Conheça a biografia do jornalista Alberto Dines

Conheça a biografia do jornalista Alberto Dines.
Conheça a biografia do jornalista Alberto Dines.

Conheça a biografia do jornalista Alberto Dines.
Conheça a biografia do jornalista Alberto Dines.

Com um atraso de quase 200 anos, o jornalismo brasileiro ganhou seu divã permanente. Em 1996, o jornalista Alberto Dines criou o Observatório da Imprensa, um site destinado à análise e crítica da mídia nacional.

Lançado inicialmente apenas na internet, a principal arena do debate midiático brasileiro ganhou periodicidade e novas plataformas ao longo dos últimos 14 anos. Já foi impresso e possui versões no rádio e na TV. Passou a ser mensal, depois semanal, até chegar ao seu estágio atual: toda semana há uma edição nova na televisão, alimentada diariamente na web. Um trabalho e um ideal que tomaram corpo durante a carreira deste que é considerado por admiradores como um dos maiores jornalistas do País.

Crítico de cinema 

Antes de atuar como crítico de mídia, Alberto Dines foi crítico de cinema. Aos 20 anos, em 1952, teve seu primeiro trabalho na imprensa ao escrever para a revista A Cena Muda. Cinema é uma das paixões do jornalista que não chegou a concluir o Científico – como era chamado o Ensino Médio na época – e teve toda a sua formação como autodidata.

 Depois de escrever para A Cena Muda, Dines foi convidado para trabalhar na Visão, uma revista norte-americana editada no Brasil, que o contratou para fazer reportagens culturais. Foram cinco anos em que ele, além da experiência na redação, passou a ter contatos com outros temas e funções: foi responsável pela edição das capas da revista e também passou a fotografar.

Depois da Visão, Alberto Dines mudou para a Manchete, a princípio como repórter, mas meses depois na função de assistente de direção.  Tempos depois chegou aos jornais Última Hora e Diário da Noite, as primeiras experiências no jornalismo carioca e que deram ao jornalista o conhecimento e reconhecimento para encampar uma de suas maiores empreitadas.

Capas históricas no JB 

Na década de 1960, Alberto Dines enfrentou um de seus maiores desafios como jornalista. Foi convidado para ser editor-chefe do Jornal do Brasil em 1962. Anos antes, o jornal carioca (hoje apenas disponível na internet) havia passado por uma grande reformulação gráfica e editorial.

O dono do jornal à época, Manuel Francisco do Nascimento Brito, pedia um novo jornal. Dines sugeriu aperfeiçoamentos que depois se tornaram regras em outros veículos: dividir a equipe em editorias, pensar e produzir o jornal já pela manhã, realizar reuniões de pautas e criar um departamento de pesquisa foram algumas novidades dos 12 anos da Era Dines no JB.

Mas além dessas mudanças, a passagem de Alberto Dines ficou marcada pelo menos por duas capas históricas do jornal no período da ditadura militar. A primeira delas trazia na manchete a instauração do Ato Institucional nº 5 (AI-5), um dos marcos do início da censura prévia na imprensa.

Os censores foram driblados por dois pequenos textos na capa e no miolo do jornal, recheados de metáforas. Foi a maneira encontrada para avisar a população que a partir de então o JB estaria sob censura. No lado esquerdo, destinado à previsão do tempo, lia-se: “Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O país está sendo varrido por fortes ventos. Máx: 38° em Brasília. Min: 5° nas Laranjeiras” (os números referiam-se ao Ato Complementar nº 38, que decretou o recesso do Congresso, e também o AI-5, lido pelo então ministro da Justiça, Gama e Silva, no Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro). Em outro pequeno texto no alto da primeira página, outra mensagem a ser lida nas entrelinhas: “Ontem foi o Dia dos Cegos”.

