Gazeta Mercantil, com quase 90 anos, deixa de circular a partir de segunda-feira

Está consumado, a Gazeta Mercantil deixará de circular pela primeira vez em quase 90 anos a partir de segunda-feira (01/06/2009). Permanecem no prédio da Vila Olímpia apenas cerca 15 jornalistas da Editora Peixes. Os trabalhadores da Gazeta (jornalistas, gráficos e administrativos) aceitaram nesta sexta-feira (29/5) a proposta de férias coletivas feita pela empresa, apesar de a medida não ter amparo legal (o Ministério do Trabalho teria de ser avisado com um mínimo de 15 dias de antecedência, com cópia para o Sindicato).

No comunicado de férias coletivas teria de constar ainda quais setores da empresa entrariam em férias e em que período. Além disso, os jornalistas teriam de ser pagos com no mínimo dois dias de antecedência e com abono de 1/3 do salário. Outra irregularidade: os PJs assinaram um texto suspendendo o trabalho na empresa, quando deveria ser o contrário, a empresa encerrando o trabalho com os funcionários.

Persistem os problemas de falta de pagamento do mês de maio, férias e FGTS. O Sindicato, que já havia entrado com ação no Ministério Público do Trabalho por outras irregularidades da Gazeta, vai procurar incluir mais estas no processo.

O certo é que os jornalistas da Gazeta (e da Editora Peixes, que também faz parte da CBM), vinham trabalhando em meio ao caos, com seguidas quebras de acordos, atrasos constantes de salários (e até de fornecedores de energia elétrica e da gráfica terceirizada) e agora encerram suas atividades, sem perspectivas e sem qualquer garantia que seus direitos serão efetivamente pagos.

Crise histórica

Várias tentativas de resolver a crise foram frustradas. O Sindicato realizou uma reunião no Rio com os diretores da CBM e foi dito que a empresa se responsabilizaria apenas pelas dívidas dos últimos cinco anos, quando deteve o licenciamento e uso da marca para publicação da Gazeta Mercantil.

Na quarta-feira (27/5) houve um encontro entre representantes de Nelson Tanure, da CBM (Cia. Brasileira de Multimídia), que edita o jornal, e Luiz Fernando Levy, ex-proprietário, no Rio, mas não se concretizou nenhum acordo. Tanure queria devolver o jornal a Levy dia 1º/6 porque a Justiça decidiu considerar a CBM sucessora da Gazeta Mercantil na quitação de passivos trabalhistas e também para dívidas tributárias, o que  pode ameaçar o patrimônio do empresário.

Também na quarta-feira houve o anúncio de que a Justiça penhorou ações de Tanure na Intelig para pagar dívidas trabalhistas de R$ 200 milhões da Gazeta. São mais de 300 ações em fase de execução, 178 advogados envolvidos em processos. A decisão da penhora partiu da 26ª Vara do Trabalho de São Paulo, mas cabe recurso. A ação foi movida pela empresa Problem Solver e a Associação dos Funcionários e Ex-Funcionários da Gazeta quando seus advogados ficaram sabendo que o empresário vendeu por R$ 650 milhões suas ações na Intelig para a TIM.

“A marca Gazeta Mercantil já está arrestada pela nossa associação de ex-funcionários, na Justiça, como garantia de pagamento da dívidas. O Tanure não é dono da marca”, afirma o jornalista Marcelo Moreira, presidente da Asfunprecre (Assoc. de Funcionários, ex-Funcionários, Prestadores de Serviços e Credores das Empresas do Grupo Gazeta Mercantil.

*Com informações do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo

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