EUA pedem libertação de jornalistas presos no exterior, mas detêm repórteres sem acusação no Iraque

Os militares dos Estados Unidos mantêm sob custódia no Iraque o cinegrafista da agência de notícias Reuters, Ibrahim Jassam, desde setembro de 2008, com a justificativa de que ele representa “uma grande ameaça para a segurança”, ainda que não tenham sido feitas acusações formais e um tribunal iraquianotenha exigido em novembro passado a libertação do jornalista por falta de provas, informa Liz Sly para o Los Angeles Times.

Sly destaca o fato de que o governo do presidente Barack Obama criticou duramente o Irã pela prisão da jornalista iraniana-americana Roxana Saberi, declarada culpada pelo crime de espionagem e condenada a oito anos de prisão antes que fosse colocada em liberdade há duas semanas. Na época, a secretária de Estado americana Hillary Clinton classificou o tratamento dado por Teerã à Saberi como “não transparente, imprevisível e arbitrário”.

Os Estados Unidos também pedem que a Coréia do Norte acelere o julgamento de duas jornalistas americanas acusadas de espionagem, mas Washington “tem utilizado sistematicamente as faculdades arbitrárias que assumiu depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 para prender, sem acusações, jornalistas no Iraque, assim como no Afeganistão e Paquistão”, escreve Sly, que cita o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Nenhum desses jornalistas detidos foram declarados culpados por qualquer acusação, minando a reputação dos Estados Unidos quando critica outros países sobre o cerceamento da liberdade de imprensa, acrescenta Sly, citando o diretor executivo do CPJ, Joel Simon. “Os Estados Unidos têm um histórico de deter jornalistas por longos períodos sem o devido processo e sem explicação”, declarou Simon. “Sua posição seria reforçada se abordasse o assunto”.

Em uma recente coluna no Salon.com, o advogado e especialista em direitos civis, Glen Greenwald, destacou que os meios de comunicação americanos deram muito mais atenção ao caso de Saberi do que ao de Jassam e outros jornalistas detidos pelos Estados Unidos sob suspeita de terrorismo, incluindoAbdul Ameer Younis Hussein, libertado em 2006 depois de um ano de detenção, e o cinegrafista da Al Jazeera Sami al-Hajj, colocado em liberdade em 2008 após seis anos de custódia.

“Deveria ser exatamente o contrário: a mídia americana deveria estar muito mais interessada em – e opor-se a – infrações à liberdade de imprensa do governo dos Estados Unidos do que de outros países”, afirmou Greenwald. No entanto, acrescenta, as ações de governos estrangeiros geram todo o tipo de crítica e discursos moralizantes por parte dos jornalistas americanos, que “de repente descobrem seu valente compromisso com a liberdade de imprensa desde que isso somente implique em apontar o dedo contra um governo estrangeiro odiado e satanizado”.

*Com informações de Dean Graber

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