Outra capa histórica, também sob direção de Dines, foi para as bancas em 1973 sem manchete ou foto. O assunto era o golpe militar no Chile e a morte do então presidente Salvador Allende. Proibido pela censura de colocar a história na manchete, mas autorizado a noticiá-la, Dines resolveu publicar toda a história na primeira página, “descaracterizando” a capa do JB. Meses depois, sob pressão do regime militar, Dines foi demitido do jornal.

Folha de S.Paulo – início à crítica 

O interesse pela crítica à mídia surgiu quando ainda trabalhava no Jornal do Brasil. Em 1964, Alberto Dines passou três meses nos Estados Unidos para realizar um curso na Universidade de Columbia, em Nova York. Lá ele presenciou uma ativa discussão sobre a prático do jornalismo e resolveu levar a ideia para o Brasil. No JB criou com Fernando Gabeira o Cadernos de Jornalismo para discutir os erros e acertos da profissão.

Mais de dez anos depois, Dines volta aos Estados Unidos como professor convidado da mesma Universidade de Columbia e novamente se depara com a discussão do papel da mídia durante a cobertura do caso Watergate, que levou à queda de Richard Nixon, o primeiro presidente daquele país a renunciar.

Durante a permanência nos Estados Unidos, Dines recebeu convite do jornalista Claudio Abramo para trabalhar na Folha de S.Paulo, um jornal que passava por reformulação. Convidado para ser editor-chefe da sucursal do Rio de Janeiro, Dines também passou a escrever sobre política e ganhou uma página de opinião. Além disso, pediu para o então Publisher da Folha de S. Paulo, Otavio Frias de Oliveira, um espaço para fazer sua crítica à imprensa: o Jornal dos Jornais ocupava a página seis, que desde 1989 publica a crítica do ombudsman do veículo.

Observatório da Imprensa 

Alberto Dines deixou a Folha de S.Paulo após fazer uma sátira no Pasquim (conhecido por fazer críticas à ditadura). A seção Jornal da Cesta trazia textos vetados pela direção da Folha.

Encerrada a fase no jornalismo diário, a carreira de Dines tomou novo rumo. Dedicou-se a escrever a biografia do escritor Stefan Zweig – com quem teve seu primeiro contato quando tinha 10 anos. Após a publicação do livro, trabalhou como consultor da Editora Abril e começou as pesquisas de sua segunda biografia – o autor de comédias Antonio José da Silva, o judeu, morto no século XVIII, em Portugal pela Inquisição.

Dines mudou-se para Lisboa para realizar as pesquisas do livro. O que era para ser uma temporada de um ano acabou virando oito anos graças à vontade de a Editora Abril lançar revistas em Portugal.

Mesmo de longe, as mudanças que começaram a acontecer na imprensa brasileira na década de 1980 – durante a redemocratização do País – deixaram o jornalista preocupado.

Naquele tempo, acabou se aproximando de Carlos Vogt, reitor da Unicamp interessado em implementar um centro de estudos de jornalismo na universidade de Campinas, interior de São Paulo. E assim surgiu o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), “pai” do Observatório da Imprensa.

O Observatório surgiu da necessidade de o Labjor atuar o mais próximo possível da sociedade, para leitores e telespectadores observarem a mídia de outra maneira. Apesar de iniciante, a internet foi escolhida como meio para fazer essa ligação pelo seu baixo custo: não havia necessidade de gastos com a parte gráfica ou a criação de uma redação física de jornalismo. Aliás, até hoje os colaboradores do Observatório estão espelhados por diferentes cidades e trabalham em rede. O nome de batismo veio de Portugal, de amigos que Dines fez lá e que já utilizavam Observatório da Imprensa em uma espécie de um programa “correspondente” ao Labjor.

Com o Observatório da Imprensa, Dines propõe que a crítica à mídia seja voltada para o público, que é quem consome a informação, para que ele passe e tenha meios de exigir mais e não aceitar todas as informações de maneira passiva. Não é à toa que o slogan escolhido foi: “Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito”.

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