A relação com a imprensa é o eixo da política de comunicação do governo, disse hoje o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Franklin Martins, durante o Ciclo de Palestras promovido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE).
Segundo Franklin Martins, a estratégia adotada pelo governo, especialmente no segundo mandato, foi a de atender à imprensa, sempre. “Para se ter uma ideia dessa mudança de postura, em 2005 o presidente Lula concedeu 43 entrevistas. Em 2009, foram 262”, disse.
O presidente, de acordo com o ministro da Secom, respondeu, em 2009, a 3.040 perguntas de repórteres, o que dá uma média de oito perguntas por dia, incluindo sábados e domingos. “O símbolo do trabalho da Secom neste governo é o quebra-queixo”, explicou, referindo-se à entrevista concedida a vários repórteres ao mesmo tempo, que geralmente circundam o entrevistado, de maneira pouco organizada.
“Chama-se quebra-queixo porque muitas vezes o entrevistado se machuca com um microfone ou um gravador. Mas é a mais eficaz na minha opinião, porque a repercussão é imediata”, explicou o ministro.
Outra estratégia da Secom nesse sentido foi a de atender a todo o tipo de imprensa: local, nacional, regional, do interior, popular, internacional e a mídia digital, incluindo portais e a blogosfera. As entrevistas exclusivas, por exemplo, cresceram de 14, em 2006, para 120 em 2009.
Para Franklin não é por meio de campanhas publicitárias que os gestores conseguirão passar suas mensagens. “Enfrentar as situações e defender-se, se for o caso, é o melhor caminho. Para isso, é preciso atender a imprensa”, afirmou.
O ministro da Secom disse ser favorável ao controle das empresas de comunicação por brasileiros, de acordo com a Constituição, e afirmou que o governo nunca teve a pretensão de controlar os meios de comunicação, como alegam alguns jornais. “O governo é contra qualquer tipo de controle a priori de conteúdo. Isso é censura”.
A comunicação integrada também foi apontada pelo ministro como uma das iniciativas de Lula que deram certo no setor. Em outras épocas, de acordo com ele, a comunicação do núcleo do governo era feita pela Secretaria de Imprensa, pelo porta-voz e pelos responsáveis pela publicidade institucional.
De acordo com ele, um exemplo simbólico da eficácia da comunicação integrada aconteceu quando a crise atingiu o Brasil, em novembro de 2008. “A comunicação integrada possibilitou que passássemos a ideia-chave de que o Brasil estava preparado para enfrentar a crise e sairia dela com mais rapidez se contasse com a participação ativa da população”, disse.
O presidente Lula passou, então, a dizer, em todas as suas entrevistas, que, ao consumir de forma responsável, a sociedade manteria a roda da economia girando, porque se o comércio não vendesse, não encomendaria da indústria, que produziria menos e precisaria demitir. Para Franklin Martins, isso foi determinante para a saída rápida da crise. “O consumo das classes C, D e E no Nordeste foi mais forte que os das classes A e B do Sul”.
A garantia absoluta de liberdade de imprensa e o profissionalismo e transparência com que o governo trata todos os veículos de imprensa do ponto de vista de oferecer acesso à informação também foram apontados pelo ministro da Secom como princípios da área de comunicação do governo Lula.
Segundo Franklin Martins, outra mudança no setor diz respeito à publicidade, que passou a atender aos critérios de mídia técnica e de regionalização. “Isso ampliou o alcance e democratizou o processo. Em 2003, o governo anunciava em 270 rádios e 179 jornais. Em 2009, foram 2.809 rádios e 1.883 jornais”.
Visão estratégica precisa incluir estímulo à produção de conteúdo nacional
A visão estratégica do País não pode ignorar as questões ligadas ao conteúdo veiculado pelos meios de comunicação, disse hoje o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Samuel Pinheiro Guimarães, durante reunião técnica sobre Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), promovida pela SAE.
“Cada filme, cada desenho animado dá uma visão de prioridades, de valores, de concepção do mundo”, disse o ministro, ao assinalar a importância do conteúdo nacional difundido no País nas diversas mídias.
O evento reuniu especialistas, produtores culturais, representantes de entidades e do governo para uma discussão sobre os aspectos regulatórios da produção e do consumo de conteúdos na mídia como parte de um plano de desenvolvimento de longo prazo para o País.
O projeto de desenvolvimento de longo prazo precisa incluir de forma central o estímulo à indústria cultural brasileira, afirmou o professor Marcos Dantas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ao destacar a necessidade de produção de um imaginário próprio a ser veiculado na mídia nacional.
Henrique Faulhaber, do comitê gestor da internet, chamou atenção sobre a produção de software como aspecto importante na distribuição de conteúdos. “A gente tem que ter uma doutrina sobre os mecanismos de produção e distribuição por meio de software”, disse.
A necessidade de uma política nacional de preservação de conteúdo digital nacional foi outro aspecto destacado por Faulhaber.
O produtor de cinema, Luiz Carlos Barreto, defendeu a realização de gestões junto ao Congresso Nacional para destacar a importância da aprovação do Projeto de Lei 29/2007, que regulamenta a veiculação de programas de TV paga por parte das companhias de telefonia, e do Vale Cultura.
Barreto expressou opinião favorável aos incentivos ao consumo de bens culturais através desse mecanismo, uma vez que já existem diversos estímulos à produção.
Uma política de consumo foi defendida também por Glauber Piva da Agência, Nacional de Cinema (Ancine), que alertou para a necessidade da preservação do conteúdo digital com a criação de um banco de conteúdos.
Ao final do encontro, o Secretário Executivo da SAE, Luiz Alfredo Salomão, fez um balanço da reunião técnica destacando que é preciso rever o marco legal sobre comunicação.
“O capítulo sobre comunicação social na Constituição Federal, assim como a Lei Geral de Telecomunicações estão completamente obsoletas em função da evolução da tecnologia”, disse Salomão.
Salientou que a convergência digital tornou evidente a necessidade de uma legislação aplicável a internet, televisão, TV digital e outras plataformas, já que a lei vigente só contempla telefonia fixa e TV aberta.
O Secretário disse que o financiamento existente para conteúdos digitais está focado na produção de filmes e material audiovisual. O consenso do grupo e de que os recursos dos diferentes fundos setoriais são escassos e deveriam abranger toda a cadeia produtiva, inclusive o consumo.
Os participantes da reunião organizada pela SAE constataram do mesmo modo que a TV é a mídia mais difundida e a principal produtora de conteúdos do país, e que a introdução da TV digital cria a possibilidade de interação. Por isso, destacaram a importancia de investir na produção de conteúdos para TV digital criando uma massa crítica para produção de conteúdos a serem exibidos em outras mídias.
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