Depressão é o transtorno psiquiátrico mais comum em pacientes com câncer. Núcleo de Oncologia da Bahia implanta serviço de psiquiatria para pacientes oncológicos

Sentimentos de tristeza e medo são comuns em muitos pacientes com câncer, o que, associado a outros fatores, podem resultar em uma depressão. Apesar de todos os avanços no tratamento do câncer, que têm garantido cada vez mais qualidade de vida aos pacientes, as pessoas precisam enfrentar, muitas vezes, algumas limitações físicas por conta da doença. E não é apenas o físico que fica abalado. Não à toa, a depressão é considerada o transtorno psiquiátrico mais comum em pacientes oncológicos, com taxas de 22% a 29%.

Para atender esses pacientes, o Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB) acaba de implantar o serviço de psiquiatria, ampliando o suporte em saúde mental para os pacientes com câncer, uma vez que a unidade já conta também com atendimento psicológico. A proposta é poder oferecer ao paciente atenção integral através de uma equipe multidisciplinar para o tratamento do câncer. À frente do novo serviço, estará a psiquiatra Sara Mota Bottino, doutora pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP e médica assistente do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP.

Os sintomas depressivos podem ser específicos, como alterações no humor, ansiedade e queixas cognitivas, ou se manifestar como uma síndrome neurovegetativa; sintomas de fadiga, anorexia, dor e retardo psicomotor, com a superposição dessas síndromes, em muitos casos.

De acordo com a psiquiatra, a incidência da depressão associada ao câncer pode variar de acordo com a evolução da doença e os tratamentos utilizados. “A identificação da depressão é um desafio para o médico que atende pacientes com câncer”, considera a médica. Muitas vezes tanto os pacientes como os médicos têm dificuldade em distinguir os sentimentos de tristeza dos sintomas depressivos.  Segundo a especialista, os estudos têm demonstrado que os pacientes não falam sobre o seu estado mental e querem parecer fortes, acreditando que, se falarem  sobre esses sentimentos, o médico vai tirar a atenção do tratamento oncológico ou vai desistir deles. A outra dificuldade é porque muitos sintomas como diminuição do apetite, sono e cansaço podem estar presentes na depressão ou podem ser decorrentes do câncer ou mesmo dos tratamentos.

O estado emocional do paciente com câncer é essencial para os resultados do tratamento e, consequentemente, a cura. “A identificação precoce de um quadro depressivo e o tratamento adequado são fundamentais no processo. O tratamento da depressão melhora a adesão aos tratamentos do câncer, reduzindo efeitos adversos como náusea, dor e fadiga”, explica.Intervenções psicossociais, como técnicas de relaxamento, terapia individual e em grupo, também podem ser utilizadas na redução dos sintomas depressivos e de estresse em pacientes com câncer.

Diagnóstico – A depressão em pacientes com câncer frequentemente não é diagnosticada e, portanto, não tratada. Segundo mostram estudos realizados sobre o tema, as barreiras para o tratamento da depressão em pacientes com câncer podem decorrer da incerteza sobre o diagnóstico e o tratamento, além do tempo por vezes limitado para investigar questões emocionais e dos custos associados ao tratamento. “A própria natureza da síndrome depressiva − sentimentos de desvalia e desespero – inibe a procura de cuidado e interfere na capacidade dos pacientes para avaliar a distorção emocional e cognitiva decorrente da depressão, muitas vezes atribuída ao câncer”, diz Sara Mota.

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