Havana, Besame Mucho | Por Emiliano José

Emiliano José da Silva Filho é escritor, professor de comunicação e político.
Emiliano José da Silva Filho é escritor, professor de comunicação e político.

Havana. Faz frio. 1º de janeiro de 2008. Ano do cinqüentenário da Revolução Cubana. As ondas selvagens do Mar do Caribe jogam água no Malecon. Havana e suas ondas e seu frio evocam saudades. Envolvem o coração em lembranças de outros mares. A alma se distancia cada vez que o mar se confronta com a amurada, invadindo as ruas. Olho para a imensidão de mar, verde mar. Verde que te quero verde. Havana de Hemingway. De Martí. Havana de La Bodeguita Del Medio. De La Floridita. Do Lluvia de Oro. Havana Vieja. Poesia. Paixão.

Guantanamera, Guajira Guantanamera. Besame Mucho. Em Havana, não há chance de o coração repousar. Soy loco por ti América. Soy loco por ti. Loco por ti. Havana. Sierra Maestra. Tão distante e tão próxima. Nuestros sueños nas montanhas. Sonhos e lembranças que não cessam de ocupar a mente no frio de Havana.

A revolução de nossa juventude, Cuba. Fidel. Guevara. Camilo Cienfuegos. O passado sempre nos envolve. Ao passear por Havana, o coração aos pulos ao ouvir a voz suave que vem de longe, fazemos uma viagem no túnel do tempo. É final dos anos 50. E viagem ao passado tanto pela revolução, 1959, quanto por sua atmosfera física. Os carros que circulam pelas ruas da capital cubana nos fazem regressar aos anos 30, 40, 50. É como se o passado quisesse se comunicar conosco, com aqueles automóveis que chegamos a ver na infância.

Não há como negar: a Revolução Cubana foi, de todas as revoluções, a que mais nos encantou, envolveu, conquistou. A nós, os que queríamos mudar o mundo de um só golpe, com a tomada do poder. Ela chega agora à sua maturidade, aos cinqüenta anos. Fiquei feliz de reencontrar Jorge Ferreira, amigo, companheiro do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, responsável pela América. Buscou-nos, a mim e a Rui, no hotel, num Lada. Fico sensibilizado com a gentileza. E emocionado em ver como os dirigentes cubanos mantêm-se numa atitude espartana, zelosos de seus princípios.

Os dirigentes têm consciência das dificuldades. Não só as decorrentes do criminoso bloqueio econômico dos EUA, mas também as outras, conseqüência do excesso de proibições que vigoram em Cuba. O bloqueio, claro, limita em muito o desenvolvimento do país. Mas é inegável, e isso foi recentemente reconhecido por Raul Castro, irmão de Fidel, hoje a principal figura política de Cuba, que as restrições, as proibições limitam as possibilidades do povo cubano. Cuba não é um país rico, possui poucos recursos naturais, não tem uma estrutura produtiva forte, tem que importar a maioria dos produtos que consome, inclusive alimentos.

Li, na viagem de volta, de uma sentada, as mais de 800 páginas do livro de Ramonet, 100 horas com Fidel. Uma entrevista fantástica, uma obra preciosa para quem quiser conhecer a visão pessoal de um dos maiores homens do século XX. Torcemos para que toda a generosidade, a grandeza daquela revolução persistam. Desejamos que Cuba supere suas dificuldades. Que continue a animar nossos sonhos.

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