Nós que amávamos tanto a revolução ou “é impossível ser feliz sozinho”
Nostálgicos comunistas realizam de quando em vez efemérides para reavivar a sua crença em um incerto porvir. Foi assim numa sugestiva noite de oito de outubro do ano passado, no evento de lançamento do livro “Polop – uma trajetória de luta pela organização independente da classe operária no Brasil”, em concorrido barzinho do Rio Vermelho (Salvador-Ba).
Para lá se dirigiu o solitário e viúvo amigo Luciano Serva Ferreira. Economista de profissão e barraqueiro de vocação. Almirante das Areias do Mar de Pituaçu, tantas vezes biografado aqui neste modesto blog (ver links abaixo).
Na fila de autógrafos o nosso personagem trocou insistentes olhares com uma distinta senhorita, desimpedida, e, segundo ele, naquele momento surgiu a vontade de encerrar o seu já longo luto e viuvez.
Ah a viuvez do nosso herói, tema recorrente das conversas de esperançosas moçoilas frequentadoras da sua barraca de praia, entre uma roska e outra. Tal assunto já foi exaustivamente comentado aqui neste espaço literário (de novo, ver links abaixo).
Tendo amigas comuns, Luciano e o seu objeto de desejo se reencontraram no seu habitat preferido, mesa de bar, e ali o mesmo proferiu erudita palestra sobre a qualidade da cachaça dos alambiques de barro do interior da Bahia.
Impressionada com tamanha sabedoria, a senhorita desimpedida comentou com uma amiga comum da atração nascida pelo nosso herói.
— Não serve, bebe muito — vaticinou a muy amiga. No que foi parcialmente injusta com o nosso personagem. Que bebe muito, não resta dúvida. Que não serve… os seus amigos peremptoriamente não concordam.
Mas voltando à história: longos meses se passaram até que novo encontro se estabelecesse. Obviamente numa mesa de bar, habitat preferido do nosso personagem, lembram?
Foi numa festa, e ali Luciano roubou o primeiro beijo — ou o foi roubado — quando convidou a nossa já heroína para ir até o seu carro presenteá-la com duas preciosidades: a indefectível constituição barracal e o magistral CD-Rom já comentado neste blog: “Pássaros e flores” (mais uma vez, ver link abaixo).
Em função oscular, Luciano é surpreendido pelo combativo jornalista Oldack Miranda, que acabara de chegar e pergunta:
— A festa acabou?
O prócer dos Ferreira entusiasticamente responde:
— Para mim está apenas começando!
Desde então, tudo é festa na vida do amigo Luciano. Uma centelha foi enviada pelo Divino para acender o oprimido e sofrido coração do saudoso viúvo.
Ainda não fez três meses, mas ele percebe como longos anos de convívio o tempo passado junto com a sua nova consorte — me confessou em conversa recente, quando, aproveitando o ensejo, trocamos viagreiras receitas.
Tal relação já tem padrinhos, como o best seller mineiro-baiano Nivaldo Lariú e sua querida Janete, cúmplices do novo casal em viagem de lua de mel à cidade histórica de Cachoeira, em visita ao poeta amigo Damario da Cruz, que vive os seus dias de Gólgota — na esperança de ressurreição ao terceiro dia.
Felizes e não enciumados, os filhos de Luciano comemoram e aproveitam para disciplinar o querido pai, nas periódicas visitas da namorada paterna ao ninho dos Serva Ferreira:
— Você vai arrumar seu quarto, não vai? Você vai comprar roupa nova de cama, não vai, meu pai?
Ainda falta, para celebrar o auspicioso enlace, afortunado poema de amor composto pelo poeta Fernando Quarador de Borboletas Coelho, zoonímico poeta amigo (… ver link abaixo).
Desfrute, amigo Luciano, o que o amor tem para lhe dar. É impossível ser feliz sozinho.
Almirante das Areias do Mar
O tornozelo de Luciano Ferreira
O quarador de borboletas
Pra não dizer que não falei de flores… e pássaros
Verão na Bahia
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