Empresário do ramo farmacêutico de Feira de Santana, João Borges, concede entrevista ao diretor do Jornal Grande Bahia, Carlos Augusto, onde discorre sobre: carreira política, custo dos medicamentos, a morte da mãe e perseguições.
“Eu não me sinto decepcionado por isso. Porque esse esforço eu fiz para ajudar a população brasileira. A gente às vezes tem vontade de revolucionar não somente a Bahia, nem o Brasil, até o mundo ou até o universo. A gente é bem extensivo nesse sentido. Porque podemos fazer melhor. E como você não pode faze, porque depende de um voto, de uma pessoa que vendeu o voto. Que não sabe discernir o certo do errado. Você se sente nulo. É como falar o certo para pessoas erradas. Esse é o grande problema.”
Jornal Grande Bahia – Empresário João Borges, o senhor teve uma militância política e não conseguiu em momento algum se eleger. Pretende continuar agora em 2012, candidato?
João Borges – Graças a Deus não.
JGB – E quanto à rede de farmácias, o senhor tem empreendido em outro segmento. Poderia nos falar um pouco o que lhe levou a investir em outro segmento empresarial?
João Borges – O mercado é muito vasto. Então, nós temos que ir saindo das coisas nas horas certas. Como empresário a gente vai sentido o que não é mais como era antes, vender remédios. São muitos órgãos públicos, muitos entraves. Os preços de medicamentos que poderia ser R$ 1, custam R$ 15, R$ 20, R$ 50, isso revolta a gente. Hoje em dia é muito duro ser honesto, é duro. A gente ver tudo isso e não poder fazer nada.
JGB – Parece que o senhor está migrando ou montando negócios no ramo ótico.
João Borges – Este ramo ótico foi um acaso, e não deixa de ser um negócio. Nós adquirimos também algumas fazendas, e estamos em vários segmentos do mercado. Porque é melhor a gente ter vários riscos, do que ter um só risco.
JGB – O senhor ao longo de toda a trajetória da Farmácia do Caroa, sempre utilizou a imagem de sua mãe, até mesmo como uma forma de homenageá-la. Agora que ela não está mais entre nós, o senhor pretende utilizar qual imagem para poder agregar valor aos seus negócios?
João Borges – Você falou sobre minha mãe? Olha! A minha mãe faleceu, lógico, mas eu sinto a presença dela, como se ela estivesse viva. Recentemente eu tive um sonho, em que eu cheguei a um determinado lugar, não conhecia aquele lugar, e falei: o que estou fazendo aqui sozinho? Ai, eu encontrei mamãe, e ela disse: “Ô, Joãozinho”. Eu falei “mamãe, a senhora aqui”. Ela respondeu: “Eu estou com você, Joãozinho”. Então, para mim, mamãe não morreu. Continua em meu coração.
JGB – Voltando um pouco a questão política. Então, o senhor se sente um pouco decepcionado, por isso pretende abandonar totalmente?
João Borges – Não! Eu não me sinto decepcionado por isso. Porque esse esforço eu fiz para ajudar a população brasileira. A gente às vezes tem vontade de revolucionar não somente a Bahia, nem o Brasil, até o mundo ou até o universo. A gente é bem extensivo nesse sentido. Porque podemos fazer melhor. E como você não pode faze, porque depende de um voto, de uma pessoa que vendeu o voto. Que não sabe discernir o certo do errado. Você se sente nulo. É como falar o certo para pessoas erradas. Esse é o grande problema.
JGB – Durante essa entrevista, o senhor deixou mais ou menos claro que ficou um pouco insatisfeito com o ramo de medicamentos. A atuação dos órgãos federais na fiscalização das suas empresas fez com que o senhor desestimulasse de continuar no ramo?
João Borges – Em primeiro lugar, nós temos que ter respeito pela população. Quando você se sente desrespeitado, você se sente desestimulado, porque você fez direito e alguém querer acusar por uma coisa que você não cometeu é muito ruim. É ruim a gente ser direito, porque quando mais direito a gente é, mais indignação a gente tem. Esse é o grande problema, mais indignado você, com tanta coisa errada.
Talvez fosse porque eu coloquei um anúncio na televisão, eu mesmo falando, que o medicamento de 15 centavos, era vendido por R$ 15, por R$ 100, se ele for vendido em cartela é 15 centavos, ele custa 15 centavos na fábrica, no entanto se for colocado na caixa, e é vendido na caixa por R$ 15, R$ 100, dependendo da marca. Então, isso é uma indignação, isso é um assalto, isso é um roubo, mas como bater carteira agora não vai mais preso, então, está tudo valendo.
JGB – Então, o senhor poderia ser mais especifico. O senhor está dizendo que os órgãos que o autuaram, o autuaram de forma ilegítima?
João Borges – Companheiro! Eu agradeço muito a Deus, eu recebi muita proteção divina. E até de pessoas, como eu tenho orgulho, de pessoas dizerem João Borges, “se houver um homem honesto em Feira, este homem é você, pode ter um milhão de homens honestos, mas se houver só um, esse um é você”. Então, quando se houve essas coisas, isso até se estimula, você fica engrandecido, porque tem pessoas que reconhecem, embora, sendo a minoria. O pior é isso.
JGB – O senhor recentemente passou também por problemas na justiça federal. O senhor acredita que isso pode ser algum tipo de perseguição? Porque o senhor foi condenado na justiça federal, e recorreu dessa condenação.
João Borges – Eu fui condenado na justiça federal e entramos com recurso no Tribunal Regional Federal. A condenação não foi justa, em primeiro lugar, não é justo que por causa de mil e poucos reais, dizendo eles que não havia sido pago, e estava pago, mas pela perseguição, pela inveja, pela falta de consciência, querer condenar um cidadão. Não fui condenado, mil e poucos reais, aliás, não foi nem mil reais, foi R$ 700, importância irrisória. Importância que estava paga, que eu merecia uma indenização bilionária, mas infelizmente nós estamos no Brasil, e a gente as vezes se cala.
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