Política externa alemã opta por continuidade, sem abrir mão de um novo começo

Líder liberal Guido Westerwelle quer dar nova cara à política externa alemã
Após 11 anos na oposição, liberais voltam ao ministério do Exterior na Alemanha. Mas a política externa do país se mantém nos trilhos da continuidade, corporificada pela figura sólida da chanceler Angela Merkel.

O novo ministro alemão do Exterior atende pelo nome de Guido Westerwelle. Ele é líder do menor dos dois partidos formadores da coalizão que sustentará o segundo mandato de Angela Merkel: o Partido Liberal Democrático (FDP), durante 11 anos na oposição. As diretrizes da política externa e de segurança do país permanecerão as mesmas. Mas o contrato de coalizão do novo governo possui também algumas características novas.

“Na política externa, o que interessa não é a continuidade, mas sim que as coisas também possam ter um novo começo”, afirmou o ministro designado das Relações Exteriores Guido Westerwelle, durante a apresentação do contrato de coalizão.

Entretanto, na política externa é mesmo a continuidade que costuma dar as cartas. As bases estão mais estáveis do que nunca. A União Europeia e a Otan são as alianças mais importantes, relações estreitas com os EUA são indispensáveis, assim como uma boa cooperação com a Rússia. O contrato de coalizão ressalta a relação especial da Alemanha com Teerã, e anuncia que o novo governo se engajará “com ênfase” por uma solução de dois Estados soberanos – Israel e Palestina.

Resultado em aberto

Negociações para ingresso na União Europeia devem ser realizadas “deixando o resultado em aberto”. No caso específico da Turquia, não se deve partir de um “automatismo” quanto à filiação do país. O diálogo com a China deve ser intensificado, assim como as conversações com o Irã em torno da questão atômica. Se necessário, a Alemanha apoiará sanções mais duras contra o país.

O novo governo também vai querer dar o seu palpite, caso o Conselho de Segurança da ONU venha mesmo a ser reformado e ampliado. A preferência é por um assento conjunto europeu, embora um lugar permanente para a Alemanha no grêmio também seja uma meta desejável.

A política exterior dos governos anteriores também se pautou por opções similares. Não se esperam grandes surpresas, até porque, dentro do novo gabinete, Merkel representa a estabilidade na política externa alemã em pessoa. Entretanto, Guido Westerwelle tentará dar seu toque pessoal. Ele quer seguir os mesmos passos que garantiram o sucesso de outros ministros do Exterior de seu partido, como Hans-Dietrich Genscher. É sobretudo na política de segurança que o FDP introduziu novas noções no contrato de coalizão.

“Queremos que as últimas armas atômicas ainda estacionadas na Alemanha sejam retiradas e, por isso, conversaremos sobre o assunto também com nossos aliados”, afirma Guido Westerwelle, referindo-se às bombas atômicas norte-americanas guardadas na base aérea de Büchel, no oeste do país. Calculada em cerca de 20, elas formam parte do conceito de “participação nuclear”, proposto pela OTAN. Para essa retirada, Westerwelle poderia contar com a boa vontade de Barack Obama, já que o próprio presidente dos EUA é um defensor do desarmamento nuclear.

Pouca novidade quanto ao Afeganistão

O FDP poderia também conseguir que a participação da Marinha alemã na Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul) seja reduzida passo a passo “com a perspectiva de encerramento”, como consta do contrato de coalizão. Os liberais foram sempre contra o envio de soldados alemães ao Oriente Médio e sempre votaram no parlamento alemão contra o mandato da Finul. A eficiência da missão sempre foi controvertida entre especialistas.

Quanto ao tema Afeganistão, o contrato de coalizão tem pouca novidade. O novo governo quer continuar com a missão no Afeganistão sob o conhecido lema “segurança em rede”, e o contrato de coalizão não cita uma eventual retirada das tropas, nem a médio, nem a longo prazo. Além disso, o documento diz que o futuro da estratégia da força militar naquele país deve ser decidido por uma conferência internacional, da qual participaria o novo enviado especial para o Afeganistão.

Os partidos chegaram a um acordo prevendo o abreviamento do tempo do serviço militar obrigatório para homens, de nove para seis meses, a partir de 2011. Essa decisão pode indicar uma extinção gradual do serviço militar compulsório. O FDP era a favor da extinção, enquanto os democrata-cristãos queriam mantê-lo.

Especialistas duvidam que seis meses sejam suficientes para um treinamento sólido. O novo ministro da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, teve certamente que servir por um tempo sensivelmente mais longo, no início dos anos 90.

*Com informações de Deutsche Welle

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