Análise sobre a implantação do Sistema BRT Feira de Santana | Por Bruno Sodré

Comparação entre o traçado do SIT 2016 e o Sistema BRT Feira de Santana 2014.
Comparação entre o traçado do SIT 2016 e o Sistema BRT Feira de Santana 2014.
Bruno Sodré é bacharel em engenharia.
Bruno Sodré é bacharel em engenharia.
Comparação entre o traçado do SIT 2016 e o Sistema BRT Feira de Santana 2014.
Comparação entre o traçado do SIT 2016 e o Sistema BRT Feira de Santana 2014.
Projeção da Avenida Maria Quitéria com a intervenção para implantação do Sistema BRT Feira de Santana 2014.
Projeção da Avenida Maria Quitéria com a intervenção para implantação do Sistema BRT Feira de Santana 2014.
Projeção de Via Arterial segundo a Lei de ordenamento do uso e ocupação do solo de Feira de Santana.
Projeção de Via Arterial segundo a Lei de ordenamento do uso e ocupação do solo de Feira de Santana.

A primeira coisa que deve ser abordada é que o traçado dos corredores não se adequa a geometria da cidade. Temos uma mancha urbana que se dilatou ao longo do anel de contorno e seguindo algumas rodovias, no entanto os corredores BRT se resumem a duas avenidas centrais, onde uma delas foi reduzida pela metade (Av. João Durval, trecho sul). Essa Carta Consulta foi encaminhada ao Ministério das Cidades dentro do programa Pró-Transporte com financiamento da CAIXA através do PAC 2.

O fato de Feira de Santana não possuir um Plano Diretor, nem Plano de Mobilidade Urbana implica que não há estratégia bem definida de como “movimentar” as pessoas no município. O projeto inicial encaminhado em 2012 na gestão de Tarcízio Pimenta era um pouco melhor do que o da atual gestão municipal, porque levava o corredor João Durval até o Tomba, fazendo a ligação Norte-Sul, porém esse trecho foi retirado porque custaria cerca de R$ 60 milhões. Essa “economia” de dinheiro foi usada pela equipe do Prefeito José Ronaldo para viabilizar a construção das tais trincheiras, promessas de campanha da última eleição.

O que deve estar claro é: O BRT não muda nada do atual sistema! Ele apenas faz ligação do Terminal Central aos Shoppings, ou seja, quando alguém quiser andar de BRT só tem como destino os Shoppings (Boulevard e Parque Feira Shopping). E quem paga o sistema? O trabalhador informal que não tem moto, que não tem carro. São eles que pagam a gratuidade dos idosos, a meia-passagem dos estudantes, a gratuidade dos funcionários dos correios, oficiais de justiça, dentre outros. Porém, a Política Nacional de Mobilidade Urbana estabelece que os custos do sistema de transporte devem incidir também por aqueles que são beneficiados pela demanda (comércio, industria, serviços, etc.).

Trincheiras

O que precisa ser falado sobre as trincheiras é que no mundo moderno e com o advento da LEI Nº 12.587, DE 03 DE JANEIRO DE 2012 (Lei da Mobilidade Urbana), o privilégio não é mais do automóvel. As vias devem seguir a seguinte prioridade: pedestre, meios de transportes não motorizados, transporte público e por último, se sobrar espaço, os carros. Hoje em Feira de Santana essas obras nada mais são do que “obra pra inglês ver”, tal como o Minhocão em São Paulo, obra qu desvalorizou imoveis, favoreceu criminalidade (…).

A justificativa é que para melhorar o trânsito no cruzamento de duas artérias, é necessário fazer intervenções (trincheiras, viadutos e afins), mas o foco deve ser diversificar os modais de transporte. Uma coisa é o transito de carros, outra bem diferente é a mobilidade urbana. Melhorar o trânsito não melhora a mobilidade, mas melhorar a mobilidade melhora o trânsito porque reduz o volume de carros nas ruas.

Plano Diretor

Uma cidade sem planejamento não oferece qualidade de vida a seus cidadãos. Não se pode mais pensar numa cidade que se divide entre centro e periferia, em que o centro tem tudo e periferia tem nada. É preciso homogeneizar a cidade, dotar os bairros de infraestrutura adequada, distribuir os serviços. Por exemplo, quem mora no tomba (60 mil habitantes) e necessita de serviços bancários deve se dirigir ao centro. Isso demanda mais transporte, sobrecarregas as vias centrais, ao passo que reduzir o número de viagens dotando a periferia de serviços, melhora-se a mobilidade urbana.

Colocar carros nas ruas traz o efeito contrário: produz IMobilidade Urbana por conta dos congestionamentos. Só um Plano Diretor bem elaborado e participativo (segmentos da sociedade envolvidos no processo) transformará essa cidade numa metrópole equilibrada.

*Bruno Sodré é bacharel em engenharia | E-mail: bruno.sodre.br@gmail.com.

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