu a Transur, foi diretor comercial da Limpurb, superintendente da LBA na Bahia, superintendente parlamentar da Assembleia Legislativa da Bahia, e diretor administrativo da Sudic Bahia.