Juiz Sérgio Moro diz que morte de Celso Daniel pode ter ligação com esquema de corrupção

Fachada do jornal Diário do Grande ABC, investigado pela Operação Lava Jato na 27ª fase, chamada de Carbono 14.
Fachada do jornal Diário do Grande ABC, investigado pela Operação Lava Jato na 27ª fase, chamada de Carbono 14.
Fachada do jornal Diário do Grande ABC, investigado pela Operação Lava Jato na 27ª fase, chamada de Carbono 14.
Fachada do jornal Diário do Grande ABC, investigado pela Operação Lava Jato na 27ª fase, chamada de Carbono 14.

O juiz federal Sérgio Moro disse na sexta-feira (01/04/2016) que o suposto esquema de corrupção investigado na 27ª fase da Operação Lava Jato pode ter ligação com a morte do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, em 2002. A conclusão consta da decisão na qual Moro justificou as prisões do empresário Ronan Maria Pinto, dono do jornal O Diário do Grande ABC, e do ex-secretário do PT Sílvio Pereira.

O juiz federal Sérgio Moro participa de apresentação de um conjunto de medidas contra a impunidade e pela efetividade da Justiça, na sede Associação dos Juízes Federais do Brasil (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A suspeita foi levantada pelo juiz a partir das acusações do Ministério Público Federal (MPF) sobre o empresário Ronan Maria, condenado pelos crimes de extorsão e corrupção ativa por fraudes no sistema de transportes do município entre 2001 e 2002.  Na época, Celso Daniel, então prefeito, teria tomado conhecimento do suposto esquema antes de ser assassinado.

De acordo com os investigadores da Lava Jato, Ronan recebeu de R$ 6 milhões, metade de um empréstimo entre o Banco Schain e o PT, firmado em 2004. A legalidade do empréstimo é investigada na Lava Jato, na ação penal em que o pecuarista José Carlos Bumlai é réu. Os procuradores da Lava Jato suspeitam que o valor foi pago mediante extorsão do partido por parte do empresário.

Para Moro, há provas de que Ronan Maria foi destinatário de parte do valor do empréstimo e de que o valor foi pago mediante extorsão de integrantes do PT. Como um dos indícios, o juiz cita um depoimento do publicitário Marcos Valério, tomado em 2012, no qual o empresário relatou ter ouvido que a “contratação da Schain pela Petrobrás faria parte de esquema fraudulento destinado à quitação de empréstimo a José Carlos Bumlai junto ao Banco Schahin.” Valério foi condenado na Ação Penal 470, o processo do mensalão,

“É  ainda possível que este esquema criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, o que é ainda mais grave. Se confirmado o depoimento de Marcos Valério, de que os valores lhe foram destinados em extorsão de dirigentes do Partido dos Trabalhadores, a conduta é ainda mais grave, pois, além da ousadia na extorsão de, na época, autoridades da elevada administração pública, o fato contribuiu para a obstrução da Justiça e completa apuração dos crimes havidos no âmbito da Prefeitura de Santo André”, argumentou Moro.

De acordo com a acusação do MPF, Bumlai usou contratos firmados com a Petrobras para quitar empréstimos com o Banco Schahin. Segundo os procuradores, depoimentos de investigados que assinaram acordos de delação premiada revelam que o empréstimo de R$ 12 milhões se destinava ao PT e foi pago mediante a contratação da Construtora Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras, em 2009.

Por meio de nota, Ronan Maria Pinto disse “não ter relação com os fatos mencionados e estar sendo vítima de uma situação que, com certeza, agora poderá ser esclarecida de uma vez por todas”. O empresário acrescentou que sempre esteve à disposição para esclarecer as dúvidas dos investigadores sobre o caso.

Além dele, o ex-secretário do PT Silvio Pereira também foi preso sob suspeita de ter recebido dinheiro de empresas investigadas na Lava Jato. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares foi levado pela Polícia Federal para prestar depoimento por suspeita de ter envolvimento em um empréstimo do partido com o Banco Schain.

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